Trump no quixó de Kamala

setembro 15, 2024

Alex Medeiros – Jornalista e Escrito (@alexmedeiros1959) Texto escrito na Tribuna do Norte Nove entre dez veículos de imprensa nos EUA, Europa e Brasil apontam que a democrata Kamala Harris venceu o republicano Donald Trump no primeiro debate (provavelmente também o último) da atual campanha presidencial na sucessão de Joe Biden.

Alex Medeiros - Jornalista e Escrito (@alexmedeiros1959) Texto escrito na Tribuna do Norte

Nove entre dez veículos de imprensa nos EUA, Europa e Brasil apontam que a democrata Kamala Harris venceu o republicano Donald Trump no primeiro debate (provavelmente também o último) da atual campanha presidencial na sucessão de Joe Biden. O confronto foi transmitido ao vivo no Brasil pelos canais de TV Jovem Pan, Band News, Globo News, CNN e Record News, e foi uma alternativa aos muitos brasileiros que desistiram do jogo da seleção.

Durante 90 minutos de acusações mútuas, o único momento de cordialidade foi quando ambos adentraram ao palco e apertaram as mãos em cumprimento. E ali talvez tenha sido o primeiro grande erro de Trump, que ao longo do evento não conseguiu impor seu jogo verbal e emocional que causa embaraços nas contendas, como ocorreu com êxito em 27 de junho no debate entre ele e o atual presidente Biden. A black fake armou um quixó e o galego caiu direitinho.

O padrão no troca-troca de provocações foi o tempo quase todo com Kamala investindo na tática do rival, incitando-o a se prender em defensivas sobre sua conduta e sobre dificuldades de vender narrativas aos próprios seguidores.

Às vezes levantando o tom de voz – uma das características de quem se acua – noutras vezes balançando a cabeça em sinal de discordância, outro sinal que denuncia desvio na concentração do contra-ataque, Trump virava presa fácil.

Cada vez que o ex-presidente tentava inserir uma discussão com temas de pouco domínio da vice, ela metia críticas pessoais, acompanhadas de um sorriso irônico, e puxava ele para dentro da sua arapuca bem ao modo dele.

Se Trump ensaiava estabelecer uma discussão sobre a crise econômica dos EUA, apontando a coautoria de Harris ao lado de Biden, ela soltava farpas que pareciam ganchos em série no queixo que empurravam o rival para as cordas.

O grande azar do republicano foi quando não mediu o fator disparate do boato sobre hordas de migrantes haitianos devorando gatos, cães e patos na cidade de Springfield, no estado de Ohio. Quem o nocauteou foi um dos mediadores.

A partir daí a ironia se grudou ao riso de hiena da democrata, que passou a desferir golpes desconcertantes como ao dizer que nem os eleitores de Trump estavam mais aguentando seus comícios entediantes e suas falas exaustivas.

Kamala desmereceu o tamanho dos comícios do adversário, resgatou as críticas à conduta de Trump no episódio da invasão do Capitólio e explorou o caso de ex-assessores dele que se tornaram críticos assumidos na campanha.

Ele tentava emplacar um debate de cunho político e administrativo – para explorar o desgaste da Casa Branca com ela e Biden – mas Kamala repetia as provocações e o tirava do sério, como ele mesmo fez com Hilary e Joe Biden.

Na manhã seguinte, com jornais, TVs e sites exibindo a vantagem de Kamala nas pesquisas, veio a pá de cal com a superestrela Taylor Swift declarando voto na democrata nas suas redes com milhões de apaixonados seguidores.

O bom desempenho no debate tem sido um elemento favorável ao vencedor desde John Kennedy contra Richard Nixon, em 1960. Mas não é garantia de vitória nas urnas. Quando se elegeu, Trump perdeu para Hilary por mais de 3 milhões de votos. O que vale agora é a apuração de novembro.

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