Tiü França; Ato isolado ou imaginário coletivo?
Por Lilia Moritz Schwarcz, antropóloga, historiadora , professora da USP e de Princenton.
Por Lilia Moritz Schwarcz, antropóloga, historiadora , professora da USP e de Princenton.
Duas explosões, uma em frente ao STF (Superior Tribunal Federal) e outra próxima à Câmara dos Deputados, estouraram no início da noite desta quarta-feira (13).
Bombeiros confirmaram que o homem que se explodiu na praça dos Três Poderes, em Brasília, e que detonou o próprio carro a cerca de 300 metros da Esplanada dos Ministérios, foi candidato a vereador pelo PL em Santa Catarina e esteve no STF (Supremo Tribunal Federal) em agosto.
Seu nome é Francisco Wanderley Luiz. Ele tinha 59 anos, trabalhava como chaveiro e disputou a eleição com o nome de urna Tiü França, em Rio do Sul (SC), mas não foi eleito.
Antes de morrer, publicou uma série de mensagens sobre o ataque, misturando declarações de cunho político e religioso.
Francisco também mantinha um perfil no X onde publicava uma série de vídeos, alguns com cunho religioso, outros com músicas internacionais antigas, e um vídeo de Donald Trump.
Ao morrer, o suspeito usava roupas com possível alusão à fantasia do personagem Coringa. Ele vestia uma calça e um terno de mesma estampa com os naipes de cartas de baralho, com o fundo de cor verde-escuro e, ao lado do corpo, foi encontrado um chapéu branco.
Em uma das postagens, ele diz que a Polícia Federal teria “72 horas” para “desarmar a bomba” e cita o endereço de políticos e autoridades. Em outra, menciona o dia 13 de novembro, e refere a um “grande acontecimento”.
Francisco também postou uma foto no plenário do Supremo Tribunal Federal com os dizeres: “deixaram a raposa entrar no galinheiro”.
Há quem diga que se trata de ato isolado.
Fisicamente pode até ser; moralmente não.
Se levarmos em conta a filiação do agressor, suas ideias políticas e as dos grupos que admira fica evidente o que a incitação ao ódio, ao golpe de estado e a política de armar a população podem produzir.
Todo pensamento radical traz a violência como matriz e consequência.
Menos um sem noção perturbando no brasil!👋🏾