Qual a cidade que queremos?

outubro 4, 2024

GEORGE CÂMARA – Ex-vereador de Natal As eleições municipais de 2024 são uma oportunidade para refletir sobre a desigualdade urbana e escolher quem defende o direito à cidade para todos, não só para uma minoria Por que a realidade do espaço em que vivemos não corresponde àquilo que sonhamos? Por que em alguns locais da […].

GEORGE CÂMARA - Ex-vereador de Natal

As eleições municipais de 2024 são uma oportunidade para refletir sobre a desigualdade urbana e escolher quem defende o direito à cidade para todos, não só para uma minoria

Por que a realidade do espaço em que vivemos não corresponde àquilo que sonhamos? Por que em alguns locais da cidade se tem uma melhor infraestrutura e maior acesso aos serviços públicos e às oportunidades, ao tempo em que na maioria de seus bairros tais direitos são negados?

Os problemas presentes nas cidades e metrópoles, tais como pobreza, desigualdade e exclusão social, segregação espacial, degradação ambiental, serviços precários, desemprego e violência urbana, entre outros, atingem de forma muito mais acentuada a ampla maioria da população, que é a grande parcela mais pobre.

Nota-se na cidade que o melhor asfalto, a melhor iluminação, a mais bela arborização, a melhor qualidade dos serviços oferecidos à população, obedecem, em geral, a uma visível seletividade: localizam-se nos bairros mais elitizados, onde mora a minoria que detém maior poder econômico. É a cidade da riqueza e da abundância.

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Por óbvio, na outra parte da cidade, onde mora a população mais carente e necessitada, encontram-se os piores serviços, a escuridão, a sujeira e o abandono. Ruas esburacadas, escolas sem a estrutura adequada, unidades de saúde desaparelhadas. É caracterizada pela negação do acesso a serviços e equipamentos públicos em condições de dignidade humana: a cidade da pobreza e da carência.

No lado rico da cidade, os cuidados com as pessoas são maiores. Tudo – ou quase tudo – funciona bem. O tempo de deslocamento para o acesso ao trabalho e aos serviços essenciais é bem mais reduzido, as condições de segurança pública e de conforto são inquestionáveis e o meio ambiente é mais saudável. Não falta água potável nas residências e a coleta de lixo é regular.

O mesmo não acontece no lado pobre da cidade. O deslocamento para o trabalho leva horas, tanto na ida quanto na volta, transitando em transportes precários, com frotas envelhecidas e sobre vias mal cuidadas. É um verdadeiro inferno, como se as pessoas não merecessem ser bem cuidadas. A segurança pública não é a mesma. Falta água e a coleta do lixo não é regular, o que acaba provocando e propagando variadas doenças.

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Tais diferenças chamam a atenção por toda a parte. Quando uma pessoa é abordada, na universidade ou no shopping center, é comum ouvir a pergunta: em que bairro você mora? A depender da resposta – se em um bairro estruturado, no centro ou na periferia da cidade – poderá receber olhares diferentes.

Essas disparidades não dependem do modelo de cidade onde moramos, nem tampouco de sua configuração territorial ou do desenho de seus bairros. Antes disso, são efeitos do modelo de sociedade em que vivemos. A exclusão social, ainda que encontre muitas vezes no desenho urbano a reprodução e o agravamento dessas mazelas, tem origem na verdade numa sociedade marcada pela exploração social, que gera pobreza e desigualdades.

Em ano de eleições municipais – como agora, em 2024 – podemos debater os graves problemas existentes e as propostas para enfrentá-los, bem como as alianças com os setores da sociedade mais comprometidos com o DIREITO À CIDADE, conforme estabelece a Constituição Federal, que considera dever do poder público cuidar do bem-estar de seus habitantes.

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É preciso saber de que lado está cada candidato ou candidata, tanto ao executivo quanto ao legislativo: se defende a cidade para uma minoria rica – ainda que usando o disfarce da demagogia para enganar o eleitorado – ou se está do lado da cidade para o conjunto das pessoas, sobretudo as mais necessitadas.

Esse é um julgamento que cabe, principalmente, às pessoas mais interessadas no assunto: sua excelência, o (a) eleitor (a). Boa escolha!

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