OS CABARÉS EM MIPIBU
Cristóvão Cavalcante – Mipibuense radicalizado no Rio de Janeiro/RJ Não sou historiador, escritor e muito menos jornalista.
Cristóvão Cavalcante - Mipibuense radicalizado no Rio de Janeiro/RJ
Não sou historiador, escritor e muito menos jornalista. Apenas, relato casos verídicos, ocorridos em São José de Mipibu, dos quais participei e presenciei. Todos relatos são verdadeiros, sem ficção.
Nas décadas, anteriores a de 1950, existia em Mipibu, na Rua Capitão Joaquim Dantas (rua do Bradesco) o "Café da Noite" , um cabaré de ambiente refinado, frequentado por "medalhões" conhecidos, também, por "Coronéis" da cidade.
Quando chegava uma garota novata, vinda de outra cidade e até mesmo de outro Estado, os coronéis, senhores de engenho e àqueles com destaque financeiro, mesmo casados, frequentavam a casa dos refinados prazeres.
Como na época, não havia, ainda meios de comunicação, tipo telefone, era usado um mensageiro, que levava um bilhete, ao interessado, informando que no Café da Noite,havia chegado "carne nova".
O mensageiro saia e sorrateiro (que faz as coisas escondido) entregava o bilhete ao destinatário e aguardando a resposta que, geralmente, confirmava com, o horário preestabelecido.
Naquela época, residia na cidade a cafetina Maria Carmozinda, conhecida, popularmente por "Maria Cu de Ferro". A "casa de recurso" , ficava localizada, na periferia da cidade, no Bairro da Felicidade, onde hoje é o Estádio do Arsenal. Essa mulher aliciava jovens meninas que mantinha em sua residência. Como as concorrentes: enviava um mensageiro com um bilhete, avisando, que tinha gente nova no "alçapão". O "predador" chegava, no horário marcado e com promessas vantajosas para jovem, que "caia na lábia" (cheio de astúcia e artifícios para persuadir e convencer alguém) e iniciava sua vida na prostituição.
Logo depois, surgem outros cabarés na cidade, como o "Tora" - Cabaré de João Mané, este, localizado na Rua de 'Zé da Silva', que dava acesso à BR 101.
O Cabaré de João Mané era mais popular. Todos eram bem-vindos e muito animado, com forró pé-de-serra. No final do ano, o "Tora" promovia festas e apresentação do pastoril. Os Cabarés de Zefa Bezerra e Lela Corcino, eram mais discretos, por funcionar nas residências, de ambas.
Havia um cabaré, conhecido por "Casa de Noca", na esquina do Abrigo dos Idosos. Noca era uma senhora idosa, que atendia os clientes. Na sua casinha, recebia casais, que iam se divertir na velha cama de vara (cama rústica feita de tábuas ou pedaços de madeira frágeis, improvisados). Noca, Corina e Izabel Fateira, todas elas, atendiam seus clientes, em suas casas.
Nana Davino tinha um cabaré, próximo à Casa de Noca. Eram rivais e disputavam a concorrência. Noca tinha fama de ser "feiticeira". Diziam, na época, que ela fez um feitiço para Nana, fazendo com que ela viesse a enlouquecer.
Depois de 1970, eis que o artista Hélio Cavalcanti, que havia ganhado fama no Rio de Janeiro, retorna a sua terra natal e abre um restaurante e, constrói uns quartos que usava como motel rotativo, para atender a casais.
Algum tempo depois, Corina montou um cabaré, em Parnamirim, na margem da BR-101, para atender os caminhoneiros que pernoitavam nos postos de gasolina, para seguir viagem, no dia seguinte.
Além dos cabarés, dos quais já comentamos, algumas mulheres faziam programas de maneira isoladas, marcando o programa direto com o cliente.
Havia as mulheres, que à noite, andavam com uma esteira debaixo do braço. Essas coitadas, atendiam dentro do Sitio Aberto. Forravam o chão com a esteira e, debaixo das inúmeras mangueiras que havia no local, atendia a clientela, sem ter que pagar a 'hospedagem', por isso, jocosamente, era chamado de "Hotel das Estrelas".
Lembro do nome de algumas mulheres, que exibiam seus charmes na feira livre, aos sábado e a noite atendiam os interessados em busca de sexo: Zefa Tôco, Zefa Bezerra, Lela, Zefa Índio, Zefa Rato, Maria Tôrres, Maria Sá, Geralda Gorda, Do Céu, Mariinha, Dezinha, Jucineide, Zabé Goianinha, Compensado, Maria Miranda, Tonha Coqueiro, Lambreta, Deda Calemba, Tá Inchado...
O tempo mudou, as mocinhas de programa, mudaram seus nomes e seguiram outros caminhos pisaram. Algumas arranjaram um casamento, outras viajaram com gringos e formaram famílias, estando atualmente, na Bélgica, Alemanha, Hungria, Eslováquia...
Êta Mipibu! Exportou mulheres pra todo lugar.