O TRABALHO DIGNIFICA O HOMEM
Nadja Lira – Jornalista • Pedagoga • Filósofa Quando eu era criança lá em Baixa-Verde, minha cidade de origem, sempre ouvia a minha avó, Dona Nenê comentar, que quando uma pessoa lembra muito do passado, significa que está ficando velha.
Nadja Lira – Jornalista • Pedagoga • Filósofa
Quando eu era criança lá em Baixa-Verde, minha cidade de origem, sempre ouvia a minha avó, Dona Nenê comentar, que quando uma pessoa lembra muito do passado, significa que está ficando velha. Acho que estou chegando neste estágio, porque ultimamente tenho lembrado em demasia de coisas, situações, fatos e histórias vividas.
Lembro-me, por exemplo, que na minha meninice, a palavra droga era apenas uma gíria usada para designar uma coisa ruim.
O próprio dicionário da Língua Portuguesa define droga como sendo “qualquer coisa que não é digna de crédito; falsidade, inverdade, mentira”. O dicionário ainda afirma que a droga “é uma substância alucinógena, entorpecente, cujo uso, além de alterar o humor e o comportamento, pode levar o indivíduo à dependência e à tolerância”. Eu, assim como meus contemporâneos, jamais nos preocupamos com os variados significados de tal palavra, porque estes já estavam muito bem definidos para nós.
Aquele era um tempo em que nós tínhamos apenas uma preocupação: estudar e tirar boas notas, porque, apesar de jovens, tínhamos consciência de que somente através dos estudos poderíamos conquistar nossos objetivos. Sair-se mal em uma prova era verdadeira tragédia.
Quem não pertencia à uma família abastada, precisava começar a trabalhar cedo. Assim, os jovens trabalhavam durante o dia e estudavam à noite. Foi desta forma que eu e a maioria dos meus amigos iniciamos nossas carreiras profissionais: trabalhando durante o dia e estudando à noite.
Eram tempos difíceis e diferentemente de hoje, não havia leis proibindo que menores de idade trabalhassem. Penso que é por esta razão que as pessoas da minha geração não seguiram a rota da marginalidade, jamais experimentamos as viagens oferecidas pelas drogas e ninguém tem ódio dos pais.
Todos tinham um pensamento voltado para o seu crescimento pessoal, o que só seria conquistado através de muito esforço. Logo, ninguém reclamava pelo fato de ter que estudar e trabalhar.
Minha Carteira Profissional foi assinada quando eu contava com 15 anos de idade. Aos 16, tornei-me chefe do escritório de uma loja, mas isto era algo visto com muita naturalidade. Hoje, vejo com espanto, um homem de 30 anos se considerar adolescente e viver às custas da aposentadoria da mãe, sem que isto lhe cause qualquer constrangimento.
Nenhuma das pessoas da minha geração se envolveu com negócios ilícitos, por uma única razão: embora jovens, precisavam trabalhar. E cada um escolheu uma profissão digna, que lhes permite passar um bom exemplo aos seus filhos e netos.
Quando um jovem daquela época desejava possuir alguma coisa que via na televisão ou nos anúncios das revistas da moda, pensava: vou trabalhar para conseguir um igual. Hoje, quando um jovem vê alguma coisa que deseja, é capaz de roubar e até matar para obter aquilo que almeja.
No meu ponto de vista isto ocorre em parte, devido à esta lei que impede jovens de trabalhar. Não trabalham, tampouco estudam e, portanto, sobra-lhes muito tempo para desperdiçar praticando atos espúrios e prejudiciais ao seu desenvolvimento pessoal.
Ao mesmo tempo em que menores de idade são proibidos de trabalhar, têm permissão para votar, matar, roubar, estuprar, enfim, cometer todas as atrocidades possíveis, sem experimentar a mão dura da lei. Considero um absurdo, um sujeito com 17 anos, 11 meses e 29 dias ser considerado “criança”.
Trabalhar em qualquer idade não tira pedaço de ninguém. Mas falo de um trabalho onde seja possível conciliar o horário de estudo e adequado à estrutura física do indivíduo. Afinal, desde meus tempos de criança escuto a afirmação de que o “trabalho dignifica o homem”. E o que nos faz dignos de elogios, é tudo aquilo que somos capazes de produzir.
Muito bem elaborado, foi a mais pura realidade, quando éramos crianças.
Eu prefiro: o caráter dignifica o homem.
Em relação ao texto as diferenças de época são gigantescas. Tivemos a sorte de viver num tempo em que as amizades eram mais fraternas, embora possa afirmar que ainda hoje possam existir esse sentimento. Em certo modo a rebeldia dos anos 60 contribuíram para o aparecimento e crescimento do que vemos hoje. São muitos fatores e avanços. Fico por aqui, é muito pano pra manga…🤣