Nietzsche: QUANDO O HOMEM SE TORNA SUA PRÓPRIA DIVINDADE

fevereiro 9, 2025

Nadja Lira – Jornalista • Pedagoga • Filósofa O filósofo alemão Friedrich Nietzsche não era homem para conformar-se com as convenções de sua época.

Nadja Lira – Jornalista • Pedagoga • Filósofa

O filósofo alemão Friedrich Nietzsche não era homem para conformar-se com as convenções de sua época. Ele queria romper com tudo que limitava o potencial humano, oprimia o espírito e, principalmente, apegava-se ao que ele via como uma “mortalidade espiritual” através das velhas doutrinas religiosas. E foi com esse espírito rebelde que ele escreveu sua famosa máxima: “Deus está morto”. Mas o que ele queria dizer com isso não era uma afirmação literal, mas uma constatação filosófica.

Nietzsche não estava falando da morte de uma figura religiosa qualquer, mas da morte de um conceito. Deus, para ele, representava a força que impunha valores absolutos e imutáveis, valores que, na sua visão, limitavam a liberdade humana. A crença em Deus, com seu peso moral, tornava o homem dependente de algo exterior, algo além de si mesmo. E quando esse Deus “morre”, ele não nos deixa órfãos, mas nos força a assumir a responsabilidade por nossas próprias vidas. Sem as muletas da moral cristã, o homem precisa se reinventar.

Foi assim que Nietzsche vislumbrou o conceito do Super-Homem. Mais do que uma figura sobre-humana ou um ser de força física extrema, o Super-Homem é aquele que se liberta da moralidade tradicional, que cria seus próprios valores e encontra seu propósito sem recorrer ao auxílio de um ser superior. O Super-Homem, para Nietzsche, não é um líder ou um herói no sentido clássico, mas um indivíduo que vive sem medo da solidão, sem o peso da moral herdada e sem a ilusão de um propósito pré-determinado.

A morte de Deus e o nascimento do Super-Homem são dois lados da mesma moeda. A “morte” da moral religiosa não é um fim, mas o começo de uma nova era: uma era em que o homem pode finalmente olhar para o espelho e perguntar: “O que eu quero ser? O que eu posso ser?” Sem Deus, ele não está mais preso a uma narrativa externa sobre o que é certo ou errado. Ele é livre para escrever sua própria história como bem quiser e entender.

O problema, no entanto, é que muitos, diante desse abismo de liberdade, não sabem como se comportar. Nietzsche previu que, sem Deus, o homem poderia cair em uma espécie de nihilismo, um vácuo sem sentido. Sem valores universais, o mundo poderia parecer vazio, uma grande tela em branco onde tudo é relativo e tudo é permitido. A tentação de se afundar no caos seria imensa. Mas é justamente nesse ponto que o Super-Homem se diferencia. Ao invés de se render ao nihilismo, ele aceita a responsabilidade da liberdade e a abraça com todas as suas forças, criando uma vida rica e plena, longe da apatia e da resignação.

E o que significa isso, na prática, para o homem moderno? Se Nietzsche nos deixou um legado, foi o de que precisamos ser mais ousados. Mais do que ter fé em uma divindade, precisamos ter fé em nós mesmos e em nossa capacidade de moldar o mundo ao nosso redor. Precisamos aprender a ser o próprio Deus de nossa existência, com a diferença de que, nesse caso, somos imperfeitos, frágeis e humanos. Portanto, estamos fadados ao erro, vez por outra.

Nietzsche não nos oferece um manual para a felicidade, mas nos desafia a viver com mais coragem. A morte de Deus, em seu pensamento, não é um lamento, mas uma libertação. E o Super-Homem, ao contrário de ser um herói distante e inalcançável, é um ideal que mora dentro de cada um de nós — se tivermos coragem de buscá-lo.

O maior desafio, portanto, não está em conquistar o mundo, mas em conquistar a si mesmo. Porque, se Deus morreu, o homem deve agora encontrar novas maneiras de transcender. O Super-Homem, no fim das contas, não é um homem que se eleva acima dos outros, mas aquele que se eleva além de suas próprias limitações. E esse é um caminho sem fim.

PS. Texto escrito em homenagem ao meu amigo de infância, Carlos Soares – também conhecido como "Carlinho de Bi".

Uma resposta para “Nietzsche: QUANDO O HOMEM SE TORNA SUA PRÓPRIA DIVINDADE”

  1. Carlinho de Bi disse:

    Ô amiga! Muito obrigado.
    1:55 da segunda feira, foi que abri a postagem do nossso querido Dedé “O Alerta”. Eu lendo e lembrando de nosso 1o contato sobre Nietzsche. Chegando ao PS, me derreti todo. Bj amiga.