MUNDO MODERNO

novembro 20, 2022

Nadja Lira – Jornalista • Pedagoga • Filósofa O mundo está bastante evoluído.

Nadja Lira – Jornalista • Pedagoga • Filósofa

O mundo está bastante evoluído. Na atualidade é inegável que a vida se tornou mais fácil do que no passado. Lembro-me de que nasci em uma cidade do interior norte-rio-grandense, onde não havia médico permanente, diferentemente de hoje, onde sobram médicos para o atendimento popular. O grande problema é que eles, depois de formados, não querem trabalhar no interior. Também me lembro de que havia grande dificuldade para se estudar, uma vez que não havia professores tampouco faculdades para atender aos alunos interessados em aprender.

Hoje, os governos disponibilizam ônibus para pegar os estudantes nas proximidades de suas casas, doam livros, fardamento, merenda e, em alguns casos, auxílio monetário e mesmo assim, uma boa parte dos alunos não querem estudar. É claro que tudo isto é bancado com recursos oriundos dos impostos pagos pelos cidadãos brasileiros. Porém, essas facilidades não existiam no passado.

A forma de comunicação também tem contribuído para facilitar a vida das pessoas. Hoje é possível conversar em tempo real com um amigo, independentemente do lugar onde ele se encontra, o que era completamente impossível de ocorrer na década de 60. Nessa época, as pessoas se comunicavam através de cartas, que demoravam uma eternidade para chegar aos destinos.

Chamada de vídeo, que a maioria usa para se comunicar. Permite chamada individual ou em grupo

Viajar também se tornou mais fácil. Especialmente as viagens de avião, as quais uma significativa parcela da população não tinha acesso, principalmente, por causa do preço das passagens. Mas isso é realmente coisa do passado. E quem não oferece boas condições de viagens são as empresas aéreas: elas cobram caro e oferecem um serviço ruim demais.

As viagens de avião no passado eram cheias de glamour. Havia espaço suficiente no interior das aeronaves, não havia limite de bagagens e verdadeiros banquetes regados a vinhos finos e uísque eram oferecidos aos passageiros. Hoje as empresas se limitam a oferecer água e palito aos viajantes.

Na atualidade contamos com uma série de facilidades, que não se via no passado. Fartura de água e energia que chega aos lugares mais distantes, num simples estalar de dedos é uma delas. A casa da minha avó era iluminada por lampiões abastecidos com querosene, enquanto a água utilizada para o banho e para lavar roupas vinha do açude Grande, hoje transformado em ponto turístico na cidade de Baixa-Verde, lugar onde passei minha infância.

Hoje, quando as crianças nascem, já é possível realizar-se uma série de exames para detectar e tratar as possíveis doenças que ela possa vir a ter no futuro. E mais: o avanço da ciência permite que os pais possam escolher a cor dos olhos e dos cabelos do bebê. Em muitos casos, a medicina pode realizar uma cirurgia, enquanto o bebê ainda se desenvolve no útero materno.

Como se vê, o mundo evoluiu bastante. Os homens conquistaram a Lua, conforme afirma a NASA, e segue conquistando outros planetas, ao ponto de imaginar que no futuro, os seres humanos possam viver nestes outros planetas. Para isto divulgam que já descobriram água em Marte.

Quando eu era criança, meus primos e seus amigos construíam seus próprios brinquedos. Uma lata de óleo vazia, ou uma lata de sardinha, tudo era transformado em um carrinho, por exemplo. A criatividade daqueles meninos não tinha limites. Eles produziam seus próprios patinetes, patins e outros brinquedos semelhantes.

As crianças de hoje não fazem nada, ou melhor, podem encontrar todos os brinquedos desejados nas lojas de qualquer shopping. Enquanto isso, eles perdem seu tempo com os olhos vidrados na tela de um celular, um tablete ou um computador.

Esta geração nutela não conhece o prazer de tomar banho na chuva, assim como não sabe o prazer de brincar de bandeirinha, subir nas árvores para colher as frutas e saboreá-las ali mesmo. A onda no mundo atual é brincar com videogame.

É inegável o progresso que impera no mundo moderno. A única coisa que não muda é a maldade incrustrada no ser humano. O homem consegue evoluir no conhecimento, mas utiliza este saber para destruir seu semelhante. A guerra é um exemplo claro disto. Para mim, não pode haver coisa mais estúpida do que uma guerra. Quantas pessoas são mortas num conflito destes e muitas vezes nem sabem as razões pelas quais morrem.

Foto: Aris Messinis / AFP

A tecnologia tem facilitado enormemente a vida das pessoas, enquanto um ser humano é capaz de planejar a morte de outro, sem razão nenhuma para a prática de tal ato. Muitas vezes apenas por inveja do sucesso do outro.

Jamais se ouviu dizer que um elefante, um tigre ou mesmo um jumento, ficou escondido atrás de uma árvore ou de um lugar qualquer, para matar um semelhante seu. Os animas matam única e exclusivamente com o intuito de se alimentar. Mas fazem isto sem desequilibrar o meio ambiente. Contudo, quando o homem moderno cheio de saber decide matar um bicho, a desgraça está feita e o animal escolhido por ele para morrer, logo entra em extinção.

O mundo globalizado se transformou em uma ilha e hoje existe facilidade para tudo o que se quiser realizar. Pena é ver que o homem civilizado utiliza seu conhecimento para o mal. Para a destruição da natureza. Para matar seu semelhante. Portanto, considero muito pertinente a frase cunhada por Roberto Carlos em uma das suas músicas: “Eu queria ser civilizado como os animais”.

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