A SELEÇÃO DE 1970

junho 29, 2025

Ivan Maciel de Andrade – Procurador de Justiça aposentado do Ministério Público do Rio Grande do Norte, escritor e professor aposentado da UFRN Qual a melhor seleção brasileira de futebol de todos os tempos? A de 1958, a de 1970 ou a de 1982? Há um consenso de que a escolha deve recair sobre uma […].

Seleção Brasileira na Copa de 70 - Foto: Tribuna do Paraná

Ivan Maciel de Andrade - Procurador de Justiça aposentado do Ministério Público do Rio Grande do Norte, escritor e professor aposentado da UFRN

Qual a melhor seleção brasileira de futebol de todos os tempos? A de 1958, a de 1970 ou a de 1982? Há um consenso de que a escolha deve recair sobre uma dessas três. Fomos campeões do mundo pela primeira vez em 1958. Havia nessa seleção jogadores excepcionais: os geniais Garrincha e Pelé, Nilton Santos, Djalma Santos, Zito, Bellini, Vavá, Zagallo. Na verdade, quase todo o time era formado por craques. Mas a de 1970 tinha seis jogadores com uma qualidade técnica tão primorosa que até hoje não parece ter sido sequer igualada por qualquer outra seleção brasileira ou estrangeira: Carlos Alberto, Gerson, Clodoaldo, Tostão, Pelé e Rivellino. Sem falar em Jairzinho, Piazza e Paulo César Caju (um extraordinário reserva).

No entanto, é preciso reconhecer que muitos preferem a seleção de 1982 (treinada pelo fabuloso Telê Santana) que contava com Júnior, Cerezo, Falcão, Sócrates e Zico, entre outros jogadores fenomenais. É verdade que a de 1982 não conquistou a Copa do Mundo. Mas isso não prejudica seu grande, merecido renome. Lembremo-nos que a seleção húngara de 1954 – que também não chegou ao título mundial – é considerada uma das mais perfeitas seleções de toda a história do futebol: Czibor, Kocsis, Hidegkuti, Bozsik, Puskás, Gusztáv Sebes.

No livro “Guia politicamente incorreto do futebol” (Leya, 2014), de Jones Rossi e Leandro Mendes Júnior, os autores sustentam enfaticamente o ponto de vista de que: “Não existe na história do futebol (e não apenas do nosso futebol) melhor time que a seleção brasileira campeã da Copa do Mundo de 70. Nenhuma seleção reuniu tantos craques, fez tantas jogadas geniais e atuou tão bem quanto ela”.

E aduzem que “talvez a metáfora que melhor descreva a seleção brasileira campeã mundial em 1970 tenha sido a do escritor inglês Nick Hornby em seu livro ‘Febre de bola’. O Brasil era, compara ele, como um carro de James Bond, que atira mísseis, dispara assentos ejetáveis e solta paraquedas”. E dizem ainda: “Se o futebol teve um apogeu, foi no dia 21 de junho de 1970, aos 41 minutos do segundo tempo”: o gol do Brasil de Carlos Alberto na goleada de 4 a 1 sobre a Itália.

Na verdade, embora a seleção de 70 tenha sido organizada inicialmente – e de forma fundamental – pelo jornalista João Saldanha, foi Zagallo, que o substituiu em março de 1970, quem conseguiu “arrumar espaço” para os “cinco camisas 10”: Pelé, Rivellino, Jairzinho, Tostão e Gérson. Entendia a crônica esportiva que esses craques, por terem características parecidas (sobretudo Pelé e Tostão, Gérson e Rivellino), não tinham condições de jogar juntos.

Escrevendo em 2005, Tostão destaca o papel importante desempenhado pelo corajoso e independente Saldanha – que se declarava comunista em plena ditadura militar – mas ressalva que, “dos treinadores que teve, Zagallo foi o único que sabia e treinava os detalhes táticos”. E voltando ao assunto em 2011, Tostão enaltece ainda mais Zagallo: “Como técnico e jogador, estava à frente de seu tempo”. O trabalho feito por Saldanha foi complementado por Zagallo. E isso contribuiu decisivamente para o que foi a seleção de 70. Mas acima de técnicos e táticas estava o insuperável talento dos jogadores integrantes dessa seleção.

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