Cristovão Ferreira Cavalcante (Mipibuense radicado no Rio de Janeiro)

A Base Aérea de Natal, tem 80 anos. Antes, desde 1927, havia o campo de pouso de Parnamirim. Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o que era, apenas um areal, ganhou pista de pouso, que passou a ser usada pelos Estados Unidos, durante a guerra.

Ao chegarem em solo potiguar, os americanos, construíram uma espécie de 'hotel', na Lagoa do Bonfim, transformando em uma área de lazer para os militares americanos que, em seguida, partiriam para o front da guerra. A "Ponta dos Americanos", como passou a ser conhecida, era uma espaço restrito aos militares americanos. Os nativos não podiam entrar naquela área se segurança dos EUA.

A lagoa do Bonfim, maior lagoa do estado do Rio Grande do Norte, situa-se a sul de Natal, tem uma área do espelho d'água de 9 km² e uma capacidade de acumulação de 83 milhões de m³, é o maior reservatório da região litorânea oriental do Estado do Rio Grande do Norte, integrando um sistema lacustre formado por seis lagoas, sendo as outras cinco menores (Redonda, Urubu, Boa Água, Ferreira Grande e Carcará).

Os aviões  Catalinha (anfíbios), vinham da Rampa, em Natal (atualmente um Museu), utilizada na época, como base de hidroaviões pela Marinha dos Estados Unidos e, pousavam na Lagoa do Bonfim. Os soldados americanos pulavam dos anfíbios no meio da lagoa . Sem ter ideia da profundidade, alguns morreram.

A lagoa, que já tinha a fama de uma "cobra, que engolia as pessoas", acendeu mais a lenda. Alguns deles morriam afogados, porque as águas da lagoa é mais pesada do que as águas do mar.

Na década de quarenta e início de cinquenta, se via aviões anfíbios, amerrissando na lagoa.

Em São José de Mipibu, um filho do 'seu' Badú Tomé, de nome João Pedro Tomé. Tinha transtorno mental mas, era um ótimo nadador. Nadava sempre na Lagoa do Bonfim. Atravessava à nado, da Ponta das Negas para o Clube dos Caçadores e, algumas vezes, se aventurava a ir mais distante, da Ponta de Zé Ricardo, que fica depois da Ponta dos Americanos.

Certo dia tinha um avião Catalina encontrava-se pousado na lagoa. Ao se preparar para levantar voo, João Pedro agarrou-se a fuselagem inferior do avião. Quando já tinha alcançado uma boa altura, João não aguentou a pressão e se soltou. Tamanha foi a queda nas água profundas da lagoa, que as pessoas que presenciaram a queda, acreditavam que ele havia sobrevivido. Pouco tempo, surge João e nadou até a Ponta das Nêgas. Quando chegou estava ainda mais perturbado, motivado pela descompressão ao cair na água. A família de João Pedro Tomé,  reside atualmente, na rua Emídio Gomes, vizinho ao antigo clube PA, do saudoso Senhor Jaime. 

Já residindo no Rio de Janeiro, entre os anos de 2000 a 2010, fiquei sempre visitando a terrinha. Percorria por barco e por ultraleve. Era hóspede de Lourival Bezerra Cavalcanti, meu amigo e compadre, que tem uma bela granja na Ponta Funda. Pescava na lagoa, Tucunaré de dia e, Traíra, se pescava à noite. No final de semana era uma farra, juntando amigos de São José de Mipibu. Feijoada, moqueca de peixe, uma delícia.

Lourival, construía e consertava ultraleves prestando assistência técnica (mecânica) e, quando concluía o serviço, ia experimentar eu ia de carona com ele. Era um tanto perigoso, mais eu adorava.

Curti muito aquela época. Era bom demais. Hoje, a criminalidade expulsou parte do pessoal, que tem granja naquela região, principalmente, no lado da Ponta Funda e da Boágua.