Nadja Lira – Jornalista • Pedagoga • Filósofa

O aparelho telefônico celular é hoje um dos objetos mais importantes na vida das pessoas, e muitas delas são capazes de cometer verdadeiras loucuras para não ficar sem o seu. É inegável que o celular facilitou a forma de comunicação a longa distância, contribuindo para aproximar amigos e familiares. Por outro lado, o uso excessivo do aparelho, especialmente por crianças, já começa a preocupar especialistas, devido à dependência que ele provoca.

Ao mesmo tempo em que aproxima as pessoas distantes, o celular tem o dom afastar as que estão próximas. Afinal, não é raro ver-se um grupo de amigos reunidos sem conversar, já que todos estão mais interessados em olhar suas mensagens e interagir com os amigos do mundo virtual.

Não é demais lembrar que a chegada do celular retirou uma infinidade de objetos de circulação. Dentre muitos podemos citar o telefone fixo, que hoje as novas gerações sequer conhecem, a agenda de contatos, a lanterna, a bússola, os gravadores de voz, as calculadoras, tradutores de idiomas e as máquinas fotográficas.

Aliás, chega a ser surpreendente a qualidade das fotografias feitas por alguns aparelhos celulares, uma vez podem captar uma imagem sem granulação e em um ângulo semelhante ao de uma lente olho de peixe. Relógios, temporizadores, despertadores, mapas, GPS, rádios e guias de cidades, tudo isto pode ser encontrado nos aparelhos celulares.

Mas não é apenas isto. Com um simples aparelho celular, a pessoa ainda pode evitar sair de casa para efetuar seus pagamentos. Isto porque, com um simples toque, pode-se, na comodidade do seu lar, realizar qualquer procedimento bancário que desejar: pagamentos, transferências e verificação de saldo, tudo pode ser feito de casa, sem a necessidade de enfrentar o trânsito caótico das grandes cidades e nem as filas dos bancos ou casas lotéricas.

Os trabalhos escolares que tanto eu como os meus contemporâneos fazíamos na biblioteca das escolas pesquisando enciclopédias, hoje podem ser realizados facilmente na tela de um mísero aparelho celular.

Ler notícias publicadas nos principais jornais e revistas do mundo e ter acesso às redes sociais, são outras facilidades oferecidas pelos aparelhos celulares, que a cada dia se tornam mais sofisticados e capazes de atender às todas as necessidades de seus usuários.

Depois de um dia cansativo de trabalho, a pessoa não deseja sair para comer fora, então recorre ao seu celular para pedir seu jantar através do serviço de entrega, o qual dispõe de uma variedade de lanchonetes e restaurantes, oferecendo comidas para todos os gostos. Quer ir ao cinema? Não saia antes de consultar a programação do dia oferecida por seu cinema preferido. Para isto, basta um toque no celular. Está sem disposição para sair, ora, ora, acesse o canal de filmes do seu celular.

É inegável que o aparelho celular provocou uma verdadeira revolução na vida das pessoas. Há algumas décadas, perder uma agenda seria uma tragédia na vida de qualquer ser humano. Hoje, uma das maiores tragédias humanas é sem sombra de dúvidas o celular descarregar e a pessoas não estar com o carregador. Porém, nenhuma tragédia pode ser pior do que a criatura ter seu celular roubado, conforme aconteceu com a professora Mayra, minha colega de trabalho.

LOUCURA QUE SE FAZ PELO CELULAR – Mayra viajou para São Paulo acompanhando uma tia, que havia residido na cidade e queria rever os amigos, bem como visitar os museus e antigos restaurantes que frequentava.

Depois de vários passeios e visitas, as duas decidiram fazer compras na 25 de março. Este seria o lugar ideal para comprar lembrancinhas para as amigas potiguares. Passaram uma manhã inteira andando nas lojas, tomando o cuidado para não serem assaltadas, já que a região é reconhecida também pela quantidade de trombadinhas que atuam por lá.

Feitas as compras, chamaram um Uber para retornar ao hotel. Devidamente acomodadas no interior do veículo, Mayra sacou seu Smartphone de última geração, para manter contato com seus amigos e familiares.

É importante destacar, que o Celular de Mayra custou uma grana preta e era nele, onde estava toda a sua vida pessoal – seus contatos, fotos importantes, agenda de compromissos, assim como toda a sua vida financeira – conta nos bancos, pagamentos agendados, enfim, tudo relacionado ao mundo dos negócios.

Ela ficou tão distraída olhando suas mensagens e nem percebeu que deixara a janela do carro aberta. Também não percebeu quando repentinamente, um jovem pedalando uma bicicleta se aproximou do veículo e, num movimento brusco tomou seu celular e partiu em desabalada carreira.

Ela não contou conversa. Correu atrás do sujeito e o derrubou da bicicleta. Mas, ele foi mais rápido e continuou a correr, distanciando-se, enquanto ela gritava: “Moço, pelo amor de Deus, devolva meu celular e leve minha bolsa. Aqui tem dinheiro!” O ladrão nem ouviu suas últimas palavras, porque já estava longe.

Chorando desesperada pela perda do seu bem mais precioso, ela não ficou a se lamentar por muito tempo: pegou a bicicleta do ladrão e passou a anunciar sua venda, ali mesmo na 25 de março. Conseguiu vender a dita cuja por R$ 1.600,00 e assim pagou a primeira prestação do novo Smartphone que adquiriu em São Paulo. Somente depois que a família começou a receber chamadas de seu antigo número pedindo dinheiro, foi que ela se deu conta do perigo ao qual esteve exposta correndo atrás do bandido. E você, seria capaz de correr algum perigo por causa do seu celular?