Gargalheiras: antes da sangria… forró, acampamento e festa de aniversário
Anthony Medeiros | Especial para Agência SAIBA MAIS Enquanto o Açude Gargalheiras, em Acari, não sangra, a espera pelo evento, que não ocorre há 13 anos, segue sendo o assunto principal do Seridó.
Anthony Medeiros | Especial para Agência SAIBA MAIS
Enquanto o Açude Gargalheiras, em Acari, não sangra, a espera pelo evento, que não ocorre há 13 anos, segue sendo o assunto principal do Seridó. Centenas de pessoas frequentam o local, promovendo uma verdadeira festa com direito a música ao vivo, acampamento e, até, aniversário.
As amigas Andressa Pontes e Fátima Muniz, colegas de igreja, foram até o local na noite de terça-feira (3) por acreditar que o transbordo ocorreria na data do aniversário de ambas, o que acabou não se confirmando. “Viver essa espera é muito especial. Nós sabemos como nossa região depende do Gargalheiras e ver ele cheio novamente é reconfortante. Não tem lugar melhor pra comemorar a dádiva da vida”, afirma Fátima, uma das aniversariantes.
A festa, com direito a bolo enfeitado e velinhas, ocorreu da mesma forma. Mas este não foi o único evento da noite de vigília. Dezenas de pessoas passaram a noite no local aguardando a sangria. Grupos de amigos festejavam essa espera em torno de caixas de som e ao redor de artistas locais que levaram instrumentos como zabumba, triângulo e sanfona. A festa estava montada.
“Não podia deixar de comparecer. Estou vindo desde domingo e todo dia a festa aumenta”, afirmou o influenciador digital Wellington Douglas, que percorre pouco mais de 30 km entre Currais Novos e o Povoado Gargalheiras para acompanhar a espera pela sangria.
O movimento não parou um só momento, com dezenas de pessoas escolhendo pernoitar no local em barracas, redes e até sacos de dormir. O fluxo de pessoas voltou a crescer a partir das 4h, com a chegada dos moradores locais e até de outras cidades que apostavam na sangria nesse período.
Quando confirmada, essa será a 30ª vez que o manancial registra o seu transbordo. Inaugurado no fim dos anos 50, o Gargalheiras sangrou pela última vez em 2011. De lá para cá, o reservatório enfrentou crises hídricas severas, com o colapso completo decretado em 2015, ficando com menos de 1% de sua capacidade.
O aumento repentino no nível do Gargalheiras foi impulsionado pelas chuvas recentes que banharam o estado, somado à contribuição da sangria do Açude Dourado, em Currais Novos, que direcionou parte de suas águas para o açude de Acari.
Em apenas um mês, a capacidade passou de 4,98% para a sangria completa, demonstrando um rápido crescimento do manancial.
A barragem está localizada entre as serras do Abreu e Gargalheira, e tem capacidade para armazenar cerca de 44 milhões de metros cúbicos de água.