Furacão Loiro Taylor

agosto 20, 2023

Alex Medeiros – Jornalista e Escritor @alexmedeiros1959 – Publicada na Tribuna do Norte Um gatinho branco de olhinhos azuis e orelhinhas negras caminha compassadamente pisando nas teclas de um piano.

Alex Medeiros - Jornalista e Escritor @alexmedeiros1959 - Publicada na Tribuna do Norte

Um gatinho branco de olhinhos azuis e orelhinhas negras caminha compassadamente pisando nas teclas de um piano. Os dedos de uma gata que executa acordes ali agarram o bichano e o carregam para seu colo. A gata é a cantora Taylor Swift, e a cena faz parte da abertura do documentário “Miss Americana”, produzido pela Netflix em 2020 para mostrar que é a artista e o que é o fenômeno pop da indústria musical em que ela se transformou.

Miss Americana Foto: Netiflix

Talento reconhecido e badalado muito cedo, ainda menina de 12 anos começou a se destacar cantando o hino dos EUA em eventos escolares e esportivos, e logo já estava cantando canções autorais no gênero country. Não demorou para conseguir atenção das gravadoras Sony e Machine Records, gravando os primeiros discos em 2004 e 2005, aos 15 anos. Os prêmios surgiram a partir dos 16, e aos 17 superou uma jovem chamada Beyoncé.

Neste dia, aliás uma noite, a surpresa do prematuro troféu foi interrompida por outra surpresa de desagradável efeito: um tal de Kanye West tomou-lhe o microfone e em protesto fez um deselegante discurso em favor da Beyoncé.

Óbvio que aquilo bateu duro no emocional da menina, mas ela seguiu em frente e já em 2006 ganhou fama internacional com o primeiro álbum, “Taylor Swift”, e em 2008 o disco Fearless seria o country mais premiado da história.

O escroto gesto de West estimulou as patrulhas quando as músicas de Swift trocaram de endereço, mudando do country para o pop. Foram dias difíceis, de críticas na mídia e desaforos nas redes sociais. Mas ela venceu tudo e todos.

O espírito vencedor de quem ganhava concurso de karaokê aos 10 anos e tocava violão com autoridade aos 12, a levou longe. Como bater um recorde que pertenceu aos Beatles por 54 anos, liderando as paradas com 3 discos.

Com os álbuns “Fearless”, “Folkore” e “Evermore”, ficou em primeiro lugar por 259 dias seguidos, uma marca espantosa se comparada com os 364 dias que os Beatles lideraram com os icônicos LPs “Help”, “Rubber Soul” e “Revolver”.

Os álbuns “Fearless”, “Folkore” e “Evermore”

Não à toa o mítico compositor Billy Joel disse um dia que “Taylor Swift é produtiva, enorme, é os Beatles da nova geração”. E ela mesma, como a confirmar isso, declarou antes que “o futuro da música é uma história de amor".

E agora, enquanto o mundo vive a emoção da sua nova turnê – inclusive muitos brasileiros não tiveram paciência de esperar sua chegada e anteciparam ingressos na Argentina – a cantora vai virar disciplina universitária.

Na “Universidad de Gante”, na Bélgica, uma professora vai usar Taylor Swift como motivo para estudar grandes autores da literatura num curso intitulado “Literature: Taylor's Version”, ou seja, a literatura numa versão Taylor Swift.

E na grade do novo curso de literatura inglesa, estarão obras de Geoffrey Chaucer, Charlotte Brontë e William Shakespeare. Imaginem falar desse trio nas mesmas aulas em que se fala de Taylor Swift? Nem Bob Dylan conseguiu.

Taylor Swift Foto: Variety

A professora revelou à imprensa belga que nunca recebeu tantos e-mails de alunos interessados e indagando como fazer o curso”. E não é só isso: há também muita gente de fora da universidade que quer se inscrever no curso.

Segundo a idealizadora, nas letras compostas por Swift é possível ver diálogos com textos de Sylvia Plath e também detectar coisas abordadas por William Shakespeare. Ela diz parecer loucura, mas de fato há boa literatura no furacão pop americano.

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