Do dinheiro manuscrito ao pix
Walter Medeiros A evolução tecnológica provoca mudanças de tal forma, que, em muitos casos, ficamos de queixo caído ao lembrar situações que vivemos, presenciamos, participamos, as quais são algo muito estranho e bizarro para os que nasceram há menos tempo.
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Walter Medeiros
A evolução tecnológica provoca mudanças de tal forma, que, em muitos casos, ficamos de queixo caído ao lembrar situações que vivemos, presenciamos, participamos, as quais são algo muito estranho e bizarro para os que nasceram há menos tempo. Desses tempos, tenho algumas lembranças que, acredito, podem valer a pena descrever, por recordação ou por exemplo aos que não as conheceram.
A primeira recordação forte, de participação societária, vem de uma cooperativa de crédito que funcionava em um primeiro andar da rua Amaro Barreto, próximo à rua Presidente Quaresma, onde meu avô entregava algum dinheiro mensalmente, e, certamente, recebia alguma renda. Quando tive o primeiro dinheiro a poupar, fui para o mesmo lugar. Era uma caderneta pequena, onde anotavam os valores depositados, os rendimentos e o que estava disponível. Tudo feito à mão.
Até meados dos anos setenta – aqui, falo tão somente da experiência própria – haviam relações de trabalho cujos salários eram pagos diretamente, em dinheiro. Na Rádio Cabugi, por exemplo, havia um vale nas sextas-feiras, liberado conforme o caixa, e organizado de forma equilibrada pelo Diretor, Dr. José Gobat Alves. Era um adiantamento semanal, para quem desejava e precisava, e no final do mês recebíamos os contracheques e saldo.
Somente depois de assumir outro emprego, na Escola Técnica Federal, passei a ter experiência com banco, abrindo a minha primeira conta no Banco do Brasil da Av. Presidente Bandeira. O banco nos entregava gordos talões de cheques, com os quais pagávamos contas, e aprendemos também a usar os populares pré-datados. Além de outras experiências, como a corrida para emitir uma contraordem, caso perdesse um dos cheques, ou um deles caísse em mãos indesejadas.
Todas essas experiências eram vivenciadas em meio a imensas filas, ambientes de calor e desconforto, sem assentos, cobertos com nuvens de fumaça de cigarros, pois fumava-se em todos os lugares. Filas para pagar contas de telefone, água, luz, casa própria e outras despesas, bem como para solicitar segundas vias de faturas, ou para comprar gás no depósito das Rocas, tudo numa imensa perda de tempo, que resultava em cansaço, aborrecimento ou resignação.
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A modernização começou com a disseminação do cartão de crédito, que era usado para pagar despesas, mas através da impressão com papel carbono e assinatura de cada pagamento. Algo muito estranho, para os dias atuais. Para viajar, os bancos emitiam uns cheques de turismo, uma ordem bancária que tinha de ser trocada em bancos ou casas de câmbio. Bem diferente dos dias atuais, onde se encontra o chamado dinheiro automático em todos os lugares bem movimentados.
A partir dos anos noventa do século passado, felizmente, essa movimentação passou por mudanças impressionantes, com as maquininhas de pagamento com cartões de crédito, as transferências de dinheiro por computador e outros meios, e há um bom tempo pelo celular, que inclui até a recente forma de transferir denominada de pix.
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Aquelas situações vivenciadas em épocas anteriores à informática soam meio engraçadas, estranhas, mas eram, na verdade, meio penosas. Ainda bem que vieram esses tempos novos, e essas facilidades que, conforme costumam registrar aqui e mundo afora, os brasileiros conseguem se adaptar muito bem, com imensa facilidade. A parte ruim, ao que parece, é que muita gente não aprendeu, não sabe, não consegue, nem se sabe até quando assim será, nem mesmo escrever o nome em manuscrito.