Das festas multicoloridas de Acari
Jeanne Araujo – Professora e Membro na empresa da Academia Cearamirinense de Letras e Artes – ACLA Começou a festa de Nossa Senhora da Guia, em Acari.
Jeanne Araujo - Professora e Membro na empresa da Academia Cearamirinense de Letras e Artes – ACLA
Começou a festa de Nossa Senhora da Guia, em Acari. Das lembranças que trago da minha infância, essa se sobressai sempre que chega o mês de agosto. Mês em que se comemora a festa da padroeira, Nossa Senhora, filha diletíssima de Sant’Ana.
Sempre íamos a todas as novenas. Mamãe nos carregava, a mim e a meus irmãos menores, todos bem arrumados, eu e minha irmã sempre com um vestido igual (só mudava as cores) e meu irmão meio desleixado porque sempre desensacava a camisa do calção. Minha irmã mais nova sempre com tiara no cabelo, ou laços. Eu, nunca gostei.
Assistíamos a novena do lado direito da matriz, ali, na última porta que dá acesso ao lado do altar. Ficávamos sentadinhos ali, debaixo da gruta de Nossa Senhora de Lourdes e bem ao lado de Jesus morto. Eu tinha medo demais. Sentava de costas pra ele. Tinha pesadelos a noite. O motivo? Jesus usava uma peruca de cabelos de verdade. Pelo menos eu pensava que era de verdade. Morria de medo. Queria sair de lá, sentar em outro lugar, mas bastava mamãe nos olhar com aquele olhar que só ela tinha e eu voltava a me sentar novamente. Que aflição aquela imagem me dava!
Respirava aliviada quando a novena terminava e apressávamos o passo para ver os fogos e a banda de música tocando os dobrados na frente da matriz. Era uma festa muito bonita e ainda é.
Tinha girândolas, algodão doce, maçã do amor. O parque e o sorvete da praça. Tinha a roda gigante onde as crianças menos abastadas ficavam esperando o rapaz responsável colocá-las de graça, nós éramos ainda muito pequenos, mas quando mais crescidos passamos por isso também. Até tínhamos dinheiro para pagar, mas o bom mesmo era ir de graça.
Tinha as “voltas” na praça. Rapazes oferecendo músicas para as moças da cidade pela difusora. Balões e brinquedos espalhados pelas calçadas. Muitas luzes. Nós podíamos dar uma “volta” em apenas um brinquedo por noite, o que já era muito.
Tomávamos sorvete enquanto papai e mamãe faziam uma fezinha no bingo e depois íamos cansados para casa, mas muito felizes.
O sono era embalado pelo burburinho da festa na rua que continuava noite adentro...
Como fomos abençoados por esta infância multicolorida!!!