Uma ode aos românticos incuráveis
Bruna Torres – Jornalista e autora Precisamos falar mais sobre o amor, sobre os emocionados, os últimos românticos.

Bruna Torres - Jornalista e autora
Precisamos falar mais sobre o amor, sobre os emocionados, os últimos românticos. Pensei sobre isso quando meu cantor favorito, Louis Tomlinson, postou uma foto com uma camiseta "Hopeless Romantic", que na tradução literal significa romântico incurável. Afinal, qual grupo é esse? Os que hoje são tidos como emocionados? Que mandam bilhetes, chocolates, agradinhos, que se mostram dispostos, disponíveis... São eles intensos demais ou carentes? E o que significa essa carência dentro de um mundo que não para por um minuto sequer?

Precisamos falar mais sobre os amores da vida, até mesmo os que não deram certo, pois como Armandinho bem disse em sua canção "Outra Vida" e reforçou em um show, "só temos essa vida, não há outra, até então".
Eu sou uma dessas pessoas emocionadas nas paixões e nas amizades, escrevo cartinhas, mando música, dou presentinhos, isso funciona como um ato de serviço para mim, uma forma de mostrar que me importo, que estou ali.

Quando recebo isso de volta é ainda mais legal, é aquele abraço quentinho da amizade, que te lembra a reciprocidade, o carinho, o conforto de um lar que nos ciclos da vida podem ser temporários, mas sempre estarão de portas abertas para nossa chegada.
Uma ode aos românticos incuráveis, que dançam na chuva ao som de Timidez, da banda Cavalo de Pau, que deitam num peito quentinho depois do trabalho e escutam sua canção favorita pensando que nenhuma batida é igual ao som arrebatador do coração da pessoa que ela ou ele escolheu amar.
Uma ode aos que são românticos incuráveis mesmo com todos os desafios e mágoas da vida, que abrem o peito e seguem à risca suas próprias vontades e coragens, apesar do anseio de sangrar mais uma vez.
Identifico-me como uma dessas pessoas que não se encontra duas vezes na vida. Todo momento que eu vivo com alguém é único e particular. Não sei amar pouco, derramo cada gota do meu afeto até que estejamos os dois embriagados. Não sei lidar com o tédio, com a falta de resposta, falta de reciprocidade.
Se eu quero tudo de você, aproveite, eu não sou de querer muito de qualquer pessoa que não valha a pena investir. Sejam assim com as pessoas que os cercam e trabalhem duro para se tornarem essa pessoa para você mesmo(a).
Os corações dos românticos incuráveis são pedras preciosas já lapidadas e polidas, que resistem ao espaço-tempo que tenta nos moldar em pedras brutas; encobrir, não sentir, não deixar saber. Isso é autopreservação? Medo? Insegurança?

Ah, claro, tenhamos um pé na maturidade para compreender que nem todos são como nós, temos nosso próprio tempo, feridas e formas de nos derramar, enquanto alguns são enchentes, outros ainda estão deixando a torneira pingar, gota por gota.
Eu só espero um dia que possamos encontrar pessoas que também estejam nos buscando. Pessoas que sonham com o momento que irão receber e entregar tudo que seus corações tanto guardam e anseiam receber de volta.
Que seja uma troca justa, nem precisa ser em outra vida, Armadinho, temos recomeços lindos à nossa espera, mesmo que às vezes tenhamos desistido, no fundo, o romântico incurável sempre vai ouvir a voz de seu alento ao afirmar: Você é a resposta da oração de alguém. Ou, até mesmo ressaltar: Um dia, você irá encontrar alguém que também estava te esperando – uma vida inteira.
Com carinho, deixo aqui um pequeno registro de quando voltei de viagem e meus colegas de trabalho, de forma singela, demonstraram que sentiram minha falta da forma que eu costumo fazer: enchendo todo mundo de comidinha e bilhetes.

