Uma Deusa, um Santo Festeiro e a Tradição Ancestral de Pindorama: a origem da maior festa popular do Brasil
Por Rômulo Sckaff – Publicado no Portal Saiba Mais Junho chegou e, com ele, aroma do milho cozido, colorido das bandeirolas a alegria contagiante que transforma cidades inteiras em palcos de celebração.

Por Rômulo Sckaff - Publicado no Portal Saiba Mais
Junho chegou e, com ele, aroma do milho cozido, colorido das bandeirolas a alegria contagiante que transforma cidades inteiras em palcos de celebração.
A festa que movimenta milhões de brasileiros todos os anos, é mais do que uma comemoração: é um encontro entre o sagrado, o ancestral e o popular.
A origem dessa celebração remonta à Antiguidade. No hemisfério norte, o mês de junho homenageava Juno, Deusa romana da fertilidade, do casamento e da proteção familiar. Era ela quem abençoava os lares e presidia o solstício de verão, entre os dias 21 e 23 marcando o início de um novo ciclo de fartura.
Com o tempo, a tradição pagã se entrelaçou ao calendário cristão. No dia 24 de junho, celebra-se São João Batista, aquele que batizou Cristo nas águas do rio Jordão. Conhecido como o “santo festeiro”, João é símbolo de alegria, renovação e coragem e sua história também é marcada pela resistência. Sua decapitação, a pedido de Salomé, transformou-o em mártir da fé e da verdade.
Mas para entender o a festa junina brasileiro, é preciso atravessar o Atlântico e chegar a Pindorama, nome ancestral do Brasil antes da colonização europeia. Muito antes das festas cristãs, os povos indígenas já celebravam o milho, alimento sagrado e símbolo de abundância. Plantado nas chuvas de março, o milho era colhido justamente em junho, sendo base de rituais, agradecimentos e partilhas comunitárias.
É da mistura dessas três forças: A mitologia romana, a fé cristã e a sabedoria indígena que nasce a essência dessa festa junina nordestino. Uma festa de raízes profundas, que une tradição, resistência cultural e celebração da vida.
E quando o calendário anuncia junho, o Nordeste se transforma. Cidades inteiras brilham ao som do Baião, do Xote, da Quadrilha, do Forró, do Piseiro, do Coco e até do forró “pé de serra”. É dança, é poesia, é comunidade.
Mais do que uma festa, a festa junina é um espetáculo de identidade, memória e pertencimento. Uma celebração que transforma fé em fogueira, suor em dança, e o milho, sempre ele, em símbolo de um povo que, apesar de tantas adversidades, nunca deixa de sorrir.
