THALITA: A MENINA DOS MEUS OLHOS

julho 6, 2025

Nadja Lira – Jornalista • Pedagoga • Filósofa Era uma vez uma espera.

Nadja Lira – Jornalista • Pedagoga • Filósofa

Era uma vez uma espera. Daquelas que duram uma eternidade e, ao mesmo tempo, passam num piscar de olhos. A espera por Thalita - a nossa Thalita - que chegou para preencher todos os vazios que nem sabíamos que existiam. Quando ela nasceu, o mundo ganhou novas cores, novas texturas, e um ritmo diferente… mais suave, mais leve, mais doce.

Ela foi a primeira de tudo: primeira filha, primeira neta, primeira sobrinha. E foi, desde o primeiro choro, o centro de um universo inteiro feito de amor. Foi muito mimada, mas não no sentido comum da palavra. Mimada de afeto, de olhares que brilham só de vê-la passar, de abraços que não precisam de razão. Mimada de cuidados, de palavras doces, de silêncios cúmplices.

E eu, a tia, mas não qualquer tia. Uma tia pra lá de coruja, cheia de cuidados e carinho. Afinal, eu fui abençoada com a missão de vê-la crescer de perto. Fui eu a levei para tomar todas as vacinas que um bebê precisa e também fui eu quem acompanhou sua mãe nas visitas mensais ao Pediatra, porque seu pai trabalhava longe. Fui testemunha ocular e responsável pelo registro de suas primeiras palavras e lembro-me muito bem da minha ansiedade para ouvi-la pronunciar “titia”.

Lembro dos meus livros, com páginas arrancadas pelas mãozinhas inquietas daquela criaturinha curiosa. Eu fingia ficar brava, claro. Mas como sustentar qualquer reclamação quando ela me olhava com aqueles olhos que pareciam duas janelas abertas para o céu e dizia, com aquele jeitinho só dela: “Te amo, titia”.

Thalita cresceu dançando, surfando as ondas da vida com graça, força e coragem. Subindo ao palco como bailarina, vestindo um quimono como guerreira e encarando o mar como quem sabe que a vida é feita de equilíbrio e entrega. Hoje, é uma arquiteta de sonhos, moldando o concreto com a mesma leveza com que, quando criança, desenhava mundos nas paredes da alma da gente.

Também lembro das manhãs preguiçosas em que ela vinha se enroscar no meu colo pedindo para levá-la a praia. Eram momentos nossos, feitos de fantasia e verdade, em que o tempo parecia parar só para nos ouvir sorrir. Cada um daqueles dias mora em mim com um carinho silencioso, como uma fotografia guardada no coração.

Houve também as vezes em que ela chorava suas frustrações infantis, tombos na bicicleta, conflitos com os próprios sentimentos. E ali estava eu, com meus abraços desajeitados, tentando curar o mundo com chocolate e palavras de consolo. Porque ser tia é isso: estar presente, mesmo quando a gente não tem todas as respostas, mas tem todo o amor.

Agora, quando a vejo vestida com tanta elegância, com pranchetas nas mãos e sonhos na cabeça, fico em silêncio observando. Ela cresceu. E cresceu linda, inteira, determinada. Mas dentro dela ainda mora a menininha que dançava pela casa, que me chamava com aquele tom doce e puxava minha mão como se fosse o próprio fio do destino nos unindo para sempre.

E, como é bom saber que, mesmo com o tempo, o laço não se desfez. Que entre compromissos e responsabilidades, ela ainda encontra espaço para um carinho, uma lembrança, uma visita só para dizer: “Te amo, titia”. Porque amor assim não envelhece. Só cresce e floresce dentro da gente.

Thalita hoje é uma mulher adulta, casada e profissional bem sucedida. Para mim, continua a ser a mesma menininha esperada com profunda ansiedade e cujo nascimento encheu nossa família de alegria. Ela continua sendo a menina dos meus olhos.

2 respostas para “THALITA: A MENINA DOS MEUS OLHOS”

  1. Carlim d'Bee disse:

    Mais uma vez parabenizá-la, amiga. Quanto amor envolvido nessa crônica. Marejei…

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