Carnaval em São José de Mipibu nas décadas de 50 e 60

Cristovão Ferreira Cavalcante – Mipibuense radicado no Rio de Janeiro/RJ Carnaval nas décadas de 50 e 60, em São José de Mipibu, tinha lança-perfume, talcos, além de confete e serpentina.

Cristovão Ferreira Cavalcante - Mipibuense radicado no Rio de Janeiro/RJ

Carnaval nas décadas de 50 e 60, em São José de Mipibu, tinha lança-perfume, talcos, além de confete e serpentina. O  salão da Associação Esportiva Mipibuense promovia as matinês para criançada e, a noite o baile para os jovens e coroas.

Havia um pequeno baile carnavalesco, a pensão de dona Maria Tomé, onde hoje funciona uma academia, na rua Cônego Lustosa ( lado da Igreja Matriz). Esse baile, tinha início, à tarde e se estendia até 22h.

Também, tinha o baile do Clube do 'Zé  Bezerra', onde era o PA, além do baile de 'seu João Naval', na Rodagem(hoje rua Moizaniel de Carvalho) bem depois, de onde é a Central do Cidadão.

O carnaval começava, no sábado a partir da meia noite, com a figura do Zé Pereira (criador do carnaval), batendo um bombo. Aí iniciava o festejo carnavalesco.

Senhoras da sociedade mipibuense

No domingo era o carnaval propriamente dito, com o Bloco dos Mascarados (papangus), onde os participante do bloco, utilizavam fantasias e máscaras para não serem reconhecidos, nem pelos familiares. Esses bloco desfilava pela manhã, até às 14h. À tarde, vinham para o centro da cidade, o  Bloco das Nêgas Baianas, Bloco do Pau-Furado, Coco de Roda, Bloco das Baianas de 'Dona Maria Naval' (mãe de Valdir Naval, além da Escola de Samba "Os Corsários do Samba", que depois mudou o nome para "Malandros do Samba" (fundada por Valdir Naval) e as Tribos de Índios.

Corsários do Samba - Foto: Acervo Valdir Naval
Valdir Naval na Escola de Samba Malandros do Samba - Foto: Acervo Valdir Naval

Nos três dias de carnaval, os blocos carnavalescos se concentravam no largo da Igreja, com a Praça Desembargador Celso Sales. Geralmente, na segunda-feira, alguns blocos se apresentavam em cidades vizinhas, como: Nísia Floresta, Brejinho, Monte Alegre, Goianinha, Arêz e até  Canguaretama.

O encerramento do carnaval de rua, a principal atração era esperado por todos, como um show e espetáculo cênico: a morte do caçador, que mais cedo, era aprisionado pelos índios e toda a tribo se reunia em torno dele para ver a morte do caçador. Encerrado o carnaval de rua, às 22h iniciavam os bailes nos clubes.

Graciliano, o pagé, da Tribo de índios Tupi Guarany

Em 1962, fui com Zé Corcino ensaiar no bloco de Dona Maria Naval,  foi a partir desse carnaval que o marceneiro Zé Corcino se revelou um tremendo carnavalesco de São José de Mipibu. Inspirado no bloco Capió, um boneco gigante, representando a cachaça Capió, Corcino criou a boneca gigante "A Gabriela".

A Gabriela, de Zé Corcino - Foto acervo: Alexandre Freire

No ano de 1969, eu e um grupo de amigos, entre eles, Antônio Fagundes, José Amâncio e Chico de 'Seu' Padre, ambos (in memória), fundamos uma Escola  de Samba Junkare's, para concorrer com a Escola de Samba Malandros do Samba,  onde o Mestre de Bateria, dessa última era Valdir Naval e o nosso o era Manoelito Medeiros (irmão de  Moacir Medeiros). Foi a primeira e única vez, que desfilamos no carnaval de 1970.

Valdir Cabral (in memoria) em um dos últimos carnavais

Era uma rivalidade sadia, sem intrigas. Respeitávamos a Escola de Valdir Naval,  por ser mais antiga e com mais experiência. Mesmo assim foi dura a competição. Nesse mesmo ano, viajei de férias para o Rio de Janeiro, só retornando próximo do carnaval. Os comentários na terrinha é que eu teria ido para o a capital carioca, me especializar numa grande escola de samba do Rio de Janeiro. Isso amedrontou os concorrentes, criando uma guerra de nervo e tiramos um sarro com os concorrentes da Escola de Samba Junkare's. Hoje, seria dito que os comentários eram uma Fake news, pois nem sambar eu sabia

A Escola de Samba Junkare's se desfez, quando alguns componentes, inclusive eu, tivemos que migrar para outros estados, em busca de trabalho. O importante que ficou na história e em nossas lembranças esse último carnaval que brinquei em São José de Mipibu.

Lembro do último baile de carnaval que participei na Associação Esportiva Mipibuense: o baile tocava a marcha "Máscara Negra" e "Bandeira Branca", de composição de Zé Kete, na voz da maravilhosa de Dalva de Oliveira.

São José de Mipibu era conhecida, nas cidades próximas e, até na capital, como uma cidade festeira, como animados Carnavais, Festas Juninas, Festa dos Padroeiros, Festa do Natal e Passagem do Ano. Mipibu em matéria de festas, era sempre diferenciada da demais cidades próximas.

Foto Ilustração

Ainda hoje, quando escuto essas duas marchas ranchos,  me arrepio, porque passa um filme na minha mente. Foi muito bom, tudo maravilhoso. Saudades da minha juventude em Mipibu, dos carnavais, das festas juninas, das festas de finais de ano, que não saem da minha mente.

3 respostas para “Carnaval em São José de Mipibu nas décadas de 50 e 60”

  1. Catraca! Perfeito!
    Obrigado Dedé.kkkk

  2. Amauri Freire disse:

    Parabéns, Cristóvão!
    Excelente retrospectiva do que foi o carnaval mipibuense.
    Por ser mais novo que vc não vivenciei tudo isso.
    Não sabia, por exemplo, da existência da escola Junkare’s.
    Se puder depois me informe de onde surgiu esse nome.
    Um abraço,
    Amauri Freire.

  3. Amauri esse nome da Escola de Samba, quem deu o nome foi Antônio da Silva, filho de Seu Zé da Silva. Dizem ser Juventude em Alemão, não tenho certeza.
    Esse bloco tipo Escola de Samba, fundamos no ano de 1969 e desfilou no carnaval de 1970.Foi muito legal. Exatamente como relatei. Abraços