Tadeu Oliveira - Jornalista e escritor

Lá em Macau (RN), cresci ouvindo falar que peixe bom era o da “barraca”. Peixe bom era aquele que o pescador gostava de comer. E isso faz sentido, quem é bom pescador deve conhecer a qualidade e o sabor do seu produto. 

Mesmo sendo profissional de alto mar, o pecador de antigamente das terras salineiras fazia opção por um produto de águas mansas: a Carapeba.  

Isso não é conversa de pescador, quem conhece os caminhos da maré de Macau, sabe que o melhor peixe é a Carapeba. Sim, pescado na barraca.

Eu não tenho certeza que a Carapeba se buscava na barraca, ou se isso é mais uma 'conversa de pescador. Sabe-se que o pescador antes de voltar para casa comemorava a boa produção semanal saboreando o peixe que era tratado ainda com a água da maré e acompanhada de uma boa pinga.  

Chamam-se de barracas algumas casas que ficavam numa área de trabalho para produção de sal marinho, junto as comportas de separação das águas para preparação do sal - locais que os salineiros ficavam durante jornada de trabalho.

Para chegar à barraca havia trapiche no meio do caminho. Então algumas pessoas, profissionais ou não, aproveitavam para pescar na localidade.  Na correnteza da maré passava cardume, presa fácil para pesca de rede ou de tarrafa. Macau tinha muito disso. 

Eu cheguei a morar ali perto onde não era nem Macau nem Macauzinho. 

Eu sou fã do peixe da barraca. Ainda pequeno, eu comia Carapeba pela manhã com pão e café; ao meio dia acompanhada de feijão do açu (feijão de corda) e arroz; e pela noite, com chibeu.  Trata-se de um peixe pequeno para quem quer viver o ritual: tirar as espinhas do prato, pedaço por pedaço e até comer a cabeça frita. 

É um peixe marinho da família Gerreidae livres de águas tropicais e subtropicais. Seu nome cientifico é Diapterus rhombeus. Alimenta-se de algas pequenos invertebrados. Pode ser encontrado também em água salobra, deve ser o caso particular da barraca de Macau, RN.

Gato por lebre - Por ser muito parecida com outros de sua família, algumas pessoas se enganam em comer outro pescado imaginando ser a Carapeba. Ela chega até 40 cm, de cor prateada, escura, nadadeiras anais e pélvicas amarelas e com corpo alto e comprido.

Certa vez em determinado peixada, em Natal pedi um prato de Carapeba e apareceu Salema. Devolvi...