ABC, um grande clube
Walter Medeiros – Jornalista Meus primeiros contatos com o ABC Futebol Clube ocorreram nos idos de 1969, quando passei a frequentar o Estádio Juvenal Lamartine, tomando gosto pela frasqueira.
Walter Medeiros - Jornalista
Meus primeiros contatos com o ABC Futebol Clube ocorreram nos idos de 1969, quando passei a frequentar o Estádio Juvenal Lamartine, tomando gosto pela frasqueira. Era o tempo de Alberi no alvinegro, e Pancinha no América, além de outros grandes craques que despontavam no Alecrim, Riachuelo, Ferroviário, Atlético, Racing e Cosern. Bons tempos do goleiro Erivan, do zaqueiro Piaba, do ponta esquerda Burunga, bem como de Zezé, Otávio, Jácio, e muitos outros. Naquele tempo, Véscio já estava na arquibancada.
Gosto de lembrar dos amigos que chegavam para torcer no frasqueirão, que ficava a um metro da linha do campo, e enchia em dias de grandes jogos. Comparecia aos jogos dos domingos e quartas-feiras, e ainda ficava torcendo para que houvesse alguma rodada extra, que era costumeira, nas sextas-feiras. Tudo por conta das amizades, do amor ao nosso clube, regado a Kanapu e Dadá (Um refresco vendido em pequenos sacos), além de picolé, de preferência o Big Milk.
A televisão não transmitia nem gravava os jogos. O que acontecia, tinha de ficar na memória e na descrição dos narradores, que contavam cada detalhe da atuação dos jogadores e dos árbitros, na época Luiz Meireles, Jader Correia, Liszt Madruga e outros poucos no quadro da Federação Norte-riograndense de Desportos – FND (Era assim que se chamava a atual FNF). Mas assistimos cenas inesquecíveis naquele estádio.
Quantas boas lembranças das voltas olímpicas! Dos gols de Alberi, dos jogos de campeonato ou amistosos, onde conhecemos o CSA, Leônico e muitos outros clubes nordestinos. Lembrança do verde da torcida alecrinense, e do vermelho da torcida americana, diante de nós, ao lado da tribuna de honra. E das cabines de rádio, de onde saíam os acordes espetaculares da transmissão.
Em meio a essas lembranças, vem, em seguida, a viagem internacional do ABC, sob o comando de José Prudêncio. Acompanhei a transmissão feita pela Rádio Cabugi, do jogo entre nosso time e o Fenebarche. E havia uma ânsia por outros resultados, dos jogos contra o Panatinaicos e outros clubes. Naquela ocasião o ABC deu um grande salto na sua história.
Há algum tempo, vi, pela TV, um jogo, no interior, em que o alvinegro estava com uma atuação precária, um desempenho daqueles de deixar qualquer torcedor triste e aflito. Longe daqueles momentos de glória, onde festeja conquistas de títulos, recordes e ascensões. Mas, como dizia o inesquecível Pedrinho Trinta, lendário técnico do Alecrim Futebol Clube, “São coisas do futebol”.
Na noite de ontem (17/09/2022), assisti a um jogo que me fez enxergar o ABC em nova dimensão. Um futebol de qualidade, que, além da imensa alegria da vitória e suas consequências, apresenta uma credencial para uma nova era. Lembramos momentos em que vitórias contra times da elite do futebol brasileiro eram surpresas, fatos, para alguns, inexplicáveis. O jogo contra o Payssandu, a meu ver, acena com uma nova trajetória do ABC, rumo à elite do futebol brasileiro. Parabéns, ABC!