Patronos de ruas de São José de Mipibu (08) Rua Dr. Pedro Velho
A rua Pedro Velho, fica localizada ao lado do Mercado Publico de São José de Mipibu.

A rua Pedro Velho, fica localizada ao lado do Mercado Publico de São José de Mipibu. É uma rua comercial que interliga a Praça Desembargador Celso Sales, com a rua Barão de Mipibu e, mais adiante ,com a rua 15 de Novembro. Na gestão do prefeito Arlindo Dantas, a rua foi transformada em um calçadão para circulação, apenas, de pedestres.



Diz Tavares de Lyra que todos que estudam a história do republicanismo no Rio Grande do Norte chegam a conclusão de que a alma do movimento foi o Dr. Pedro Velho de Albuquerque Maranhão.

Nascido em Natal, em 27 de novembro de 1856, em Recife. Era filho de Amarro Bezerra de Albuquerque Maranhão e Feliciana Maria da Silva Pedrosa. Descendia, da parte do pai, dos poderosos donos do Engenho Cunhaú, e do lado materno, seu avô, Fabrício Gomes Pedrosa, fundador da cidade de Macaíba/RN. Alguns documentos, inclusive, o fazem macaibense por causa disso. Era irmão de Alberto Maranhão, Augusto Severo e Fabrício Gomes de Albuquerque Maranhão.
Estudou inicialmente em Natal, Ceará-Mirim e Guarapes; depois, começou o secundário em Recife, no Ginásio Pernambucano, e concluiu- o em Salvador. Cursou a Faculdade de Medicina da Bahia até o 4º ano, interrompendo os estudos para viajar à Europa com vistas a tratamento de saúde. Ao retornar, ingressou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e completou o período universitário, formando-se
em 1881
Nesse ano, também, casou-se com Petronila Florinda Pedrosa, que era, na verdade, sua tia, sendo meio-irmã de sua mãe, Feliciana, filha de um segundo casamento do seu avô com a irmã do seu pai, Luísa Florinda, o que a fazia dela também sua prima. Petronila era prima, tia e esposa dele. Fabrício era seu avô e seu sogro. E seus filhos eram filhos e primos da própria mãe, e bisnetos e netos do mesmo avô. Sim, isso é muito confuso!
Pedro Velho retornando ao Rio Grande do Norte, após seus anos de estudo, em 1885, passou alguns meses em São José do Mipibu e, por fim, naquele mesmo ano de 1881, fixou- se definitivamente em Natal. foi nomeado Inspetor de Saúde Pública e nomeado professor de História, no Atheneu Norte-riograndense. Tavares de Lyra afirma que ele parecia agir com bastante indiferença, alheio as discussões partidárias que se davam na cidade.
Porém, ele seria um verdadeiro revoltado que preparava uma oportunidade para sua ação patriótica. Isso teria começado a partir da fundação da Sociedade Libertadora Norte-Riograndense, em 1888, em que passou a se dedicar a causa abolicionista. Contudo, com o advento da Lei Áurea, ele se voltou a causa republicana, com a fundação do Partido Republicano, em 27 de janeiro de 1889.
Republicano entusiasta, escrevia nos jornais, discursava, viajava pelo interior pregando suas convicções políticas. Criou a “Libertadora Norte rio-grandense” (01.01.1888), dando coesão aos simpatizantes locais pelo regime, até então um tanto dispersos.
Em fins de janeiro de 1889 fundou o Partido Republicano na Província, constituindo-se o seu primeiro
presidente. A ata de fundação do partido, diz que estavam presentes muitos cidadãos natalenses (dentre eles seu primo, João, e seu irmão, Fabrício), quando o Dr. Pedro Velho pediu a palavra ao fim da reunião. Sua primeira ideia foi criar um jornal - A República -, para divulgar os ideias republicanos entre o povo potiguar. A segunda, foi a promoção nas cidades do interior a criação de clubes republicanos onde esse jornal deveria ser lido.
Pedro Velho disse que a abolição da escravidão teria sido o primeiro passo para a vitória republicana. A abolição teria dado ao povo brasileiro a consciência de sua dignidade e força, e que por isso ele não era mais capaz de se colocar numa posição servil de súditos. Era época de haver evolução do pensamento dos brasileiros. Os espírito público estava pronto para despertar.
No seu discurso, diz Pedro Velho:
“Pois há um povo inteiro abdicar o seu poder imenso na pessoa de um homem que a lei diz irresponsável quando ele é susceptível dos mesmos vícios e das mesmas misérias que qualquer burguês? E ainda quando fosse um sábio, um justo, um santo, poderia na sua descendência, que nos é antecipadamente imposta, surgir um celerado, um monstro, e este seria por lei o nosso imperador, tendo talvez os seus áulicos dedicados, os seus panegiristas fervorosos. Nero também os teve!”
Segundo Pedro Velho, o Rio Grande do Norte saberia conhecer a verdade e abandonar a Monarquia, caminhando para o futuro com a nação. “Os filhos desta província”, diz ele,”não têm pulsos para algemas nem coração para servilismos”. Nossas tradições republicanas, diz ele relembrando seus próprios antepassados, foram escritas com sangue e não poderia ser apagadas. Ele ainda conclui que a Monarquia só poderia subsistir sob duas hipóteses: a primeira, diante de uma tradição histórica muito profunda, e esta só poderia ser destruída, como fez a França, na Revolução, com violência; e a segunda, quando ela se dá sob cidadãos corruptos e fracos que não veem problemas em ser humilhados.
“O primeiro caso não tem aplicação ao Brasil. Tradições monárquicas não as temos, salvo se assim quiserem chamar à comédia do Ipiranga (…). A segunda hipóteses é um insulto cruel aplicá-la aos brasileiros. Pois este nobre e infeliz povo terá o coração fechado e inacessível à grande luz redentora da República?”.
Em 1º de julho do mesmo ano, inaugurou o jornal “A República”, que se tornaria órgão oficial do Governo do Estado, e foi aclamado, dois dias após a Proclamação da República no país, Governador do Rio Grande do Norte (que passava a ser Estado), recebendo o cargo do, até então, Presidente da Província Antônio Ribeiro Dantas (V. “DANTAS Filho, Antônio Basílio Ribeiro”, Século XIX), a 17.11.1889.
Em 1890, foi eleito Deputado Federal. Em 1892, Governador do Estado e, em 1896 e 1906, Senador da República. Pedro Velho morava onde, hoje, se localiza a Escola Doméstica.
Era leitor de Eça de Queiroz e Camilo Castelo Branco, tendo sido um dos fundadores do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte e uma das principais personalidades do Estado, no contexto político. O Dr. Pinto de Abreu, então orador do Instituto, assim se pronunciou em sua memória: "O homem cuja perda o Estado inteiro deplora, era uma figura de soberbo destaque entre os modernos guiadores do mundo…"
Pedro Velho faleceu em Recife, a 9 de dezembro de 1907, aos 51 anos de idade.
FONTE DE PESQUISA: Pedro Velho, a Alma Republicana do Rio Grande do Norte - Natal das Antigas Pedro Velho de Albuquerque Maranhão - Personalidades Históricas - Fundação José Augusto (Centro de Estudos e Pesquisas Juvenal Lamartine-CEPEJUL)