A irrelevância da gestão municipal diante da relevante história de Mipibu
Autor: José Clodoaldo Barbosa – Professor mipibuense Em 16 de outubro último o município de São José de Mipibu completou 179 anos de emancipação política.

Autor: José Clodoaldo Barbosa - Professor mipibuense
Em 16 de outubro último o município de São José de Mipibu completou 179 anos de emancipação política. Ou seja, 179 anos de administração própria. Ao contrário do que alguns possam imaginar, não são 179 anos de história. A contar da chegada dos europeus por essas bandas, em busca das riquezas naturais, como a árvore pau-brasil, que existia em abundância e possuía alto valor comercial na europa, a história do nosso povo remonta há aproximadamente 500 anos.
Esse período pré-colonização é provavelmente o menos conhecido da história do Brasil, certamente devido à escassez de registros da época.Só a partir do século XVII (lá pelos idos dos anos 1600) os colonizadores portugueses iniciaram suas peregrinações por essas bandas com o objetivo de “fincar raízes” e estabelecer a posse da terra ameaçada pelos “reinos invasores”.
Desde então, a região de Mipibu tem sido cenário de diversos fatos históricos importantes conhecidos e desconhecidos (por falta de pesquisas), sempre fornecendo fortes atores históricos de prestígio a nível de província e a nível nacional, principalmente até meados do século XIX (dezenove). A relevância econômica e política era tão grande que chegou a ser estudada a hipótese de Mipibu ser elevada à categoria de capital da província do Rio Grande.
Diante de tantos anos de história, a título de comparação, nossa Mipibu tem quase o mesmo tempo quanto a capital do RN, Natal. Porém, a memória do nosso povo não vem sendo guardada a contento ou não há políticas públicas para preservação e divulgação da história e cultura local para registro e memória das gerações futuras. Certamente, se houvesse incentivo às pesquisas e registros da nossa história, nosso município seria um verdadeiro celeiro da memória do povo brasileiro, em especial do povo potiguar.
A exemplo do relatado acima, cito o mais renomado historiador do RN, o Dr. Câmara Cascudo, autor do prefácio ao livro História de São José de Mipibu, do mipibuense Gilberto Guerreiro Barbalho, publicado em 1961 e principal referência sobre a nossa história até os dias atuais:
“No primeiro centenário da cidade, assim como o do Assu, no mesmo 1845, as Prefeituras desinteressaram-se totalmente pela publicação de qualquer registro evocador de sua passagem no tempo. Limitaram-se às sessões cívicas e aos discursos que o tempo leva para o esquecimento…”

O saudoso Câmara Cascudo faz um sutil apelo aos gestores municipais para que criem políticas de resgate e valorização da história. Infelizmente, passados 63 anos, os gestores municipais limitam-se às sessões cívicas e aos discursos que o tempo leva para o esquecimento. Não há uma política pública permanente, que busque resgatar, valorizar, divulgar e preservar a história e a cultura do nosso povo.
Referência bibliográfica: História de São José de Mipibu, 1961, de Gilberto Guerreiro Barbalho.