Capitulando as telenovelas

agosto 25, 2024

Alex Medeiros – Jornalista e Escritor (@alexmedeiros1959) Texto publicado na Tribuna do Norte Meus 300 espartanos leitores têm acompanhado, como em capítulos, alguns resgates que venho fazendo das velhas e clássicas novelas da TV nos áureos anos da guerra de audiência que existiu com as produções das emissoras Tupi (inaugurada em 1950), Record (1953), Excelsior […].

Alex Medeiros - Jornalista e Escritor (@alexmedeiros1959) Texto publicado na Tribuna do Norte

Meus 300 espartanos leitores têm acompanhado, como em capítulos, alguns resgates que venho fazendo das velhas e clássicas novelas da TV nos áureos anos da guerra de audiência que existiu com as produções das emissoras Tupi (inaugurada em 1950), Record (1953), Excelsior (1963), Globo (1965) e Bandeirantes (1967). A dramaturgia televisiva entre as décadas de 1950 e 1980 teve o suporte talentoso dos astros advindos do rádio, cinema e teatro.

A telenovela foi a maneira mais eficiente que a recém-nascida televisão nos anos 1950 encontrou para manter o telespectador em estreita relação com o novo aparelho doméstico, construindo assim uma cumplicidade essencial à formação de um mercado que logo se estenderia como hábito sociocultural daqueles anos em diante. E desde então tem sido um grande entretenimento.

O Bem Amado uma novela de 1973 que continua atual

Durante os últimos sessenta anos, a TV aberta conseguiu se destacar entre as muitas tendências de lazer e foi quem mais soube acomodar os mais distintos conteúdos em sua grade de programação e mantendo as telenovelas no topo. Indiscutível forma consagrada no Brasil, desde que bebeu nas fontes da Argentina e México, a telenovela vem dando sinais de fadiga, vítima desses tempos de maratonas em séries e de gente que não cultua o antigo formato.

Às novas gerações não tem sido fácil compreender como seus pais e avós conseguiam ficar reféns de uma narrativa que precisava ser acompanhada durante meses e até mais de ano. Mais fácil matar uma trama em 3 ou 4 horas.

Novela Roque Santeiro
Novela Avenida Brasil

Especialistas do meio já sugerem que as telenovelas deverão sofrer grandes modificações, o que acarretará na perda da intensidade que vemos ainda nos dias de hoje. Vaticinam que o advento do streaming é parte da capitulação.

Atualmente é fácil se constatar uma redução nas produções de longa duração, como se as emissoras de TV estivessem retomando as minisséries que foram tendências a partir dos anos 1980, principalmente nas TVs Globo e Manchete

Outro fator que colabora para o enfraquecimento da audiência é a composição dos elencos, hoje não mais recheados de talentosos artistas dos tablados teatrais e das telas cinematográficas. Agora estrelam famosos e influencers. Um componente de peso é a cultura do streaming, cada vez mais forte com as séries de tempos diversos invadindo horários que já foram das telenovelas. E além da Globo ter a Globoplay, outras TVs já providenciam seus streamings.

A Band, por exemplo, praticamente já abdicou de produzir novelas no clássico formato; o SBT vai se afastando da escola mexicana e já inaugurou o streaming “Mais SBT”. Só falta a Record desistir da dramaturgia evangélica. E para fechar o caixão, a qualquer momento todas as grandes marcas de TV e cinema internacionais invadirão os espaços das nossas televisões com centros de produção por aqui. Já chegaram Warner, Disney, Amazon, Netflix… pra ficar só nessas.

Os comentários estão desativados.