Ancestralidades
São tantos os filhos bastardos de Dom Pedro que citar o nome de todos seria uma tarefa longa e quase infindável.
São tantos os filhos bastardos de Dom Pedro que citar o nome de todos seria uma tarefa longa e quase infindável.
Praticamente todos os frutos dos seus romances são conhecidos, uns mais , outros menos. De uma maneira geral a unanimidade dos historiadores afirmam que o imperador não lhes negou a paternidade e legou-lhes algo na sua herança , até mesmo uma menina tida com uma escrava, Andreza dos Santos, pasteleira do Convento da Ajuda , no Rio deJaneiro. A criança nasceu em 1831.
Não se sabe ao certo o número exacto de filhos de Dom Pedro entre legítimos e bastardos. O mercenário austríaco Carl Schlichthorst escreveu um livro de memórias durante os anos que viveu no Brasil onde dizia serem 43 os filhos do imperador.
Contudo, a maioria dos estudos concordam que tenham sido trinta.
Houve, todavia, casos de " meninas de boas famílias" cujas famílias não permitiram concordar ou aceitar o reconhecimento do fruto proibido para evitar o escândalo. Um exemplo é uma menina nascida em 1827, baptizada como Ignácia Carolina Soares de Gouvêa. Sua mãe, Florisbela Umbelina Rodrigues Horta teria tido um romance passageiro com Dom Pedro e descobriu que ficara grávida.
A família tinha dinheiro e prestígio. Conseguiram arranjar apressadamente um casamento e marido aceitou a condição da noiva e a reputação da mesma e de sua família permaneceu incólume.
" No dia 30 de Dezembro de 1828, um casal francês de sobrenome Saisset , formado por comerciantes estabelecidos na Rua do Ouvidor, no Rio de Janeiro,, embarcava apressadamente para a Europa com seus dois filhos pequeninos. A modista Clemence tinha-se
envolvido com D. Pedro I , enquanto o marido aparentemente fazia vista grossa. Até que, por fim, ela engravidou do imperador.
Prometendo, por escrito e com testemunho do seu bibliotecário particular, Germano Lassete, uma pensão vitalícia a Clemence, ao marido e à criança que esperava , D. Pedro conseguiu despachá-los para longe do Brasil. Tanto Resende como Barbacena, na Europa, e o Chalaça , no Brasil e depois em Portugal teriam que trabalhar arduamente para manter os Saisset sob controlo. Por conta do atraso nos pagamentos, os dois ameaçavam a todo momento fazer um escândalo, chegando mesmo a insinuar que tinham, consigo , correspondências comprometedoras entre D. Pedro e Clemence. " ( Dom Pedro IV, a história não contada. Por Paulo Rezzutti )
Contudo, a promessa da mesada generosa não foi integrada cumprida. A partir de 7 de abril de 1831, a situação da francesa e do menino começa a ser afetada pela abdicação de D. Pedro ao trono brasileiro. Um pouco depois, ele se muda para a Europa, onde inicia longa batalha contra o irmão, D. Miguel, três anos mais novo, para garantir o trono de Portugal à filha Maria da Glória, nascida no Rio de Janeiro em 1819. A menina, neta de D. João VI, passou a ter direito ao trono aos sete anos de idade. Com a morte do avô, o pai foi coroado Pedro IV de Portugal e estabeleceu um entendimento com o irmão, pelo qual Maria da Glória seria a rainha. Mas D. Miguel ignorou o acordo firmado e tomou o trono para si.
A morte de D. Pedro I, em setembro de 1834, foi um baque para Clémence de Saisset. O principal temor, expressado em carta a Francisco Gomes da Silva, datada de dezembro, era de que o filho não mais recebesse a ajuda financeira prometida pelo pai biológico. “Avalie o meu desespero ao saber de uma morte tão repentina. Meu pobre filho privado de um pai e de um protetor! Diga-me, senhor, que S.M. não se esqueceu dele em seu testamento. Conto com a sua amizade de sempre para informar-me, logo que este assunto chegar ao seu conhecimento. Preciso tranquilizar-me sobre o futuro de Pedro e necessito conhecer os arranjos de S. M. no que diz respeito a ele.
A francesa não levou o filho para as cerimônias fúnebres, mas o fez guardar luto. “Certa vez, porém, vestiram-me todo de preto, dizendo-me que meu Amigo estava morto. Eu não sabia quem era aquele que eu havia acabado de perder”, relembrará Pedro de Saisset, em carta ao meio-irmão D. Pedro II, três décadas depois. Enquanto viveu em Paris, o primeiro imperador do Brasil recebia visitas do filho, mas jamais revelou que era seu pai. O pequeno Pedro tinha cinco anos quando perdeu o misterioso Amigo, que o colocava nos joelhos e dava-lhe doces.
O imperador o reconheceu como seu filho em seu testamento e lhe deu uma parte de sua herança.Ele trabalhou em diversos empreendimentos de negócios nos Estados Unidos, onde serviu como agente consular da França por mais de três décadas.
Saisset tinha muito afeto e mantinha contacto com sua meia-irmã, a Princesa Dona Januária, Condessa d'Áquila. Ele mesmo guardou luto de cinco meses pela morte da Condessa em 1901.
Pedro Saisset casou-se com Maria de Jesus Palomares de Suñol (Jesusita), com quem teve quatro filhos:
Henriette de Saisset (1860[9] - 1947),Ernest de Saisset (1862 - 1899) Pierre de Saisset (1870 - 1933) e
Isabel de Saisset (1876- 1950).
Pedro de Saisset foi um grande empreendedor e partiu ainda jovem para a Califórnia onde trabalhou com navegação, propriedades e seguros.
Faleceu em San José, CA, em 1902.
Dos seus quatro filhos apenas a mais nova, Isabel, se casou mas nem mesmo ela deixou descendência.
A última neta de D. Pedro IV nos EUA faleceu em 1950.
Na foto: Pedro de Saisset .