HUOL implanta marca-passos cerebrais pelo SUS para tratar Parkinson
No Brasil, cerca de 200 mil pessoas são afetadas pela doença de Parkinson.
No Brasil, cerca de 200 mil pessoas são afetadas pela doença de Parkinson. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que aproximadamente 1% da população mundial, com idade superior a 65 anos, tem a doença. Em Natal, o Hospital Universitário Onofre Lopes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (HUOL-UFRN), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), oferece atendimento especializado e gratuito pelo Sistema Único de Saúde (SUS) através de ambulatório de neurologia e neurocirurgia dedicado ao tratamento da doença.
O HUOL-UFRN através de um ambulatório de neurologia e neurocirurgia dedicado ao tratamento de Parkinson às quintas-feiras pela manhã. Casos mais avançados podem ser controlados com o implante de marca-passo cerebral, que age sobre áreas do cérebro afetadas pela doença, assim regredindo em até cinco anos o avanço dos sintomas.
O neurocirurgião do HUOL-UFRN, Sérgio Dantas, explica que “os pacientes devem ser encaminhados pelo sistema de regulação que envolve estado e municípios, com a ficha de referência. Demais especialidades e profissionais também necessários ao completo atendimento ao paciente, como psiquiatra, psicologia, urologia, entre outros, também estão disponíveis no hospital”.
O neurocirurgião enfatiza que o tratamento da doença deve ser feito de forma multidisciplinar, podendo envolver especialistas de diversas áreas. O controle dos sinais é feito por meio de medicamentos, fisioterapia, fonoaudiologia e exercícios físicos, que melhoram a capacidade funcional. Casos mais avançados podem ser controlados com o implante de marca-passo cerebral, que age sobre áreas do cérebro afetadas pela doença, assim regredindo em até cinco anos o avanço dos sintomas.
“Graças ao desenvolvimento da biotecnologia, existem dispositivos eletrônicos que quando implantados no paciente permitem a estimulação cerebral profunda, melhorando o tremor, a rigidez muscular, a lentidão dos movimentos e as discinesias causadas pela levodopa. Também reduz a tomada de medicamentos”, esclarece o especialista. A neurocirurgia funcional, ele explica, exerce um papel importante no tratamento dos pacientes com doença de Parkinson que não apresentam controle satisfatório dos sintomas com outros tratamentos. No Rio Grande do Norte, o Hospital Universitário Onofre Lopes é o centro de referência do estado para o tratamento cirúrgico de pacientes com Parkinson.
Sintomas da doença de Parkinson
O Parkinson é uma doença neurodegenerativa, crônica e sem cura. Conforme explica o neurocirurgião do Huol-UFRN, Sérgio Dantas, a condição “apresenta um curso de evolução progressivo, decorrente da perda de neurônios (células nervosas) em uma área específica do encéfalo chamada de substância negra, que produz uma substância fundamental para a transmissão da mensagem química entre as células nervosas, a dopamina. Portanto, a deficiência de dopamina dificulta a transmissão dos sinais elétricos cerebrais, interrompendo a comunicação entre as células nervosas, especialmente na região que controla os movimentos do corpo”.
A condição ainda não pode ser identificada na sua fase pré-clínica ou pré-motora, já que não há exames específicos para detectar o Parkinson. Por isso mesmo, o diagnóstico segue como um desafio para médicos e pacientes. Atualmente, a neuroimagem funcional – mais precisamente com a cintilografia com Trodat – auxilia na confirmação da doença em casos que geram dúvidas, mas o diagnóstico é essencialmente clínico.
Entre os principais sintomas motores estão rigidez, tremor (que ocorre mesmo durante o repouso), lentidão e instabilidade postural. Sérgio esclarece que, além desses sintomas, outros sinais motores da doença de Parkinson são observados, como diminuição ou perda da expressão facial, congelamento (freezing) – que consiste na incapacidade temporária em iniciar o andar, em dar o primeiro passo, festinação – que se caracteriza por um aumento involuntário na velocidade dos passos com pequena amplitude (passos muito curtos e rápidos), diminuição do balanço dos braços ao caminhar, escrita em pequenas letras (micrografias) e movimentos involuntários irregulares, que acometem braços, pernas, tronco, pescoço e boca.
Além dos sintomas motores, o especialista alerta para os sinais não motores, como alterações psíquicas (depressão, ansiedade, demência), urológicas, intestinais, na pele (causando seborreia), distúrbios do sono, dificuldade na deglutição (provocando engasgos frequentes), aumento da saliva, diminuição do olfato e dor.
Abril da Tulipa Vermelha
A Doença de Parkinson é amplamente debatida durante todo o mês de abril, o chamado “Mês da Tulipa Vermelha”. O dia 11 de abril é considerado o Dia Mundial de Conscientização da Doença de Parkinson. A condição foi descrita pela primeira vez pelo médico inglês James Parkinson em 1817. Trata-se da segunda enfermidade neurodegenerativa mais frequente no mundo – atrás apenas do Alzheimer.
FONTE; Agência Saiba Mais