Prefeitura inaugura monumento para lembrar participação de São José de Mipibu na Revolução de 1817
Por Anderson Tavares – Professor e historiador No dia 06 de Março de 1817 eclode na Capitania de Pernambuco uma revolta que abalará com a estrutura da colônia em nosso país e estende-se por várias capitanias, especialmente, Paraíba e Rio Grande do Norte, havendo uma tomada de poder pelos insurretos.
Por Anderson Tavares - Professor e historiador
No dia 06 de Março de 1817 eclode na Capitania de Pernambuco uma revolta que abalará com a estrutura da colônia em nosso país e estende-se por várias capitanias, especialmente, Paraíba e Rio Grande do Norte, havendo uma tomada de poder pelos insurretos.
Apesar de haver outra nomenclatura ('Revolução dos Padres'), foi um movimento orquestrado por membros da Ordem Maçônica, em sua maioria de mentes pensantes, entre esses, destaca-se: Padre Miguelinho (executado no dia 12 de junho daquele ano pelo crime de lesa-majestade), que ocupou a Secretaria do Governo Provisório de Pernambuco, epicentro/sede da revolução.
Na Capitania do Rio Grande do Norte, no dia 25 de março daquele ano, às 4h da manhã, no Engenho Belém, em São José do Mipibu, de propriedade de Luís de Albuquerque Maranhão, houve a prisão do Governador José Inácio Borges. Em consequência, houve a tomada de poder e a adesão dessa capitania ao movimento revolucionário de 1817, sob a liderança do Coronel André de Albuquerque Maranhão.
Após um mês, precisamente, 25 de abril, os lealistas retomaram o controle dessa capitania e feriram mortalmente o líder da insurreição. Depois deste episódio, caíram as Capitanias da Paraíba e Pernambuco, respectivamente.
A revolução em epígrafe durou 74 dias, mas deixou profundas marcas no Brasil e pavimentou em poucos anos a nossa Independência, de Portugal. Importante frisar que muitos dos revoltosos de 1817 voltariam a atuar na 'Confederação do Equador', de 1824, boa parte, graças à abnegação do Padre Miguelinho e sua irmã consanguínea, Dona Clara Castro, que preferiram permanecer em sua residência, em Olinda, e destruíram muita documentação comprometedora.
Fruto dessa sedição e punição, a então Capitania de Pernambuco, no dia 18 de março de 1818, através de um Alvará Régio, o Rio Grande do Norte torna-se independente político, administrativo e judicialmente de Pernambuco/Paraíba. Posteriormente, em 03 de fevereiro de 1820, através de Alvará Régio, é conquistada nossa autonomia fiscal com a regularização da Alfândega.
OBSERVAÇÃO HISTÓRICA SOBRE SÃO JOSÉ DE MIPIBU
É importante frisar que em São José de Mipibu houve a deposição do então Governador José Inácio Borges, no Engenho Belém, e esta foi a primeira capital republicana do Rio Grande do Norte, no período de 25 à 28 de março de 1817.
De Mipibu, marcharam triunfantes para a conquista da capital da capitania do Rio Grande do Norte, Natal. Ato consagrado no Hino do Rio Grande do Norte, que diz:
Foi de ti que o caminho encantado
Da Amazônia, Caldeira encontrou
Foi contigo o mistério escalado
Foi por ti que o Brasil acordou!
Da conquista, formaste a vanguarda
Tua glória flutua em Belém!
Seu esforço, o mistério inda guarda
Mas não pode negá-lo a ninguém!
É por ti que teus filhos descantam
Nem te esquecem, distante, jamais!
Nem os bravos seus feitos suplantam
Nem teus filhos respeitam rivais! (grifo nosso)
Vale salientar que, no Engenho Belém funcionava, naquele período, uma das Academias (nome de fachada para Loja Maçônica).
Lista dos partícipes da revolução que eram ou tiveram passagem por de São José de Mipibu;
• Luís de Albuquerque Maranhão: Coronel do Regimento de Cavalaria de Natal/São José do Mipibu e senhor do Engenho Belém;
• Luís Manuel de Albuquerque Maranhão: Alferes e filho de Luís de Albuquerque Maranhão, senhor do Engenho Belém;
• José Inácio de Albuquerque Maranhão: Tenente Coronel, primo, cunhado de André de Albuquerque e domiciliado no Engenho Belém;
• José Vidal da Silva: Residente em São José do Mipibu (preso em outra capitania);
• Padre João Damasceno Xavier Carneiro (Vigário de São José de Mipibu): Emissário enviado pelo Governo Provisório de Pernambuco, um dos cérebros da revolução na capitania do Rio Grande do Norte, foi um ministro sem pasta do governo provisório potiguar.
Diante dos fatos supracitados, nada mais justo que homenagearmos um dos fatos mais relevantes da história potiguar, a Revolução de 1817, bem como à Ordem Maçônica, que abrigava em suas colunas vários revolucionários que arquitetaram à sedição.
BENEFÍCIOS
Além de fazer uma justa homenagem aos próceres potiguares, à emancipação do Rio Grande do Norte e à Maçonaria que presta relevantes serviços à sociedade, onde vários participes da revolução eram membros, trará à sociedade norte-rio-grandense, especialmente à população da cidade de São José de Mipibu, uma importantíssima forma de mostrar/resgatar suas tradições, sua cultura e sua história, pois, é percebido que em nosso Estado, mais especificamente em São José de Mipibu, há uma memória quase esquecida dos acontecimentos de outrora.
Outro fator de suma importância é que o monumento será mais um atrativo turístico para o nosso Centro Histórico, onde mostraríamos nossa presença na Revolução de 1817, bem como apresentaríamos aos visitantes nossos personagens/instituição históricos vinculados ao evento pretérito.
Da mesma maneira elencada no parágrafo acima, naturalmente, os transeuntes iriam querer conhecer o aludido monumento, e, naturalmente, se interessariam em conhecer a história dos demais prédios/monumentos próximos, fazendo assim, um circuito histórico/cultural.
Finalizo, lembrando a relevância/grandeza desse fato histórico, a importância de homenagear/exaltar potiguares envolvidos no movimento de 1817, e à Maçonaria, instituição norteada por princípios filantrópicos, cujos vários dos aludidos heróis pertenciam. Bem como, uma singela forma da nossa geração contribuir com este feito histórico.