Um domingo, eu e Samas Teixeira, saimos de São José de Mipibu para Natal, sem um tostão no bolso, para assistir o clássico ABC x Alecrim, no velho estádio do Juvenal Lamartine, em Natal. Terminado o jogo, começamos a "gastar solado", andando a pé, do bairro de Petrópolis até a "Corrente do Posto Fiscal" (onde começava a BR-101), para voltar para casa.

Já noite, chegamos à "Corrente". Avistamos o guarda de nome João Gonçalo que, também, era de São José de Mipibu e falamos para ele conseguir uma carona. Só passava veículos, lotados de passageiros. Passou um carro de passeio, com uma vaga, mais não deu, éramos dois. Até que enfim, apareceu um caminhão e João Gonçalo falou com o motorista se poderia nos dar uma carona até Mipibu. Viemos em cima do caminhão e descemos no Café Tetéu, que ficava a margem da BR-101 ( próximo onde, hoje, é a Rodoviária).

Ficamos tranquilos e felizes, que até esquecemos a fome que estávamos sentindo. A escuridão da noite, não nos metia medo. Subimos a Ladeira do Tarugo (atualmente, rua Bonfim, ao lado da Rodoviária) e metemos o pé. Quando chegamos entre a caixa d'água (hoje, Câmara Municipal) e a igreja Matriz, avistamos a casa de Sanas, que ficava na Travessa Sete de Setembro. Nisso meu amigo se assusta e fala: "-Tu viu!?"

Eu, não havia percebido nada. De repente, entre a Usina (gerador de energia elétrica, que funcionava só até 22horas), surgiu a nossa frente uma coisa horrível e esquisita que não deu para saber o que era. O medo era tanto mas, teríamos de passar por perto daquela 'presepada'.

Meu amigo tremendo a voz, disse: "- E agora?"

Resolvemos ir pelo outro lado da Igreja, na Rua Conêgo Lustosa(Ladeira do Japão), segurando um no braço do outro. Passamos na calçada da residência Seu Sebastião Amaral e seguimos até a oficina de Zé Corcino. Gritamos pelas nossas mães. Mamãe abriu a porta e ficamos esperando a mãe de Samas abrir a porta da casa deles.

Entramos, nem eu nem ele comentamos o fato, já que saímos sem avisar. No dia seguinte comentamos numa roda de amigos. Era algo parecido com um pneu grande, ou um tamborete alto, um tonel se locomovendo e mudava de volume. Uma coisa horrível, que nunca chegamos a uma conclusão o que era.

Esse caso se espalhou em Mipibu e atribuíram a uma velhinha de nome Nana Gomes, irmã de Pedro Gomes, que morava sozinha e saia de madrugada procurando um gato que criava. O boato correu chão, que a velha se transformava em um tamborete. Outras pessoas diziam ter visto também. Surgiu tantos comentários, de lobisomens, mula sem cabeça... Acredito, que pegaram carona no ocorrido e inventaram mil estórias. 

Só sei dizer, que a nossa foi verdadeira. Isso já se passaram 63 anos, mais ou menos.

COINCIDÊNCIA ABSURDA

Esse outro causo, ocorreu à 2750 km de distância de São José de Mipibu. Mas precisamente no Morro de São Carlos, no bairro do Estádio, na cidade do Rio de Janeiro.  

Eu tinha uma firma e entregava os produtos, em bares, botequins, cantinas de colégios e em várias comunidades, na Grande Rio de Janeiro.

Um cliente, que eram professor, tinha um comércio no Morro de São Carlos. Ele tinha um amigo, também, professor. Ambos lecionavam em colégios públicos e particulares. Participam como comentarias numa Rádio Comunitária da comunidade.

Num desses comentários, o assunto foi o Nordeste brasileiro, especialmente, o Rio Grande do Norte. Fiquei curioso, ao ouvi que falavam sobre a minha cidade, São José de Mipibu.

"-Saí do Rio de Janeiro, na década de 80 e fui pro Nordeste, ver como funcionava de perto a Reforma Agrária do Movimento dos Sem Terras (MST)". E continuou: "Fiquei decepcionado, para nunca mais voltar! Ali só tem vagabundos,  aproveitadores e manipuladores. Os coitados ficam acampados e nos finais de semana, enquanto as lideranças metem o pé para as praias e só retornam na segunda feira. Uma tremenda sacanagem!"

Aí o professor citou o nome da cidade de São José de Mipibu, no Rio Grande do Norte.

"-Gostei muito e decidi que iria comprar uma casa nessa cidade. Um mipibuense me indicou uma casa, próxima a igreja da cidade". Continuando começou a rir. Ele explicou: "ao chegar na casa só havia a parede da frente, não tinha teto e o piso, era de tijolos. Eu, perguntei: "- Essa casa fica na Travessa Sete de Setembro nº 26"? Ele ficou espantado! "-Como você sabe disso?" Respondi: "-Sou mipibuense e essa casa eu vendi a Rui Marques, filho de 'seu' José Marques, antes de vir morar no Rio de Janeiro.

Ficamos rindo da tremenda coincidência.

OUTRO CASO ESPANTOSO

Também aconteceu comigo, no Rio de Janeiro. Era vendedor de produtos alimentícios. Tinha uma freguesia muito grande. Entrava em comunidades, tidas como perigosas, porém, naquela época, tinha ordem e respeito aos vendedores e entregadores. Os chefões do tráfico, não permitiam ninguém assaltar dentro das comunidades. Nós vendedores poderíamos ser assaltados longe das favelas. Menos nas comunidades. Atualmente os traficantes e milicianos, agem diferente.

Certo dia fui surpreendido e assaltado dentro da Favela do Catiri, em Bangu. Lá pelos anos de 2005, encontrei um amigo de nome Ademar ('Timbu'), que havia estudado na ETFRN, em Natal, no período de 1969 e 1970, descreveu o fato ocorrido comigo, em riqueza de detalhes.

Esse cara, pelo que relatou, acredito ser no mínimo ser um bruxo. Fiquei encucado!