FIGURAS MIPIBUENSES Aldo Freire Pegado (‘Aldo de Vital’)

julho 16, 2023

Cristóvão Ferreira Cavalcante – Mipibuense radicado no Rio de Janeiro/RJ Aldo Freire Pegado (‘Aldo de Vital’), nasceu no dia 7 de Julho de 1938.

Cristóvão Ferreira Cavalcante - Mipibuense radicado no Rio de Janeiro/RJ

Aldo Freire Pegado ('Aldo de Vital'), nasceu no dia 7 de Julho de 1938. Filho do casal Vital Freire Pegado e Maria das Merceis Pegado e tem seis irmão: José Freire Pegado 'Zequinha' (falecido); Orlando Freire Pegado 'Messias' (falecido), Milton Freire Pegado 'Milton de Vital', Zucleide Freire Pegado, Zuleide Freire Pegado e Marlene Freire Pegado. Morava na rua Antônio de Souza n⁰ 290 (por trás do Instituto Pio XII), em São José de Mipibu.

"Aldo de Vital" era uma criança e adolescente muito inteligente e criativo. Sempre estava envolvido com a cultura e a arte em São José de Mipibu. Quando pré-adolescente, chegou a ser Coroinha, na Igreja Matriz de Sant'Ana Ana e São Joaquim.

Muito criativo com vocação para decorador, ajudava o artista plástico Rubens Marques a decorar a igreja, montar o presépio natalino, no final do ano, além de ornamentar os altares para festas religiosas ou outras festividades. Muito religioso, idealizava, desde muito cedo, ingressar no seminário e seguir a vida sacerdotal. Mas, o sonho não se concretizou.

Enveredou pela cultura, ensinava arte cênica, montava peças teatrais, promovia eventos sociais, como desfile de modas, por exemplo.

Aldo e o amigo Inaldo (filho do motorista Nezinho), dias antes do Carnaval de 1961, não foram mais visto em São José de Mipibu. Na segunda-feira de carnaval, os dois apareceram fantasiados de 'demonio'(Aldo) e Inaldo, de 'alma'.  Ninguém, na cidade sabia quem eram os mascarados. A 'alma' corria, por todo o centro da cidade. Atrás dele, corria o 'demônio'. Curiosos, uns rapazes resolveram pegá-los para saber suas identidades. Aldo correu pra casa de sua namorada, na Rua 7 de Setembro e se escondeu embaixo da cama. Inaldo, correu para casa do seu pai, Nezinho, na rua Dr. Paulino (também conhecida por Rua das Louçeiras). Depois, foi revelado as identidades de ambos.

Foi o fundador do primeiro Grupo de Escoteiro de São José de Mipibu. Era uma pessoa querida pelos mipibuenses. Carismático, tanto pelas habilidades como pela sua simpatia, o que fazia com que interagisse com a elite da cidade e os menos favorecidos. Solidário, procurava ajudar aos necessitados ou alguém num momento difícil.

Seu pai, Vital Freire, convertido ao protestantismo, na denominação Igreja Batista Regular, não apoiava o seu estilo de vida. Falava que a vida que ele levava, era coisa de marginal, preguiçoso. Aldo não temia as reclamações e batia de frente com seu pai, enfrentando-o.

Seu genitor queria que ele fosse igual aos seus irmãos, que viviam da agricultura e na venda ou abate de porcos, cabritos, carneiros... para abastecer o açougue da família, localizado no no mercado público de São José de Mipibu. A relação entre Aldo e o pai não era boa. As brigas se tornavam constantes a cada dia.

Um certo dia, Aldo, conheceu uma senhora que residia na Rua 7 de Setembro (também conhecida como 'Rua do Cano'). Essa mulher, de nome Nazaré, sempre lhe apoiava, quando havia crise entre pai e filho. Nazaré tinha uma bonita sobrinha - Maria José-, e logo iniciaram uma paquera que logo se transformou em namoro sério.

Sofrendo grande pressão do pai, que não aceitava o comportamento que levava, Aldo, com 24 anos, foi tentar a vida de ator, teatrólogo e decorador, no Rio de Janeiro. Era o ano de 1962, quando resolveu embarcar para a Cidade Maravilhosa, com a mala cheia de esperanças mas, levando no peito a saudade de sua namorada Maria José. Em nenhum momento passava em sua cabeça que iria encontrar dificuldade, como quase todos nordestinos, que migram para as grandes cidades como, Rio de Janeiro, São Paulo...

Pouco tempo depois, morando numa cidade desconhecida, passou a viver com dificuldade, sem familiar e amigos, teve que ir a luta, encarando o trabalho árduo, para sobreviver. Dois anos de muita luta, e muitas dificuldade, as portas começam a se abrir para Aldo. Se submete a um concurso para Escriturário no Banco do Estado da Guanabara (BANERG). Com alegria, tomou conhecimento de sua aprovação no concurso.

Nos três anos que morou no Rio de Janeiro, a saudade e a lembrança de São José de Mipibu eram grande. Na solidão da noite, aproveitava para escrever cartas para Maria José e sua tia, dona Nazaré, prometendo que, em breve, voltaria para sua terra natal e que pretendia se casar com sua amada, como prometido, antes de viajar.

Ao gozar suas primeiras férias no BANERG (1965), juntou suas economias acumulada e resolveu voltar para sua terra. Chega de surpresa em São José de Mipibu. Desce do ônibus, na margem da BR-101, em frente ao Restaurante Téteu. Vestia um terno e portava, embaixo do braço, uma Bíblia, já que ainda era convertido ao protestantismo. Foi direto para a casa de dona Nazaré, onde abraçou fortemente sua namorada.

Após momento de conversas, Aldo pediu sua querida 'Mazé' (como, carinhosamente, a chamava) em casamento. Após ouvir o Sim, de Maria José, começaram a traçar planos futuros. Pouco tempo depois, se casaram e resolveram morar no Rio de Janeiro, embarcaram no ônibus da Empresa Nossa Senhora Aparecida.

Os pombinhos fizeram seu ninho de amor na comunidade Parque União, no bairro de Bomsucesso no Rio de Janeiro. Moraram na comunidade, até no início dos anos 80, quando adquiriu uma casa, na Rua Chamberland, bairro de Jardim América.

Foi lá que reencontrei Aldo e Maria José. Em nossa terra - São José Mipibu-, não fomos íntimos pela diferença de idade. Ele mais velho do que eu nove anos. A partir desse encontro ficamos amigos. Aldo abandona a Igreja Batista e adere a religião Espírita, que sua esposa e da tia dela, dona Nazaré já seguiam. A residência do casal, era um ponto de material e espiritual da vizinhança. Nos fundos, havia uma 'Casa de Oração', onde Maria José, conhecida rezadeira, dava apoio espiritual e material aos menos favorecidos.

Enquanto isso Aldo desenvolvia as mesmas atividades, de antes, quando morava em Mipibu. Por trás da rua, onde morava, havia uma comunidade FICAP. Foi voluntário na entidade. Não média esforços, ajudando como podia. Sua casa era espécie de Centro Social Voluntário. Promovia eventos como: shows, desfile, quermesse... Não recebia apoio governamental.

Nossa amizade ficou mais evidente, quando em 1982, fui convidado a ministrar aulas de Artes Marciais, no Clube SAJA - Sociedade Amigos do Jardim Acapulco, no Jardim América, onde Aldo já promovia eventos. O casal Aldo e Mazé, eram pessoas muito queridas na rua onde residiam. Os vizinhos entravam em sua casa, como se fossem da família. Qualquer enfermidades nas crianças, as mães, levavam os filhos para Mazé benzer.

Nos momentos de lazer, quando iam a um restaurante, uma casa de shows, Aldo, discretamente, entregava ao garçom um bilhete com o pedido para cantar a música 'Minha Rainha' de composição de Florênco e Rita Ribeiro que, carinhosamente, oferecia a sua amada.

Aldo, construiu um ambiente - tipo uma praça -, para o lazer,onde frequentavam pessoas da Terceira Idade. O local era arborizado e ficava em rente a sua residência. Aldo não bebia bebida alcoólica, mais era um fumante inveterado. Devido o tabagismo, contraiu uma infecção pulmonar e ficou quase cego, com glaucoma.

Foi internado em uma unidade hospitalar, já em fase terminal. Com a certeza, que partiria dessa para outra, pediu um desejo ao amigo e vizinho 'seu' Carlos, que o visitava no leito hospitalar: - "Quero ser sepultado no cemitério São João Batista, no bairro de Botafogo, na Zona Sul, do Rio de Janeiro".

Aldo não resistiu as enfermidades e partiu para Eternidade, no dia 4 de Julho de 1989. Estive no velório e seu  sepultamento. Aldo deixou viúva, esposa Maria José Pegado, sua filha Thereza Cristina e seus três netos: Leonardo, Matheus e Sarah.

Essa é a história de mais uma celebridade de nossa querida São José de Mipibu.

2 respostas para “FIGURAS MIPIBUENSES Aldo Freire Pegado (‘Aldo de Vital’)”

  1. Obrigado amigo Dedé.
    Por mais essa.
    Ficou perfeito.
    A família do Aldo e amigos agradecem ao Alerta.

  2. Maria Jaci Rodrigues de Souza disse:

    Nossa… AMEI 😍😍😍. Mais uma vez,meus parabéns, meu querido amigo Cristovão,,,por trazer para nós Mipibuenses mais uma biografia de mais um dos nossos ilustres conterrâneos Tive a honra de conhecer essa família, inclusive fazíamos parte do grupo da Mocidade da Igreja Batista Regular,eu,a Zuleide e a Zucleide… Saudades 😢😢😢 dessa época 😍😍😍❤️