Rosemilton vive!

novembro 20, 2022

Presto essa homenagem pela partida de nosso colega jornalista Rosemilton Silva, exemplo de inteligência, caráter, de ética de coragem, publicando textos de outros colegas da área da comunicação, mais gabaritados.

Presto essa homenagem pela partida de nosso colega jornalista Rosemilton Silva, exemplo de inteligência, caráter, de ética de coragem, publicando textos de outros colegas da área da comunicação, mais gabaritados.

Ele partiu e está livre dos tormentos que a doença lhe acometeu. No entanto, continuará ligado a nós, no pensamento e no legado que deixou.

Rosemilton vive!

Rosemilton – Alguns momentos

Por Walter Medeiros

Em meados dos anos setenta do século passado, conheci o amigo e colega de trabalho José Rosemilton Silva, nos corredores da Rádio Cabugi, por onde circulavam tantos jovens que vibravam com as notícias que levavam ao público, principalmente através das emissoras de rádio e jornais impressos. Uma pessoa alegre, simpática, interessada em todas as novidades que surgiam, das mais simples às mais complexas e modernas. Por todo esse tempo acompanhei aquela trajetória de profissional dedicado.

No dia a dia das redações, lá estava Rosemilton, com os seus conhecimentos, as suas fontes e seu estilo inimitável, cuidando de notícias gerais, esporte, interior e, com uma canetada de imensa paixão, automóveis. Percebia-se facilmente o seu entusiasmo com aquele trabalho, bem alimentado por uma legião imensa de pessoas interessadas em divulgar, através da sua pena, as informações daquelas áreas. Da mesma forma que participava das atividades da sua categoria profissional, discutindo os destinos das entidades associativas.

Fomos impactados pela informação da enfermidade que o atingiu tão cedo, levando-o a tratamentos especializados nos Estados Unidos, quando obteve grandes vitórias e sobreviveu por muitos e muitos anos. Nessa trajetória, contou, também, com as terapias alternativas e complementares, sendo usuário da auto-hemoterapia, conforme disse na última vez que nos encontramos, em entrevista na TV Potiguar, ao colega Roberto Guedes.

Pessoa querida na sua terra, Santa Cruz do Inharé, e em inúmeros cantos do mundo, onde teve amigos com quem se comunicava sempre que possível. Tive a satisfação, ainda, de proporcionar alguns reencontros com amigas comuns nossas e dele, inclusive uma missionária belga – Micheline Dusart, que realizou um trabalho em Santa Cruz, nos anos sessenta, contando com seu apoio e amizade.

São muitas as lembranças, sempre boas, da convivência com o nosso colega Rosemilton. De tanto viver provando que era possível superar obstáculos e dificuldades, a notícia da sua passagem para outra vida era mesmo inesperada. Mas aconteceu, e agora nos cabe tão somente cultivar tantas boas lembranças do amigo, e desejar que tenha imensa paz, em sua nova morada.

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Rosemilton - A voz melódica que por tanto tempo viajou nas ondas do rádio, ecoa agora nas esferas celestiais!

Michelle Rincon - Jornalista

Desde a tarde desta sexta-feira(18) o riso farto do querido amigo, o jornalista e escritor José Rosemilton da Silva, não se ouve mais por aqui. A voz melódica que por tanto tempo viajou nas ondas do rádio, ecoa agora nas esferas celestiais!
“Rinconzinha”… era assim que ele me chamava. Era carinho genuíno, coisa de quem sabe cultivar sentimentos puros.
Aos 73 anos, completados em 12 de outubro, Rosemilton era (é) apaixonado pela família, muito devoto de Santa Rita de Cássia.
Ele falava sobre carro e campo, política, filmes de faroeste, música. Um amigo que deixa saudade sem medida pelas lições de vida, amor e profissionalismo.
Seguiremos em dimensões paralelas mas sempre perto!
Perto também da família que me acolheu como parte - Diná, Lorena, Dinara, Rosana…Josy, escudeira fiel. Rejane!

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Primo Rose, missão cumprida!

Por João Ricardo Correia - Jornalista

E agora, Primo Rose? O que fazer quando a saudade, que já maltrata, apertar e der aquela vontade medonha de conversar contigo, de te abraçar? Imagino a resposta, com aquele sorriso de menino feliz: “Joca, primo velho, sei nem o que dizer. Mas reze para Santa Rita de Cássia, leia os livros que deixei, converse com sua mãe sobre a nossa Santa Cruz de antigamente, lembre dos nossos papos lá no Jornal. Sei lá, homi de Deus”.

Ah, o tempo! E essa tal morte, única certeza que temos?! Pense num troço difícil de aceitar!

Estive fisicamente, pela última vez, com José Rosemilton Silva dia 19 de fevereiro de 2020. Fui devolver um disco rígido que havia me emprestado, com uma danação de músicas. Entreguei, agradeci, tomei um cafezinho lá na Secretaria da Agricultura do RN, onde ele trabalhava, registrei o momento num retrato (acima desse texto), nos despedimos com um abraço. Ele estava animado para colocar no ar a rádio web “radiodocampo.com”.

Nos tratávamos como primos, porque ele soube que minha mãe havia nascido em Santa Cruz do Inharé, portanto, eles eram conterrâneos. Daí a virarmos parentes, não durou nem meio segundo. Parentes, primos, colegas de trabalho, amigos.

Eu sabia que Primo Rose enfrentava o desgraçado do câncer há muitos anos. Havíamos conversado sobre isso, sempre perguntava como ele estava, acompanhei o drama dele durante a pandemia, dentro de casa, com medo da covid. Vez por outra, trocávamos mensagens pelos WhatsApp. De uns dias pra cá, minhas mensagens não eram mais respondidas, apesar de serem visualizadas. Respeitei o silêncio dos seus familiares e intensifiquei meus pedidos a Deus, para que meu amigão tivesse força para manter-se digno, honrado, forte, inabalável.

Das centenas de falhas que tenho, uma é muito cruel: vivo adiando visitas que deveria fazer a pessoas importantes para mim. Preparei-me várias vezes para ir abraçar e matar um pouco da saudade do Primo Rose, enquanto ele esteve internado. Não fui. Não dá mais tempo. Ponto para a saudade.

Homem sincero, íntegro, inteligente e competente, era apaixonado por jornalismo, pelo rádio. Foi professor universitário, fotógrafo, profundo conhecedor do automobilismo, da agropecuária. Contou-me ter trabalhado até “pelas bandas dos States”, como cinegrafista. Apresentou programas na televisão. Primo Rose também foi escritor. Um dos seus livros, “Bom dia, meus povo!, ele encaminhou, pelos Correios, para eu que entregasse a Dona Salete, minha mãe. Ela recebeu no dia do aniversário, com direito a vídeo enviado pelo Primo Rose, dedicando a obra e parabenizando-lhe. Esse é José Rosemilton Silva, um ser humano de primeiríssima grandeza. É, assim mesmo, no presente, pois é dessa forma que o sinto.

Ele adorava escrever, nas matérias sobre economia do vespertino O Jornal de Hoje, o termo “por seu turno”. Eu tinha a missão de editar páginas e um dia, para tirar sarro da cara dele, perguntei: “Primo, que danado é esse por seu turno?”. Ele sorriu, botou a mão esquerda no meu ombro direito e respondeu: “Joca (ele me tratava assim, às vezes), isso é coisa de beradeiro metido a besta. Se quiser tirar, passe a tesoura, fique à vontade”. Quanta humildade do grande mestre na escrita, que ali estava diante de um aluno 23 anos menos experiente na arte de viver e sobreviver na loucura de uma redação de jornal.

Até imagino, se houver mesmo vida após a morte, Primo Rose chegando ao céu e sendo recebido pelo seu pai, “Mané da Viúva”, sanfoneiro e retratista que marcou época em Santa Cruz. Mané, depois de ter tomado umas, iria tocar, tirar retrato do seu menino e seria bem capaz de pedir a São Pedro para arranjar uma festa no coreto do céu, com direito até a leilão e presença de algumas “meninas” e frequentadores assíduos do Cabaré de Maria Gorda.

Aos familiares, que não conheci, do meu Primo Rose, deixo um abraço bem apertado e os parabéns por terem tido o privilégio da convivência com esse homem tão espetacular.

Não vou ao sepultamento do “Mestre Rose”, vez por outra também o tratava assim. Vou nada! Santa Cruz, que para ele e minha mãe será sempre Santa Cruz do Inharé, receberá em seu solo um dos filhos mais ilustres. Ficarei por aqui, na “capitá”, corroído, triste, deixando escorrer as lágrimas – como acontece neste momento que escrevo esse texto.

Primo Rose, sertanejo cabra da peste. Você não foi; você é enorme, um carequinha adorável com cara de menino “astucioso”.

Sua partida, na tarde desta sexta-feira 18 de novembro de 2022, arrebentou o coração desse seu primo Joca. Nem sei como vou contar a mamãe, minha menina de 86 anos, essa sua arrumação de ter ido embora tão ligeiro; parecia que estava testando um carrão daqueles que você era acostumado a pilotar por esse mundão de meu Deus.

Mas você cumpriu sua missão de forma magnífica. Sua fé, inabalável, amigo velho, cultivou o amor, a crença e a certeza da presença de Deus entre nós, materializado em gente da sua qualidade.

Abraço, Primo Rose.

Obrigado por tudo! Até, “seu minino”…

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4 respostas para “Rosemilton vive!”

  1. Régia Barros disse:

    Sou sua irmã mais nova do que ele 3 anos, meu amor se foi allegrar a Deus com suas escritas, meu matuto, minha referência de vida, deixou um vazia enorme em minha vida e na vida dos outros irmãos, éramos em cinco, ele sempre foi nosso exemplo de vida, filho, irmão pai e amigo, como poucos, vou sentei muito sua falta, não estou preparada pra isso, vai meu amor brilhar lá no céu, vou está aqui como sempre ti aplaudido de pé, você foi e sempre será meu herói, um dia nos encontraremos 🖤

  2. Adla Rejane da Costa Silva disse:

    Meu querido irmão te amarei muito além da eternidade.

  3. Marelide disse:

    Saudades eterna desse amigo irmão obg por tudo qe vc fez pela minha família serei grata para sempre meu irmão de coração te amo

  4. Fátima Andrade disse:

    Grande profissional,humano, dedicado, uma pessoa que não conhici pessoalmente, mas pelo que ouvi em relação ao q tange a Rosemilton, é até difícil descrever o legado dele.