Quantas de mim cabem em mim mesma?
Mariana Rodrigues – Psicanalista e Advogada e, nas horas vagas, cronista Quantas de mim cabem em mim mesma? Quantas uma só é capaz de interpretar por amor ou conveniência? Uma moeda cara de infinitos lados, e nenhuma coroa.
Mariana Rodrigues - Psicanalista e Advogada e, nas horas vagas, cronista
Quantas de mim cabem em mim mesma?
Quantas uma só é capaz de interpretar por amor ou conveniência?
Uma moeda cara de infinitos lados, e nenhuma coroa. Não sou a rainha do meu próprio reinado. Troquei o trono pela liberdade plebeia de cantar e dançar minhas tristezas e evitei vender minha alma aos caprichos dos que não são mas cobram que sejam.
Não condeno, primeiro porque a mim não cabe condenar, depois porque sei que aqueles que de mim se afastam é por autopreservação; se quebro copos de vidro, o que dirá corações?
Um dia acordo brisa, no outro furacão. Se pela manhã sou água morna, à noite me mostro vulcão.
Quebrei a alavanca que fecha as comportas do sentir; mas só aperto o botão do falar quando estou propensa a me iludir ou a acreditar.
Como é bom sentir a incerteza do que sou, mas afirmar a textura do que vivo, a cada gesto espontâneo do intenso corpo que habito.