Beatles 60 anos

outubro 9, 2022

Alex Medeiros [alexmedeiros1959@gmail.

Alex Medeiros [alexmedeiros1959@gmail.com ]

A cidade de Liverpool praticamente parou ontem para celebrar os 60 anos da estreia oficial da maior banda de pop music de todos os tempos. O mundo todo também destacou a data histórica de 5 de outubro de 1962, quando os Beatles lançaram o primeiro disco, um singelo single intitulado Love Me Do e tendo duas músicas, uma delas a que deu nome ao compacto. A outra foi P.S. I Love You, e ambas estariam no primeiro Long Play, intitulado Please Please Me.

No último dia 5, o single de estreia foi tocado por novos artistas na mesma casa em que as duas canções foram escritas há seis décadas. Dois cantores se apresentaram com um trabalho cover na residência onde viveu Paul McCartney na sua infância, na localidade de Allerton. Numa das paredes, em destaque, uma grande foto mostrava Paul e seu amigo John Lennon, ambos escrevendo. Antes do single, os Fab Four só haviam gravado em disco do cantor Tony Sheridan, quando o acompanharam em Hamburgo, na Alemanha.

Paul McCartney e John Lennon, ambos escrevendo - Foto: Diário dos Beatles

Quando Love Me Do chegou às lojas, numa sexta-feira, trazia nele uma gravação realizada, em 4 de setembro daquele 1962, com Ringo Starr atuando na bateria. Mas logo vieram outras versões gravadas no dia 11 de setembro.

É que após a sessão de gravação do dia 4, o produtor George Martin levou para o estúdio o baterista Andy White, que também tocou bateria durante as gravações, com a participação de Ringo Starr se limitando a tocar um pandeiro.

Em todas as reedições do primeiro disco, lançadas tanto na Inglaterra quanto nos EUA, tinha Ringo na bateria. Mas quando houve uma nova prensagem, em 21 de setembro de 1963, eram as baquetas de Andy White em total atividade.

Ringo Starr - Foto: Terra

Aquela alteração se tornou um mistério pelos anos afora, pois nem George Martin e nem seu assistente na EMI Parlophone, Ron Richards, nunca tiveram uma explicação convincente se a troca foi um ato intencional ou coincidente.

Até mesmo Paul McCartney e o próprio Ringo, anos depois, chegaram a afirmar que a primeira versão do single não tinha a bateria do substituto definitivo de Pete Best. Mas os registros históricos comprovaram o contrário.

Aliás, aquela gravação que foi para as lojas, em 5 de outubro, esteve também presente no primeiro LP, Please Please Me, o álbum de estreia que chegou no mercado em 22 de março de 1963 e deu início ao fenômeno da beatlemania.

A partir dali todas as versões de Love Me Do que eram lançadas traziam a gravação feita com Andy White na bateria e que quando chegou nos EUA, em 1964 (o ano da travessia dos Beatles), se consagrou como a melhor versão.

Um fato ventilado e nunca contestado foi que a EMI perde. Faltou a gravação master com Ringo, de 4 de setembro de 1962, e preservou somente a de White feita uma semana depois, em 11 de setembro. E aquela foi a única fita restante.

Um outro momento confuso naqueles dias envolveu a vendagem de 250 discos promocionais de Love Me Do, em que o prenome de Paul apareceu impresso errado, “McArtney”, sem o C maiúsculo. O tempo fez do disco uma raridade.

Há dez anos, em 2012, quando a Apple resolveu reeditar o disco nas comemorações dos 50 anos, de novo a versão com Andy White foi prensada. Com o deslize feito, correram para buscar a versão com Ringo no velho single.

Com letras simplérrimas e em ritmo de balada contagiante bem própria dos bailinhos escolares da época, Love Me Do e P.S. I Love You estouraram nas rádios da Europa, depois atravessaram o Atlântico e transformaram os Beatles num culto quase religioso que persiste sessenta anos depois.

Em 11 de fevereiro de 1964, os Beatles fizeram seu primeiro show nos EUA - Foto: Penso, logo escrevo

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