Morre Pedro Casaldáliga, o bispo dos pobres e dos índios
Morreu Pedro Casaldáliga.
Morreu Pedro Casaldáliga. Viva Pedro Casaldáliga!
Ele veio para o Brasil como padre, em 1968, o ano do AI-5, e foi sagrado bispo em 1971, meio sem desejar o posto, sempre em São Félix do Araguaia, terra até hoje do perigo, das ameaças, das tocaias.
Mas Pedro Casaldáliga seguia seu lema: Nada possuir, nada carregar, nada pedir, nada calar e, sobretudo, nada matar.
Fundou, com outros bispos, o Conselho Indigenista Missionário, quando não havia, aqui e no mundo, consciência sobre os direitos imemoriais dos primeiros brasileiros à sua terra, à vida e a sua cultura ancestral. Faria o mesmo com a Pastoral da Terra, para defender os lavradores que a fecundam.
Por isso e por ser quem é, varias vezes quiseram expulsá-lo daqui. E daqui ele não saiu nem sairá.
Aos jovens dos anos 70, como eu, acostumados a uma Igreja que, até poucos anos, dava as costas para o povo e orava em latim para não ser entendida, Casaldáliga fez o milagre de acordarmos para o fato de que ela não era só um prédio com uma cruz em cima, habitado por gente que não era deste mundo, mas por seres humanos como nos sentíamos: sedentos de justiça, de felicidade e de justiça na Terra, não só o paraíso prometido para a morte.
Aprendemos que a fé não existe para separar entre crentes e ateus, mas para nos unir a toda a humanidade.