Velório III
Por Haroldo Varela – “Me leve com você, não quero mais viver”.

Por Haroldo Varela
- "Me leve com você, não quero mais viver". Ouviu-se o grito de Júnior
Nessa hora é difícil, a despedida. A sensação de não poder ver a pessoa nunca mais, é inaceitável. Mas o ritual do velório continua, o momento é de profunda tristeza.
Mas, sempre tem um "mala" que resolve fazer aquele discurso para homenagear o falecido. Parece até que eram amigos íntimos, que nada... só conhecido. É daqueles que não pode vê um microfone em sua frente. adora falar em público. A sorte é que o discurso é genérico e cabe a qualquer um que partiu.

Meu Deus! Lá vem o Jorge, entrando na sala de velório, cheio de cachaça. Os presentes acompanham seu andar cambaleando até o caixão onde está o finado. Tira seu companheiro de boemia - o violão -, que trazia pendurado nas costas e resolve cantar a música preferida do defunto. Aí o momento já não é de tristeza. As pessoas presentes prendem as risadas e balançam a cabeça negando aquela situação hilária.

Pouco depois, a viúva que, até então, estava aos prantos, começa a botar cara feia quando vê a "tal dona (magra) de luto fechado", chorando mais do que ela.
Mas o tempo fechou mesmo, foi quando o garotinho, até parecido com o finado, grita aos prantos -"Adeus painho".
Vida que segue.
