SANTO AGOSTINHO E O TEMPO
Nadja Lira – Jornalista • Pedagoga • Filósofa Os dicionários de Filosofia definem o tempo como sendo o período sem interrupções no qual os acontecimentos ocorrem; continuidade que corresponde à duração das coisas (presente, passado e futuro); o que se consegue medir através dos dias, dos meses ou dos anos; Período específico que se situa […].
Nadja Lira – Jornalista • Pedagoga • Filósofa
Os dicionários de Filosofia definem o tempo como sendo o período sem interrupções no qual os acontecimentos ocorrem; continuidade que corresponde à duração das coisas (presente, passado e futuro); o que se consegue medir através dos dias, dos meses ou dos anos; Período específico que se situa no contexto da pessoa que fala ou sobre quem esta pessoa fala; Circunstância oportuna para que alguma coisa seja realizada: As divisões menores em que a categoria do tempo se divide: Tempo futuro; tempos do imperativo.
Santo Agostinho teoriza sobre o tempo partindo de dois pontos específicos: O primeiro é aquele que considera o tempo em suas modalidades de presente, passado e futuro como existente apenas na consciência: É o que ele chama de tempo subjetivo. O segundo é aquele em que sua teoria sobre o tempo toma um direcionamento epistemológico: O filósofo explora o tempo objetivo, o tempo exterior à consciência.
Em ambos os momentos, Santo Agostinho determina a validade da realidade do tempo tanto em seu aspecto subjetivo, quanto em seu aspecto objetivo sempre com base no primado do presente.
O presente é, para ele, o próprio fundamento do tempo, determinando, inclusive, as duas outras modalidades: O passado é validado pela visão presente das coisas passadas e o futuro pela visão presente das coisas futuras.
O tempo, para Agostinho, é visto em sua condição de um elemento exterior e anterior à consciência, pois, como criatura, tem seu princípio ligado ao próprio princípio do mundo e está vinculado, apenas, à mente de Deus.
O que é o tempo? Questiona Agostinho. “Se ninguém me perguntar, eu sei; se o quiser explicar a quem me fizer a pergunta, já não o sei. ” (Confissões – Agostinho, Livro XI)
Agostinho mostra como é difícil entender de que modo existem passado e futuro. De fato, não há como defender que eles existem realmente, pois o passado já não existe mais, e o futuro ainda não existe.
Para ele, o passado e o futuro só existem no presente, uma vez que o passado existe como lembrança do que já foi, e o futuro existe como antecipação do que será.
É desse modo que medimos o tempo. Ao dizermos que um certo poema é longo, por exemplo, sabemos disso porque lemos o poema e, na medida em que lemos, guardamos na memória o que já passou do poema, mantemos a atenção no que estamos lendo, e projetamos no futuro o que leremos.
Ao terminarmos a leitura, tudo virou lembrança, passado, e nossa memória é quem nos fala sobre a duração do poema.
Segundo ele, nossa compreensão do tempo é psicológica e se perguntarmos “com que meço eu o tempo”, Agostinho responde: Com meu espírito