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setembro 13, 2021

ARTIGO: Um Protagonismo diferenciado

Pe.

Pe. Matias Soares Pároco da paróquia de Santo Afonso Maria de Ligório/Natal-RN

O Papa Francisco nos fala que temos que iniciar processos. A nossa cidadania cristã, no Mundo, não pode ser só, e somente só, a da ocupação de espaços. Essa postura está obsoleta, ultrapassada e anacrônica. Infelizmente é o que percebemos em muitas situações de realidades humanas, onde quem está à frente, não guia; mas sim é carregado nas costas de quem deveria ser liderado.

Quando só ocupamos espaços, somos carregados pelos indivíduos e pelas instituições das quais fazemos parte. Vivemos em função e por causa do que os outros construíram. Não desenvolvemos, nem fazemos história; mas somos arrastados pelos ventos, assim como as penas lançadas que não sabemos onde estão, nem para onde vão. Hoje, vivendo estes tempos difíceis, estamos sendo interpelados a buscar e a testemunhar um “protagonismo diferenciado”.

Quem tomar as rédeas da dinâmica da vida, no discernimento, com oração e estudo, aberto a sentir os sinais dos tempos, considerando que temos um mundo novo, com uma fase espiritual e com suas idiossincrasias, que está abrindo-se e que exige de todos nós uma capacidade hercúlea de reinvenção, terá muito mais condições de fazer a diferença nas instituições neste momento complexo da história da Humanidade. Na vida eclesial essa exigência é intensificada e potencializada. Temos que puxar essa responsabilidade para cada um de nós, nas comunidades das quais fazemos parte. A nossa estrutura mental tende a nos colocar sempre numa situação de comodidade e conforto. Celebrar sacramento já é tudo pronto. As exigências são mínimas.

O povo “ainda” está desejando e confiando nestes canais da graça de Deus, enquanto alguns ministros estão coisificando estes “sinais”, com fins econômicos e de mundanidade. Por isso, enquanto existe fé sobre a terra, nos utilizemos das várias oportunidades na educação para a abertura de coração na formação sobre a Campanha da Fraternidade 2022. A pandemia nos provoca, mais uma vez, a um estilo novo de assumir esse “protagonismo diferenciado”. Não podemos estar com atitudes pueris. A desestruturação sanitária gerou muitas outras decomposições: na economia, na política, na vida religiosa, na familiar e nas subjetividades.

É neste sentido que a ideia do Papa sobre a importância da “iniciação de processos” precisa encontrar “Eco” nas mentes e nos corações de quem está à frente das responsabilidades de exercício de liderança. Enfim, é mais uma preocupação que tenho em meu íntimo e quero torná-la comum, a fim de que possamos nos “cansar no exercício de pensar”.

A Igreja nos trouxe um integral e consistente ensinamento conciliar sobre o protagonismo de todos os fiéis batizados. Na relação entre ministros ordenados e demais membros do povo de Deus, a relação e a dinâmica deste protagonismo são diferenciadas. É importante que os fiéis todos tenham clareza sobre esse aspecto do modo de ser e agir da Igreja na sua catolicidade.

Estamos a nos preparar para a realização do Sínodo sobre a sinodalidade. O Papa Francisco sabe que está iniciando processos. Ele não é alguém que só ocupa lugar. No momento, é quem faz acontecer na Igreja e para o Mundo. Assim o seja!

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