César Santos - É jornalista e fundador do portal www.defato.com
Quem vai jogar mais querosene no fogo de Brasília? A capital federal está ardendo em crise. E vai piorar. O presidente Bolsonaro (sem partido) não dará trégua aos ministros do STF e a Suprema Corte não dará trégua ao inquilino do Palácio.
Só que tudo tem um limite, inclusive, a briga de Brasília. Não há como sustentar uma crise política e institucional por longo tempo. As estruturas que sustentam os Poderes cederam ao fogo. Antes que isso ocorra, há de chegar os bombeiros. Não será agora, porque agora a crise interessa a todos os lados envolvidos, com ou sem razão.
Diante da barafunda federal, é possível extrair alguns pontos desse processo - pouco republicano – com leitura direta à sucessão presidencial 2022. E o que temos no momento?
- O ex-presidente Lula (PT) é favorito conforme todas as pesquisas, porém, o seu antigo carisma não é mais o mesmo;
- O presidente Jair Bolsonaro continua sangrando na ponta do canivete da CPI da Pandemia e a queda de popularidade está cada vez mais acentuada;
- O chamado “centrão” caiu de quatro na vala do esquecimento e não mostra força para voltar à superfície eleitoral. Morto neste momento;
- O governador de SP, João Doria (PSDB), não consegue derrubar o serrote da rejeição porque caiu em desgraça e muito dificilmente voltará ao pelotão de cima da corrida presidencial;
- O ex-deputado Ciro Gomes (PDT) mais parece um museu de memória da política pouco visitado, dado ao desinteresse do eleitor brasileiro. Não fosse a sua fala quase sempre radical ou esdrúxula mesmo, já teria caído no esquecimento;
- O ex-juiz Sérgio Moro se mantém próximo de dois dígitos em todas as pesquisas eleitorais, no entanto, a sua posição política é de difícil leitura para o brasileiro mais simples. Todavia, está na faixa de disputa;
- O presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (DEM/MG), precisa de muito poliplex para nutrir o projeto de candidatura presidencial. Até aqui, não cheira nem fede;
- Por fim, o brasileiro se apresenta muito mais preocupado com o bolso, observando a oscilação dos índices econômicos, não se permitindo, agora, mergulhar no processo eleitoral. Pouco importa, nesse momento, quem está na frente ou atrás na corrida presidencial. O povo quer saber se terá condições de pagar a conta de luz, água e fazer a feira no fim do mês.
Portanto, como diz o ditado, não há nada de novo no reino da Dinamarca, nem disposição dos personagens dessa história triste, de mudar o cenário para melhor. E assim continuará. Brasil dos Poderes trincados.
Até quando, meu Deus...