Um Papa novo
Por Ugo Vernomentti (publicado na coluna de Alex Medeiros – Tribuna do Norte) Meu Karo colunista, eis-me aqui outra vez cobrindo para você um Conclave, o que bate um saudosismo dos primeiros dias em Roma quando vi a eleição do cardeal Albino Luciani, naquele agosto de 1978, quando tu ainda estavas em Buenos Aires festejando […].

Por Ugo Vernomentti (publicado na coluna de Alex Medeiros - Tribuna do Norte)
Meu Karo colunista, eis-me aqui outra vez cobrindo para você um Conclave, o que bate um saudosismo dos primeiros dias em Roma quando vi a eleição do cardeal Albino Luciani, naquele agosto de 1978, quando tu ainda estavas em Buenos Aires festejando a Copa da geração Kempes, Ardiles e Passarella.
Como te falei durante a terceira fumaça preta, não consegui cadastramento para o acesso ao Vaticano, então trabalhei apenas na Praça de São Pedro e na sacada do apartamento do Hotel Sant’Anna, a 600 metros da Capela Sistina e que fiz questão de me hospedar para ter as mãos da Mãe Seridoense sobre mim e sobre a multidão que veio acompanhar o anúncio do Papa Leão XIV.
A foto acima foi feita com meu celular e consegui não apenas focalizar a fumaça branca como também uma pomba (talvez o espírito santo) e o drone que a Tribuna me deu para usar nesta semana de trabalho aqui na Itália.
Emocionante ouvir ao longe a multidão irromper em aplausos. Dava para perceber o choro das freiras e vozes gritando “Viva o Papa”. A fumaça saiu às 18h07, o que me fez lembrar minha mãe ao pé do rádio na Hora do Ângelo.
Não vou avaliar agora o perfil do novo Papa e nem pressentir sobre os primeiros meses do seu pontificado, mas citar algumas coisas que me pareceram sinais ou elementos para-semióticos antes e após o anúncio.
Sabemos que Robert Prevost é um missionário com carreira religiosa no Peru e liderando o poderoso escritório de bispos do Vaticano. Agostiniano, é o primeiro Papa norte-americano em 2.000 anos de história da Igreja Católica.
A leitura do seu nome na sacada da Basílica surpreendeu estudiosos católicos e jornalistas nem tão cristãos assim, que ao longo da semana especularam os nomes do italiano Pietro Parolin, do húngaro Péter Erdó e do filipino Luis Tagle.
Mas alguns acontecimentos anteriores me deixaram alerta, por maior que fosse o desalinhamento com o Conclave. Logo após a morte de Francisco, Giorgia Meloni foi à Casa Branca e há poucos dias Donald Trump se vestiu de Papa.
Muitos dirão que estou com teorias da conspiração, mas como disse o jornalista Sérgio Augusto, em 1976, que “a realidade é bem mais complexa que a cabeça do senador Dinarte Mariz”, cabe como uma luva na imprensa atual.
Ao homenagear Leão XIII, que escreveu “Rerum Novarum” (em latim “Mundo Novo”), o novo Papa reescreverá a rota da igreja nos EUA, o novo mundo como se dizia na Era das Navegações. Um Papa novo da terra de Donald Trump.
A ascensão do Papa americano é um banho de água fria na banheira do ataque do ABC. E completa um conjunto de vitórias para o turismo dos EUA com a Copa do Mundo, um Mundial de Clubes, as Olimpíadas e o Vaticano.
Há quem diga que o caminho para a escolha de Robert Francis Prevost começou quando Lionel Messi, apóstolo do deus Maradona e anjo de Francisco, achou sua estrada de Damasco em Miami. No primeiro rugido do Leão, a sentença: “Cristo nos precede, o mundo precisa da sua luz”. É gol!