UM PAJEM DE QUATRO PATAS
Nadja Lira – Jornalista • Pedagoga • Filósofa Na cerimônia mais esperada da família Linhares, todos os olhos estavam voltados para o altar, as flores impecavelmente alinhadas e os convidados impecavelmente vestidos.

Nadja Lira – Jornalista • Pedagoga • Filósofa
Na cerimônia mais esperada da família Linhares, todos os olhos estavam voltados para o altar, as flores impecavelmente alinhadas e os convidados impecavelmente vestidos. Mas nenhuma expectativa se comparava àquela que antecedia a entrada mais aguardada: a do portador das alianças. Não era uma criança de terno, nem um pajem sonolento. Era ele: Jorel, o Fox Paulistinha mais charmoso, astuto e, sem dúvida, o mais paparicado.
Jorel não é apenas um cachorro. Ele é praticamente um membro da família. "Filho" de Rodrigo e Thalita e legítimo bebê da casa. Ele é dono de um latido expressivo, olhos cheios de opinião e um faro afiadíssimo para detectar visitas que devem lhe prestar homenagens, ou seja, coçar sua barriga assim que ele sobe no sofá com toda pompa.
A relação que temos, nós, os “meros humanos”, com Jorel, é de servidão carinhosa. Eu, como “tia” dedicada, já aprendi: não há conversa com os donos antes de o ilustre peludo receber sua saudação oficial. Uma coçada na barriga é o mínimo que ele espera de mim.
Mas naquele dia especial, o cãozinho superou a si mesmo. Com um traje digno de um membro da realeza canina — gravatinha borboleta, Jorel entrou marchando entre as cadeiras como se tivesse ensaiado por semanas. E tinha! Foi adestrado com a mesma seriedade que se aplica a uma tropa de elite, e com direito a petiscos gourmet, como recompensa.
O silêncio solene da cerimônia foi quebrado por suspiros e sorrisos ao vê-lo cruzar o corredor, focinho erguido e postura impecável, levando no dorso um pequeno estojo com as alianças do casal. Foi aplaudido como se tivesse acabado de declamar um poema ou salvar um gatinho da árvore. Um verdadeiro showdog para ninguém botar defeito.

Jorel não apenas cumpriu sua missão — ele roubou a cena, os corações e provavelmente alguns petiscos. Mas quem poderia culpá-lo? Para um cão que já se considera o centro da casa, ser o centro da festa foi apenas natural.
E assim, com latidos ocasionais de aprovação e olhar atento para garantir que ninguém fizesse corpo mole com os agrados, Jorel assistiu com certo orgulho, ao casamento dos seus “pais”. Afinal, naquele dia, o amor estava no ar — mas também um irresistível cheiro de churrasquinho vindo da cozinha estava a espera dele.
E no meio de tudo isso, podemos perceber, que não é todo dia que um bebê de quatro patas carrega nas costas o símbolo do amor eterno… com tanta elegância e sem babar nas alianças.