Última visita de Frei Damião à Terra dos Mártires
Ricardo de Moura Sobral, advogado e escritor Era o ano de 1985.

Ricardo de Moura Sobral, advogado e escritor
Era o ano de 1985. No interior falava-se das perspectivas de bom inverno; em Natal, da primeira eleição direta para prefeito depois de restabelecidas para as capitais. Em São Gonçalo uma notícia da visita de Frei Damião a São Gonçalo do Amarante, correu como rastilho de pólvora.
Não poderia ser diferente. Afinal de contas, junto à comunidade católica, quem haveria de ter mais prestígio, senão Frei Damião?
Depois, dando ares de dramaticidade à informação acrescentava-se que àquela seria a última visita do Capuchinho ao município.

Um jovem atleta da cidade, tendo recebido tais informações, viu ali sua última chance de se confessar com “Padrinho Frei Damião”. Enfrentou uma fila quilométrica, dando voltas na igreja matriz.
Ao chegar sua vez, ajoelhou-se piamente no confessionário. Emocionado, não compreendeu a pergunta de um Frei Damião já praticamente afônico e bastante cansado. O pior de tudo era que não tinha nem ideia de que se tratava.

E agora, o que iria responder a Frei Damião? Logo ele que há muito acalentava o sonho de se confessar com o frade. Disse para si mesmo:
- Meu Deus o que vou responder para Frei Damião???!!!
De repente, numa fração de segundos, teve uma ideia salvadora. Não poderia de jeito nenhum contrariar o missionário.
- SIM! Foi sua resposta decidida.

A reação de Frei Damião foi instantânea, feroz e surpreendente. A ira do frade foi tamanha que brotou nele uma força que não se harmonizava com seu frágil corpo. Sua voz assumiu uma tonalidade tão vigorosa que seria mais própria em um seminarista. Levantou-se do confessionário, segurou o devoto pelos cabelos, sacolejou sua cabeça em todos os sentidos e exclamou:
- Não pode! Não pode! Não pode!
O fato chamou a atenção de toda a assistência. O penitente, agora visto como grande pecador, foi saindo de fininho, todo sem jeito e desorientado daquela situação constrangedora.
Para tentar entender o que havia ocorrido, indagou a um circunstante se havia escutado a pergunta de Frei Damião.
- Ele perguntou se você fazia sexo com animais.
Certa vez em Mipibu, fui ao coficionário e
não sabendo me confessar ele ficou bravo e eu saí de fininho. Kkkkkk