Sim, chegamos aos 45 anos
José Alves (‘Dedé do Alerta’) – Editor do blog e do Jornal O ALERTA Depois de comemorar 45 anos, no dia 20 de março O Alerta agora, chega a 539ª edição de circulação, Só suspensa durante a pandemia do Covid 19 (2020-2022).

José Alves ('Dedé do Alerta') - Editor do blog e do Jornal O ALERTA
Depois de comemorar 45 anos, no dia 20 de março O Alerta agora, chega a 539ª edição de circulação, Só suspensa durante a pandemia do Covid 19 (2020-2022). O leitor conhecerá um pouco da história e evolução por que passou o jornal, desde aquele ‘jornalzinho’ mimeografado, lançado em março de 1980. Vale à pena conhecer um pouco dessa trajetória, que se confunde com a história do editor e diretor, o jornalista José Alves, mais conhecido por ‘Dedé do Alerta’.

MINHAS ORIGENS - Sou sertanejo, de Cerro Corá/RN, cidade do Seridó potiguar. Minha infância foi na cidade de Assu. Aos 12 anos, meu pai Artur Galdino que era comerciante e minha mãe, a professora Saturnina Alves, vieram residir em Baiixa Verde (atual João Câmara), onde fiz o antigo curso ginasial. Minha adolescência foi marcante como todos os jovens da época. Copiava as tendências dos ídolos da Jovem Guarda, dos Beatles, no vestuário, músicas, indumentárias. Frequentei muitas festas com luz negra. Era o máximo ir vestido de branco para destacar.
Em 1971 fui morar em Natal, para fazer o Curso Técnico de Estradas, na antiga Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte (ETFRN), hoje IFRN. Concluído o curso, em fevereiro de 1975, fui estagiar em uma empresa de conservação de estradas ,da BR 101, entre Natal e a Divisa do RN/PB, cujo escritório ficava em São José de Mipibu. Trabalhei como Técnico de Estradas por sete anos.
ATUAÇÃO NA IGREJA - Em São José de Mipibu, logo que cheguei me integrei nos movimentos de juventude da Igreja Católica. Movimentamos outros jovens na área de teatro, evangelização, conscientização política, já que vivíamos numa situação política nacional com a ditadura militar e era preciso discutir a realidade política em que vivíamos.
Nos anos de 1980, a moda era discutir sobre “abertura política”. Diversos movimentos de estudantes, operários e agricultores erguerem a sua voz para exigirem direitos individuais. Já que vivíamos a restrição, imposta pelo regime militar. A oposição ao sistema vigente estava articulada: jornalista, movimentos políticos, estudantes, igrejas, intelectuais, movimento pela anistia...
A Igreja Católica passava por um processo de grande mudanças (“era a Teologia da Libertação”) e , posteriormente, a vinda do Papa João Paulo II ao Brasil, ainda em 1980, foi interpretada como uma força para esse tipo de atitude de engajamento social dos católicos.
Grandes figuras, como Dom Hélder Câmara, Dom Evaristo Arns e Dom Pedro Casaldáliga, Frei Beto e Frei Leonardo Boff, defendiam os direitos humano, denunciando, as injustiças sociais, exigindo que o governo mudasse suas atitudes.
Nesse contexto, nasceu O Alerta, jornal idealizado por quatro jovens, eu (José Alves), Paulo Palhano, Gilson Matias e Maria Neli, que participávamos de Juventude Integrada Mipibuense (JIM) ligada a igreja de São José de Mipibu e a Pastoral de Juventude da Arquidiocese de Natal.
INTERESSE PELO JORNALISMO - Quando frequentava o curso ginasial, em João Câmara (1967–1970), fazíamos um jornal mural, com matérias de âmbito escolar e que eram afixadas em um mural de fácil acesso aos estudantes. No movimento juvenis também colaboramos com artigos que eram publicados na sede do Grupo de Jovens, até que surgiu a ideia de convidar outros jovens para fundar um jornal.
Em 20 de março de 1980 o ideal desses jovens começou a se tornar realidade com o lançamento da primeira edição de um jornal, tamanho oficio, mimeografado. O jornal era fruto da inquietação desses quatro jovens que pretendiam dar à cidade uma alternativa de informação, divulgando os acontecimentos da cidade, além de um espaço de reflexão para o momento de abertura política que o país começava a viver.
O SURGIMENTO DO O ALERTA - A tiragem inicial, em março de 1980, foi de apenas 40 exemplares mimeografados. Ao longo desses 41 anos, o jornal passou por transformações gráficas, que deram nova roupagem, proporcionando maior destaque à leitura passando a ser impresso com algumas páginas coloridas. Alguns colaboradores participam do periódico, escrevendo e reforçando o caráter informativo proposto por José Alves. As colunas comunicam os principais acontecimentos da cidade, na política, no esporte, na sociedade, contando a história e as transformações que são implementadas no município, além de esclarecer sobre os direitos e deveres do cidadão. São espaços que privilegiam a informação de utilidade pública. A melhoria da qualidade foi acompanhada pelo acréscimo do numero de leitores, fazendo com que chegue mensalmente nas residências dos leitores, ávidos pelas notícias da terrinha.
AS DIVERSAS FASES DO ALERTA

Edição nº 01 - Março de 1980
Fundado em 20 de março de 1980, o jornal O ALERTA passou por diversas fases. De início, de circulação quinzenal, impresso em mimeógrafo em duas folhas de papel – tipo ofício, depois, teve o número de páginas ampliado para atender o leitor cada vez mais exigente, que queria mais notícias. Essa fase durou até agosto de 1989. As matérias eram datilografas em máquina Olivetti comum em estêncil, para depois ser “rodado” em mimeógrafo à tinta. Posteriormente, passou a ser impresso em um mimeógrafo mais moderno que imprimia o papel com fotografia. Um avanço para a época.
A segunda fase já em tamanho 32 cm x 46 cm, as matérias eram digitadas em um microcomputador, conhecido por “composer” que digitava as matérias direcionando para uma impressora, utilizando esferas. O jornal obteve uma boa aceitação e contou com colaboração de anunciantes do comércio que acreditou na linha editorial de se fazer um jornalismo sério e imparcial.

No ano de 2002 o jornal é impresso pela primeira vez em policromia (cores), atraindo a atenção dos leitores para as fotos coloridas. Nesse período além da digitação em computar, já eram utilizadas fotografias virtuais.

Toda vez que o ALERTA completa mais um ano de existência, é motivo de uma grande alegria, principalmente, quando transformamos em notícias os fatos que fazem o dia a dia de nossa comunidade. Este ano O Alerta chegou aos 45 anos. Para chegarmos até aqui, é necessário ser um veículo responsável, ético, imparcial e comprometido com a realidade dos fatos e procurar ouvir os dois lados da notícia.

A REPORTAGEM INESQUECÍVEL - Há 44 anos, no dia 1º de abril de 1981, a cidade de Campo Redondo/RN, vivenciaria uma data história e inesquecível e que marcaria para a história dos moradores daquela cidade. A previsão do tempo não previa uma chuva tão intensa e que culminou na tarde e noite com o arrombamento da parede do açude Mãe D'água, de Campo Redondo. As águas saíram arrastando tudo que encontravam pela frente.

O Rio Grande do Norte permaneceu cinco dias sem energia, por conta da queda de postes da Chesf que caíram com a força das águas. No dia seguinte, as água eram esperadas em São José de Mipibu. Uma multidão aguardava a chegada das águas no vale dos rios Trairi e Araraí. As águas inundaram todo o vale dos rios Trairi/Araraí e a previsão dos técnicos do DNER era que a qualquer momento as pontes sobre a rodovia BR 101 seriam levadas pela fúria das águas. Houve o arrombamento em uma das cabeceiras da ponte, prejudicando, inclusive, a base de sustentação da ponte sobre o Rio Trairi.
Tudo isso foi presenciado por mim com amplo acervo fotográfico. Acompanhei as reuniões e as providências com a presença de homens do DNER e da Companhia de Engenharia do Batalhão do Exército que, logo em seguida, montaram pontes para as pessoas e pequenos veículos transitarem.
Essa matéria me deu algum trabalho, pois também exercia um cargo de na empresa que trabalhava na restauração da rodovia. Ao final, o jornal saiu e logo se esgotou a edição, pois muitos queriam enviar o jornal para familiares que moravam em outras regiões do país, tudo por conta das ilustrações fotográficas sobre o assunto.
REPORTAGENS QUE FICARAM MARCADAS - As matérias sobre o falecimento do Monsenhor Antonio Barros, atuou por 53 anos na paróquia de São José de Mipibu e do líder político, Janilson Ferreira, que chegou a ser prefeito de São José de Mipibu por três mandatos. Foram acontecimentos muito triste para toda a região. Para mim foi difícil fazer as matérias, unido com sentimento de amizade que me unia aos personagens. Mas, em cada edição do Alerta há uma história sobre as matérias que escrevemos.
A matéria que mais teve repercussão foi sobre a duplicação da BR-101, ressaltando a construção de um muro entre as duas pistas da rodovia. Esse muro além de “dividir” a cidade, iria dificultar o deslocamento dos moradores de uma parte da cidade para o centro da cidade. Tão logo o jornal circulou, começou a indignação e reação da população. No mesmo dia reuniões foram agendadas e realizadas com autoridades. Como não se chegou a uma conclusão, segmentos da comunidade conclamaram um ato de protesto contra a construção do muro e a reivindicação de um retorno (não estava previsto no projeto). O bloqueio da BR-101 ocorreu e logo em seguida e representantes do Dnit atenderam os anseios da população, refazendo o traçado do projeto de engenharia.
EMOÇÃO - Dia desses uma leitora me chamou na residência dela e me apresentou um uma edição do Alerta com folhas amareladas pelo tempo. É que em 1988 eu havia noticiado o nascimento da filha dela. Até hoje guarda com carinho o jornal. Essas coisas não têm como não conter a emoção.
Residia em São José de Mipibu o leitor, Ubirajara Freire, que colecionava as edições do Alerta, desde o primeiro número. Como foi residir em Natal, não sei que paradeiro deu a sua coleção.
Agradeço as inúmeras homenagens que recebi, juntamente com O Alerta, pela Câmara Municipal (recebi o título de Cidadão Mipibuense), Lions Clube, Maçonaria, Instituto Pio XII, INSS, e outras entidades. Sempre tenho dito: “Se querem me homenagear, que o façam enquanto estou vivo”.
MÍDIAS DIGITAIS

A mudança na logística do processo de produção de informações jornalísticas abre a possibilidade alterações relevantes na forma como são produzidas as notícias. Agora qualquer pessoa com acesso à internet e com um sítio web pessoal, mesmo sem formação jornalística, pode publicar informações que julga importantes sem passar pela filtragem de jornalistas, procedimento antes sem espaço no modelo convencional de jornalismo centralizado.
As mídias sociais estão tendo uma atuação que atende o mercado publicitário. Já os jornais impressos estão fechando no Brasil, aqui no Rio Grande do Norte. Nos últimos anos fecharam O Diário de Natal, O Poti, Dois Pontos, Novo Jornal, O Jornal de Hoje, Novo Jornal... (todos em Natal) e ainda: O Mossoroense e a Gazeta do Oeste (em Mossoró).
A situação é que o custo para colocar um jornal nas ruas não acompanha com o faturamento. Esse é o dilema do jornalismo impresso. Mesmo tendo um público cativo que ainda gosta de folhear o jornal, o jornal impresso não conseguirá superar o imediatismo da internet. Essa é a desvantagem que leva o jornal impresso. Mas, vamos levando O Alerta ao público cativo, enquanto eu puder editar.
Durante a pandemia do Covid 19, dei “um tempo” na circulação do jornal O Alerta impresso (2020-2022). Passei a enveredar pelas mídias sociais, lançando o blogoalerta.com.br , onde procuro transmitir as informações, principalmente, de São José de Mipibu. Aos domingos, posto publicações mais leves, como crônicas, fatos históricos, fotografias do passado, entre outros.


Parabéns! Hoje você está colhendo os “louros”, merecidas homenagens pelo digno trabalho jornalístico.
Parabéns ao Jornal o Alerta, pelos 45 anos de serviços prestados, principalmente, aos Mipibuenses. Dedé, parabéns pela coragem e dedicação de levar aos leitores as histórias da nossa querida Mipibu. Como é bom relembrar os causos e casos, que vão ficando nas nossas mentes. Graças à Deus e a você, revivemos o gostoso passado, relatado por tantos conterrâneos, que amam essa terrinha querida. Deus te abençoe. Continue com saúde e muita disposição e coragem. Sabemos que não é fácil, chegar com esse sucesso até aqui.
Parabéns, Dedé. Você fez e faz a história dos mipibuenses. Um legado primoroso para o bem de toda sociedade e feito valioso, meu amigo. Que venha outros aniversários do ALERTA!👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏