Retrato do artista quando jovem só 12

outubro 27, 2024

Franklin Jorge – Escritor e Jornalista Dona Gena – a escritora mineira-assuense Maria Eugênia Maceira Montenegro – foi por mais de 40 anos minha amiga e mestra; alguém que enriqueceu a minha vida com os saberes que adquirira em seu convívio com os livros, de suas experiências e observações em nove décadas de vida.

Franklin Jorge - Escritor e Jornalista

Dona Gena - a escritora mineira-assuense Maria Eugênia Maceira Montenegro - foi por mais de 40 anos minha amiga e mestra; alguém que enriqueceu a minha vida com os saberes que adquirira em seu convívio com os livros, de suas experiências e observações em nove décadas de vida.

Era muito inteligente e hiperativa e tinha, no Assú, uma esplendida biblioteca que pluralidade a minha curiosidade e satisfazia a minha a busca do que valia para os Escolástica em minha busca do Bom e do Belo. Era, como a minha avó, alguém para em que as palavras davam sentido aos sentidos e eram capazes de nos levar até o âmago das coisas.

Nascida em Lavras/MG, ergueu à Praça Getúlio Vargas a casa mais mineira da Ribeira do Assú, onde, desde os meus 14 anos vivi alguns dos momentos mais intensos de minha vida até seus derradeiros dias imersos em uma indescritível pobreza e solidão. Estoica, suportou as privações e o sofrimento, paciência e essa superioridade aristocrática que sabia possuir, também, a minha avó e, num outro sentido, Myriam Coeli; todas essas mulheres admiráveis por pelo espírito inquebrantável que as animava e possuía.

De seu convívio em horas venturosas e amargas que se seguiram à morte de seu esposo - que não fazia alarde de tais virtudes - extrai muitas lições de sua experiência e pude perceber quão necessária se faz para um espírito jovem a experiência e o exemplo; sobretudo para um jovem que se dispudera a ser escritor e levava à sério essa obstinada escolha através da qual desejada fazer-me representar no futuro.

Sim, os mestres são necessários para quem almeja altear-se além da planície. Por sorte o percebi quando dispunha do tempo necessário à ampliação e enriquecimento de meu cabedal de cultura humanística e literária de que precisava para tornar-me a espécie de escritor que desejava ser, reconhecido e acolhido por meus semelhantes.

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