Redinha, Quem te Viu e Quem te Vê
Ricardo Cobra– Editor do blog do Cobra Pesaroso e com muita saudade, caminhava em direção ao quebra mar (guia corrente), e lembrava o tempo em que a Redinha vivia o auge da sua história.

Ricardo Cobra- Editor do blog do Cobra
Pesaroso e com muita saudade, caminhava em direção ao quebra mar (guia corrente), e lembrava o tempo em que a Redinha vivia o auge da sua história. Muito magoado me dirigia ao encontro de dois grandes amigos líquidos em busca de inspirações: De um lado o Oceano Atlântico do outro o Rio Potengi.
Mas já sabendo das dificuldades que iria encontrar, mediante a absurda poluição visual que se encontra a nossa prainha, e quando percebi, já estava próximo ao farol da Boca da Barra, que da acesso ao Cais do Porto, onde é impossível não lembrar das inúmeras manhãs, em que todos despertavam ao soar do apito de um navio, ou dos momentos em que muitos se dirigiam até a praia para vê-lo entrar no porto; tendo ao fundo a linda vista do Forte dos Reis Magos, Círculo Militar, Farol de Mãe Luiza e muitos outros pontos históricos, além dos bairros da Rocas, Ribeira e uma parte do centro da cidade.
Foi aqui que a histórica Coverta “Forte de Coimbra” encerrou suas atividades chocando-se com a pedra da bicuda, de onde saiu cortada por maçaricos, deixando um imenso prejuízo ao nosso patrimônio histórico.
Do barco Albacora que operava fazendo a belíssima travessia Redinha – Tavares de Lira e vice e versa. Outro transporte fluvial que beneficiou a Redinha foi a balsa fazendo a travessia de automóveis, principalmente bugueiros que transportava os turistas por toda parte do nosso litoral. Esta atividade foi encerrada após a construção e inauguração da Ponte Newton Navarro.
Da Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes, erguida de pedras retiradas da praia em homenagem a padroeira do bairro, pelos pescadores e veranistas. É nela que, até hoje, são realizadas as missas, batizados e casamentos e onde acontece o encontro das Santas na procissão, uma vindo pela terra e outra pelo mar.
Da porta d´água ou estilação, era como chamavam o Rio Doce naquela época, onde se tomava um maravilhoso banho, não sendo mais possível por suas águas se encontrarem bastante poluídas. Nessa época, não existia água encanada, eletricidade, tudo era à base de cacimbas, lampiões e lamparinas.
A água era transportada para as residências ou repúblicas, como chamavam as moradias dos estudantes universitários daquele tempo, por tração animal ou braçal por três pessoas que muito contribuíram com esta tarefa árdua e lucrativa: os senhores Beija, Chico Barros (ambos já falecidos) e Luis de Antonio Velho. Ó Redinha! Das praias a pioneira, palco das melhores festas, tendo como exemplo das mais tradicionais, as festas da Santa e do Caju.
O Trapiche, local onde as Lanchas e embarcações atracavam intensamente indo e vindo da capital, carregando e descarregando mercadorias, nativos, veranistas e turistas, não esquecendo os cabeceiros que tanto contribuíram, transportando mercadorias das lanchas para as residências ou vice e versa. Os senhores Chimbal e João Xaréu. O Trapiche a qualquer momento vai fazer parte das coisas que não foram preservadas e deixaram de existir, a foto que ilustra este texto, mostra a situação em que ele se encontra, após uma absurda demolição que foi feita na primeira gestão do ex-prefeito Carlos Eduardo.
Do Mercado Público, é nele onde diversas pessoas param para saborear os variados pratos típicos da região, especialmente, o já afamado “ginga frita com tapioca”. No mercado quero demonstrar meu apreço ao antigo ponto da Dona Benedita, seu Clidenor, Seu Nô, do seu Geraldo Preto e Dona Dalila, todos saudosos, foram pessoas que tiveram uma participação relevante ou talvez a mais importante nesta história.
Do Redinha Clube, fundado em 1942, é outro patrimônio que viu o bairro crescer, foi nesse clube que em épocas passadas, foram realizadas as melhores festas, matinês e os melhores carnavais; sua diretoria era composta por seus sócios fundadores, Sendo ponto obrigatório dos encontros de muitos que lá iam em busca de momentos de descontração. Hoje, desmotivado por seus sócios e sua diretoria, pela imensa invasão de barracas e vendedores ambulantes em suas instalações, impedindo seu verdadeiro funcionamento.
Redinha do jogador de futebol Marinho Chagas, grande representante, que tanto se destacou, chegando a ser o maior lateral esquerdo do mundo, do cantor de serestas Bumbaca, do Guarda de Trânsito Pedro de Beija - ilustre figura, do famoso Pirrixiu, do comedor de gatos Patrício e do pescador Neném de Beija.
Redinha, tu tens um dos melhores carnavais de nosso litoral que conta com a participação dos mais tradicionais blocos: Os Cãos, fundado por Zé Lambreta, Chico Baé, Dodô de Beija, O Aid’s Nós fundado por Fernando Boréu, A Banda do Siri, fundada pelo saudoso João Alfredo e Hélio Rocha, o Baiacu na Vara fundado por Cristina Medeiros que, sai na quarta feira de cinzas, encerrando esse evento de grande tradição.
Do Rancho de pescaria local, mas adequado para se divertir, ouvindo as fantásticas histórias, como a antiga lenda do Fogo Batatão contada por vários pescadores que ali frequentavam.
Do tradicional Bar Pé do Gavião, antigo Barraco do Morro, parada obrigatória dos que passavam por ali para saborear o já conhecido peixe frito e paçoca da saudosa Dona Lourdes e bater aquele papo com João para se informar sobre a Redinha.
Saudades também do Bar da Bica I e II, das discotecas, da sede do Grêmio, da sede do América e do Jalisco Futebol Clube.
Redinha dos saudosos Cândido Medeiros, Paulo Tubarão, Jadir Vilar, Guilherme (Gó), Zé Trék, Antônio milho branco, Alipio Raposo, Fernando Pereira, Túlio Fernandes, Francisco Ivo, Diniz Grilo, Artista Plástico, do Escritor e Folclorista Deífilo Gurgel, Genival Trigueiro, Carlos Barreto, João Alfredo, Zezinho e João Medeiros Filho, Advogado grande Jurista, escritor, seu nome deu origem ao nome da avenida que liga o bairro de Igapó a belíssima praia da Redinh. Não poderia deixar de mencionar o amigo, escritor Vicente Serejo. E muitos outros aqui não mencionados, pois todos acima citados viveram e presenciaram o dia a dia desta praia maravilhosa.
O acelerado crescimento de nossa cidade, principalmente, da Zona Norte, com inúmeros conjuntos habitacionais e loteamentos, contribuiu com a frequência de banhistas fazendo com que a Redinha permaneça lotada aos domingos e feriados.
Mais isso não justificava o completo estado de abandono que se encontrava a nossa belíssima e fantástica Redinha que já foi chamada de praia dos POETAS, e que agora esta sendo revitalizada como merece, uma revitalização a sua altura, com ambientes lindos aptos a recepcionar seus visitantes em grande estilo. A exemplo disso podemos citar o novo e imponente mercado, o Restaurante Mucuripe, dentre outros espaços.
Este é só um pequeno relato, na qual me perdi em recordações do tempo em que o progresso com sua tecnologia e evolução do homem, ainda não havia passado pela Redinha, que tudo era primitivo e mais valioso.
Foto: @descubra.natal