Presente de meu aniversário: “estar em paz com meus defeitos”
Mariana Rodrigues – Psicanalista e Advogada e, nas horas vagas, cronista Último ano e ímpar da faixa dos 20, tenho só um ano antes de entrar no 15 + 15.
Mariana Rodrigues - Psicanalista e Advogada e, nas horas vagas, cronista
Último ano e ímpar da faixa dos 20, tenho só um ano antes de entrar no 15 + 15.
A tradição é a mesma, uma menina e um girassol. O de hoje era o menor menorzinho que tinha na floricultura, talvez porque hoje eu tenha nascido mais uma vez, por já não caber no lugar em que me coloquei.
Cortei, eu mesma, meu cabelo em camadas, pra aumentar o volume que me esconde e disfarça minha fragilidade. Besteira besta minha, diante do espelho da vida estou nua e careca.
Hoje eu abri a janela do Uber e assanhei meus cabelos ao vento. Reconheci cada grama de prazer, loucura e dor que me envolve; decidi deixar somente os de prazer. Talvez eu tenha descoberto que só assistir a aula de Yoga, sentada no sofá, não funciona muito bem.
Eu me desejo movimento, muito movimento, remexer as cartas que estavam na mesa e ninguém quis olhar, nem mesmo eu. Hoje falo de um processo que venho construindo há algum tempo; minhas qualidades são elogiadas várias vezes, mas digo pra mim, todos os dias, o quanto preciso assumir minha maldade, para enfim escolher não usá-la.
Hoje ouvi, providencialmente, que algum mestre sugere que devamos ser gentis conosco; achei tão necessário, que decidi flexionar tal ensinamento ao meu momento.
Esse ano me dou de presente a gentileza de estar em paz com meus defeitos, com meus erros e com a minha auto-decepção, não só diante de mim, mas também diante do outro. Ando muito cansada de sustentar certas certezas, me garanti o atributo da dúvida e me permito não aceitar de cara alguns elogios.
Não é vantagem nenhuma desmentir o espelho. Ao contrário do ano passado, que esqueci que tinha comprado um bolo pra soprar as velhas velas de aniversário, esse ano eu lembrei de me esquecer de comprar. Decidi que vou comemorar a vida sem data marcada, já me bastam as marcas que carrego ao longo dela. O que não impede de eu acelerar o coração a cada gesto de carinho embrulhado com afeto.
Parabéns e continue no seu autoconhecimento…que será sempre inacabado, mas benéfico.
Belo e valioso texto!