PRAIEIRA DE TOUROS
Roberto Patriota – Jornalista e Escritor Olho em direção a varanda do apartamento e fito pela milésima vez a estatueta da “Praieira de Touros” como assim a nominou meu saudoso pai Nilson Patriota.
Roberto Patriota - Jornalista e Escritor
Olho em direção a varanda do apartamento e fito pela milésima vez a estatueta da "Praieira de Touros" como assim a nominou meu saudoso pai Nilson Patriota. Aquela peça de arte belíssima a qual desconheço sua remota origem, acompanha a família há muitas décadas. Mas, só recentemente, me dou conta da sua tão longa presença e existência em minha vida. Trabalhada em porcelana portuguesa, a estátua da praieira com o seu olhar melancólico, segurando pequeno samburá repleto de peixes, remete a uma gravura do final do século XIX, e que me acompanha há pouco mais de seis décadas.
Lembro dela ainda na primeira infância decorando a sala da casa dos meus pais, na Cidade Alta, em Natal. Anos mais tarde ocupou lugar de destaque no Solar Patriota, também, em Natal. Na década de setenta teve seus anos de camponesa na fazenda em Touros, durante ao menos uma década. Por ocasião da inauguração do Hotel Vila de Touros, nos anos 1980, virou atração principal no saguão de entrada da pousada, fixada em uma bancada de estilo romano. Foi fotografada por turistas e visitantes e viveu seus anos de fama e quase top-model.
No início do novo século e milênio, voltou para Natal e me acompanha em um flat que ainda hoje conservo no bairro de Lagoa Nova. Em 2012, outra mudança ocasional para nova casa, e mais outra, até que finalmente a praieira chega a um apartamento de andar altíssimo, na praia de Ponta Negra com vista frontal para o famoso Morro do Careca e oceano atlântico.
Aqui com essa brisa natural e ar fresco ela até ensaiou esboçar um sorriso. Parece feliz e encantada com o cenário. Certamente continuará a me acompanhar ao longo da fantástica trajetória da vida.