Por que futebol e política podem e devem se misturar
Cefas Carvalho – Jornalista e Escritor – Texto publicado na agência Saiba Mais Em uma semana cheia de fatos, pensei em escrever sobre o estranho atentado sofrido por Donald Trump, candidato republicano à presidência dos EUA.
Cefas Carvalho - Jornalista e Escritor - Texto publicado na agência Saiba Mais
Em uma semana cheia de fatos, pensei em escrever sobre o estranho atentado sofrido por Donald Trump, candidato republicano à presidência dos EUA. Também cogitei adentrar os escândalos envolvendo Jair Bolsonaro (provas do roubo de joias e a gravação de um aliado sobre plano de proteger Flávio Bolsonaro). Mas a foto que ilustra esse texto me levou a pensar e escrever o texto abaixo. Parece sobre futebol, tema que amo, e afinal é, mas não só sobre isso. Nunca é só futebol.
A foto é significativa: dois jovens negros, um deles um adolescente que completou 17 anos sábado passado, celebrando uma conquista esportiva expressiva (Eurocopa) representando uma seleção tradicionalmente formada por brancos.
Os jovens em questão são Nico Williams, 21 anos, nascido do país basco mas de pais ganeses, e Lamine Yamal, nascido em Barcelona, de pais nascidos na Guiné Equatorial e Marrocos. Dois pretos de origem africana, filhos de imigrantes, portanto. Daí o simbolismo da foto: a Espanha representada - e vitoriosa - por filhos de imigrantes, alvo político de racistas espanhóis e da extrema direita em toda a Europa.
Futebol e política não devem se misturar, ouço e leio com frequência. Bobagem. Não só podem como devem e sempre foi assim, o brasileiro médio alienado para quem "político é tudo igual" é que nunca percebeu.
Para o mal, política e futebol se misturam desde a segunda Copa do Mundo, em 1934, quando o regime de Mussolini botou na cabeça que vencer o recém criado torneio era uma questão politicamente importante para o regime fascista e investiu pesado na azzurra, enquanto outras seleções, como o Brasil, eram praticamente amadoras e com condições precárias. Em 1938 a Itália repetiu o método e o título e um ano depois começou a Segunda Guerra Mundial.
Em 1954 a Alemanha Ocidental (a parte capitalista do país, pós guerra) conquistou a Copa, o que foi utilizado pelo novo governo para "minimizar" as feridas da guerra e o passado nazista da Alemanha. A mesma Alemanha que de um grupo formado 100% de homens brancos, hoje tem uma zaga formada por dois negros (Rudiger e Tah) e um filho de turcos (Guindogan) como capitão.
Mas voltemos ainda para 1970, quando o governo Médici em plena Ditadura Militar em seu período mais sangrento, capitalizou a conquista do tricampeonato com o timaço de Pelé, Jairzinho e RIvelino para "abafar" tortura e assassinatos. Em 1978 o governo militar na Argentina fez o mesmo com a seleção de Kempes e Passarela campeã.
Mas a política pode ser vista ou feita nos detalhes e nos contextos. Sem passar pela ação efetiva e explícita desse ou daquele governo. Como aconteceu na final da Copa de 2018, que confrontou a França multiracial, com mais de metade do time formado por filhos de negros filhos de imigrantes, além de filhos de espanhóis e nascidos em antigas colônias francesas contra a Croácia, seleção 100% étnica (país ganhou independência nos anos 1980 com a fragmentação da antiga Iugoslávia) com alguns jogadores simpáticos à supremacia branca e com tendências fascistas. Torci para a França, claro, que venceu por 4x2 e se sagrou campeã.
Naquela França jogava Kyllian Mbappe, hoje capitão, que durante a Eurocopa, há algumas semanas, chamou a atenção em entrevistas por criticar duramente a extrema direita do seu país e pedir voto contra ela na eleição francesa, que aconteceu durante a disputa do torneio, com vitória da coalizão de esquerda e direita moderada. No Brasil, muita gente ficou chocada porque um craque de futebol se posicionou tão abertamente sobre política e de forma tão lúcida (condenando o lado político que odeia justamente o que ele é, filho de imigrantes). Muita gente também se perguntou porque no Brasil os futebolistas não mostram essa consciência e posicionamento político.
É uma questão complexa e esse texto nada acadêmico e sim de crônica jornalística não pretende achar respostas fáceis ou conclusivas. O que podemos analisar é a diferença na formação das pessoas. Em países como França, Inglaterra, Portugal, Espanha e Alemanha, jogadores não brancos e de origem migratória têm consciência de que apesar do sucesso e dinheiro, eles continuam representando suas etnias. Ser campeão não torna Zidane menos filho de argelino, por exemplo.
No Brasil, a falácia histórica da "miscigenação racial" gerou um caldo cultural onde o racismo não é admitido, mas o padrão "branco" é supostamente o ideal e a meta a ser alcançada. Portanto, a ascensão social pelo sucesso e o dinheiro "embranquecem" a pessoa, como chegou a declarar o então vice-presidente Mourão (um homem mestiço) e o próprio Neymar ao chegar na Espanha e ser perguntado sobre racismo: "Não tenho problema com isso, não sou negro", declarou. Jogadores brasileiros negros passam a não se ver mais como negros, uma vez ascendendo socialmente. O clichê de que namoram e casam com loiras é só a ponta do iceberg dessa questão.
Há exceções, como Vini Jr. e seu incansável combate ao racismo nos estádios? Claro, mas eles só confirmam a regra. No Brasil, inclusive talvez a regra seja justamente jogadores de Direita, seja abertamente, como Neymar, bolsonarista assumido e convicto, inclusive comportamento seja de maneira mais sutil. O fato é que estar numa posição de poder e ignorar posição política de certa forma é uma atitude política, ou seja, a omissão como maneira de deixar tudo como está. Que é uma postura conservadora.
Futebol e política (no sentido amplo do termo) estão misturados. Os sorrisos dos jovens negros espanhóis nas capas dor jornais da Europa é uma mostra disso. Só não vê não não quer. Ou no fundo na verdade não queria ver esses jovens negros naquela situação.
Futebol é politica:
A seleção brasileira derrotada no Maracanã em 1950, vinha vencendo e convencendo como a maior entre as concorrentes naquela Copa do Mundo, sediada no Brasil. No dia do jogo contra a Seleção azarão a Seleste Olímpica ‘Uruguai” Antes do jogo, os jogadores e a comissão técnica, foram receber antecipado faixas de campeões e condecorações, pelo então presidente da República Getúlio Vargas, excesso de confiança. Em 1970 o Governo Militar, obrigou a convocação do atleta Dario” Dadá Peito de aço ” aquela seleção denominada as feras do Saldanha” Saldanha convocou os atletas do meio pra frente craques camisa 10″ Saldanha deixa a comando técnico da seleção campeã do mundo de 1970, por ser comunista. Os Generai eram e são combatentes ferrenhos do comunismo no Brasil. Como também era o Presidente Getúlio Vargas.
Na Copa do Mundo de 1974, o Governo Militar, queria obrigar ao Craque Pelé a jogar aquela copa. Pelé recusou a convocação. Foi muito forte a insistência do Governo em cima do craque, ameaçou a confiscar os bens do atleta. Pelé não cedeu e foi pra terra do Tio Sam, levando a sua arte, pra aquele país. No clube americano o ” Cosmo” Pelé já consagrado Rei do Futebol, conseguindo a ser melhor até que o Ânjo das pernas tortas. Alegria do povo. Mané Garrincha.
No Brasil, lembro de Afonsinho, Reinaldo do Atlético MG, Sócrates e Casa Grande, ao tempo da democracia corintiana e acho que só…