Pequena história da Usina Luz e Força de São José de Mipibu

maio 18, 2025

Por Lúcia Amaral – Professora e pesquisadora – Texto publicado no Jornal O ALERTA nº 441 – maio/2013 Eli Gomes de Abreu, (mais conhecido Eli Alexandrino) filho do ex prefeito Áureo Tavares de Araújo e de Maria Gomes de Abreu (não foi registrado com o nome do pai, por motivos particulares, que aqui não são […].

Por Lúcia Amaral - Professora e pesquisadora - Texto publicado no Jornal O ALERTA nº 441 - maio/2013

Eli Gomes de Abreu, (mais conhecido Eli Alexandrino) filho do ex prefeito Áureo Tavares de Araújo e de Maria Gomes de Abreu (não foi registrado com o nome do pai, por motivos particulares, que aqui não são relevantes), começou a trabalhar na Usina Luz e Força, de propriedade do senhor Júlio Cavalcanti Ramalho, no dia 1º de setembro de 1957 , conforme Portaria nº 78, do Poder Executivo Municipal e foi exonerado, em 1969, quando a energia de Paulo Afonso chegou a São José de Mipibu, desde 1965.

Um dos motores, de origem inglesa, responsável pela geração de energia de São José de Mipibu e que que bombeava a água da Fonte da Bica para a cidade

A usina foi desativada e alguns dos seus funcionários perderam o emprego, inclusive Eli, após 12 anos trabalhando como Auxiliar de Foguista, ganhando dois mil cruzeiros. O titular Foguista ou Maquinista era João Lunguinho de Souza, ou simplesmente, “Zeriel”, que recebia mais de três mil cruzeiros de salário.

Havia outros funcionários como: Manoel Francisco de Lima (Seu Manoel, de Dona Alexina) foi contratado pela prefeitura para ser ajudante de maquinista, com um salário de três mil cruzeiros, e José Estevão de Lima Filho, conhecido por Zé da Caixa ou “Caxixí, foi contratado para ser o encarregado da caixa d’água da referida usina, de acordo com a Portaria nº 79, de 19 de agosto de 1959, ganhando hum mil cruzeiros; Manoel Lima de Oliveira, ou simplesmente, Oliveira, foi contratado pela Prefeitura Municipal para exercer as funções de Maquinista da Caldeira da Fonte Pública (Portaria Municipal nº 80, de 19 de agosto de 1959), percebendo um salário de dois mil cruzeiros.

Segundo Elí, “o pagamento das contas da luz, era feito na casa do proprietário” (onde atualmente é o anexo da casa da família do senhor Serafim), sob a responsabilidade de uma funcionária, entre elas, a saudosa Isa Palhano. Posteriormente, esse pagamento passou a ser feito nas dependências da usina.

Elí foi vereador em 1963, na primeira gestão do então, prefeito Hélio de Carvalho Ferreira.

O prédio da Usina Luz e Força de São José de Mipibu era formado desde a caixa d’água, onde atualmente é a sede da Câmara Municipal,  até o depósito de lenha, hoje Bar Gruta, formando assim um só bloco: Câmara Municipal, Cerâmica Marta Job, Irmandade São José e o Bar Gruta, onde funcionou até 1965, quando os motores foram arrancados e vendidos como sucata, numa atitude leviana e interesseira de quem de direito na época.

A Usina utilizava lenha. Atualmente o local é o Bar Gruta. “Zeriel” é o de chapéu)

O motor grande gerava a energia e o pequeno, puxava a água da fonte da Bica através de uma bomba, abastecendo, além de São José de Mipibu, os municípios de Nísia Floresta, Monte Alegre, Vera Cruz, além dos vários engenhos que funcionavam na época. Os postes eram de madeira e as lâmpadas de 15 watts.

Antigamente, São José de Mipibu era iluminado pelos velhos e famosos lampiões de gás, como em quase todas as cidades do país, que eram acesos por um funcionário da Intendência. Um desses funcionários foi José Palhano, pai da saudosa professora Eusa Palhano. Todas as tardes-noites, ele saía com um longo cabo de madeira, colocando o gás nos lampiões para depois acendê-los.

Este artigo contou com a colaboração de Elí Gomes de Abreu e Jairo Ramalho, filho de Júlio Ramalho. As Fotos e gravuras são do acervo particular de Maria Lúcia Amaral

O Panelaço dos estudantes

            Em 1959, os estudantes mipibuenses saíram em passeata pelas ruas da cidade fazendo barulho batendo em panelas vazias, fato que ficou conhecido como o “Panelaço dos estudantes”, em virtude da Portaria  nº 61, de 5 de julho de 1959, baixada pelo então Prefeito Municipal Bernardo de Souza Coutinho e aplicada à Usina Luz e Força, por quebra dos contratos  realizados em 16 de novembro de 1956 e 20 de dezembro de 1958.

Em virtude da quebra desses contratos, a cidade ficou às escuras e a prefeitura, por meio dessa portaria, aplicou multa à empresa fornecedora de energia, em duzentos cruzeiros por cada dia que faltasse água e luz na cidade.  

A revolta dos estudantes tinha fundamento. A partir de 18 de agosto desse mesmo ano (1959), através da Portaria nº 118, de 21 de novembro de 1959, a empresa Luz e Força foi comprada pela Prefeitura Municipal de São José de Mipibu, passando a ser administrada pelo Poder Público.

 Júlio Cavalcanti Ramalho

Júlio Cavalcanti Ramalho nasceu na cidade de Pombal, na Paraíba. Casado com Maria Zaíra de Araújo Ramalho, falecida em 5 de maio de 2011. Seus restos mortais estão sepultados no cemitério de São José de Mipibu.

A casa em que residiu a Família Ramalho foi construída por um português residente na cidade e comprada pelo senhor Júlio, proprietário da Usina Luz e Força.

Após a usina ser desativada e seus motores (uma raridade da tecnologia da época) serem vendidos como sucata pelo então prefeito  Hélio Ferreira com o aval dos vereadores, as dependências da usina serviu um tempo como fábrica de parafusos, para depois, ser dividida entre os mais diversos setores como a Irmandade São José, a Cerâmica Leão do Norte (D. Marta Job), as dependências da Câmara Municipal e o bar A Gruta. Essa explicação é apenas para ilustrar a utilidade atual do prédio que foi no passado, responsável pelo fornecimento de energia de São José de Mipibu.

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