Para os amores que nunca serão nossos
Bruna Torres – Jornalista e Escritora @autorabrunatorres Dia desses, com certa falta de prática e questionamentos, fiquei num bate-papo comigo mesma, perguntando-me como nos apaixonamos, de fato.

Bruna Torres - Jornalista e Escritora @autorabrunatorres
Dia desses, com certa falta de prática e questionamentos, fiquei num bate-papo comigo mesma, perguntando-me como nos apaixonamos, de fato. É sobre como o outro nos trata? Atitudes? Personalidade? Beleza? O que faz nosso cérebro processar a informação de que estamos apaixonados? De que alguém faz nosso coração bater mais forte?!
Pensando sobre isso, analisei que não sei ao certo quando irei me apaixonar, novamente, por alguém, perdidamente. Senti aquela sensação adolescente das bochechas coradas, coração batucando forte no peito. A paixão é compulsória ou de forma gradativa? Nós escolhemos por quem vamos nos apaixonar em função de inúmeros fatores?

Dizem que não mandamos em nossos corações, mas em minha concepção, amar é um ato de coragem; requer confiança, reconhecer os desafios, entender os dias bons e ruins, uma ode à adversidade, num mundo tão individualista, pautado no “Eu”. Amar alguém requer coragem, para abrir as portas e janelas do nosso condomínio de confusões internas; dos sonhos frustrados, das inseguranças, dos desejos, dos sentimentos e da honestidade.
Na verdade, acho que após as decepções amorosas tão comuns à vida adulta num mar de incertezas, é necessário ousadia e coragem para amar novamente, para reconstruir sua própria rota após ter planos despedaçados e um coração igualmente destroçado.

Amar é mesmo dançar na chuva? Rir de uma piada ruim? Assistir um filme qualquer na TV juntos? E quanto aos dias ruins? Amar é compreender o outro em meio às suas confusões mentais? Do arquejo em meio a uma semana exaustiva de demandas?!
Me apaixonar, novamente, por alguém vai ser um dos meus maiores atos de coragem e ousadia, como andar de saltos num lago cheio de patos beliscando as minhas canelas. Ainda me sinto uma 'covarde' quando os assuntos são sentimentais. Ainda estou fazendo aquela boa e velha reunião de condomínio, organizando as demandas, pondo tudo em seu devido lugar, um lugar ainda incerto. Vou apostar todas as minhas fichas? Terei incertezas novamente? Saberei lidar com os dias ruins? Esse alguém saberá lidar com os meus dias ruins? E se nós dois não soubermos lidar com nossos sentimentos e devaneios?
Eu costumava acreditar nessa bobagem de “amor para toda a vida”, até o momento que eu precisei ressuscitar e lembrei de uma vez que o cantor Armandinho disse nessa letra de Outra Vida: “Talvez não seja nessa vida ainda, mas você ainda vai ser a minha vida”, e ele explicou que nossa outra vida é o aqui, agora, não há outra vida, afinal.

Quer dizer, ainda não alcançamos esse conhecimento, mas uma certeza que tenho é que não quero esperar por uma outra vida, não temos esse privilégio. Nossa vida é aqui, o agora, é tudo que temos, cada segundo é um tempinho a menos nesta vida. Eu prefiro não pensar nos amores que deixamos para trás nessa vida, prefiro a música de Jorge Vercillo que diz:
Não se prenda A sentimentos antigos, Tudo que se foi vivido Me preparou pra você
Não se ofenda Com meus amores de antes Todos tornaram-se ponte Pra que eu chegasse a você
Com isso, caros leitores e leitoras, vos digo que não há outra certeza na vida do que o agora, é tudo que temos. Às vezes, sequer existe um amanhã. Só temos o hoje. Então, vivam, morram, mesmo que em pedacinhos todos os dias, mas lembrem-se de colar cada parte dessa que se desprendeu, pois isso irá te acompanhar para o resto da vida. Ame cada um dos seus pedaços, eles irão preparar vocês para os seus novos amores - que ainda surgirão.

Uau!
Bom diaaa! Muito intenso!
Parabéns pelo texto, magnífico !!
Há muita verdade em tudo que relatou !!
Adorei !