Os lacinhos e tiaras ficarão para trás
Bruna Torres – Jornalista e Escritora @autorabrunatorres Não tem nada mais impactante do que a rotina, mesmo que para algumas pessoas ela pareça apenas isso “mais do mesmo”, no entanto, é no cotidiano que vemos as mudanças mais singelas da vida.

Bruna Torres - Jornalista e Escritora @autorabrunatorres
Não tem nada mais impactante do que a rotina, mesmo que para algumas pessoas ela pareça apenas isso “mais do mesmo”, no entanto, é no cotidiano que vemos as mudanças mais singelas da vida.
Dia desses, levei minha filha a uma consulta de rotina e, em seguida, levei-a ao Posto de Saúde para tomar vacinas. Ao chegar a unidade de saúde, observei uma mãe e um bebê vestido de rosa, de tiara com lacinho...

Parecia que eu havia voltado no tempo.
Naquele momento, pareceu que fiz uma viagem longa, uma saudade por algo que não volta, o tempo não para, está em constante mudança. Lógico, o primeiro ano da minha filha foi o mais desafiador em todos os sentidos possíveis. A maternidade virou meu mundo de cabeça para baixo e assim como ela, eu também estou em fases de desenvolvimento, como mulher, como mãe, com as múltiplas facetas de quem sou e, também, das facetas que ela se tornará um dia.
Mas naquele momento, quando vi aquele pequeno bebê, no colo de sua mãe, pensei de forma instantânea:

"-Será que aproveitei bastante o momento único de ter um bebê, além das dores, dos processos, da reconstrução"…
Esse pensamento me pegou de jeito e trouxe inúmeras dúvidas, das quais eu sequer tenho as respostas. Lembro de cada fase, das primeiras palavras, do colo que sempre oferecia, das transições do corpinho molinho, dos olhinhos tão miúdos e do cabelinho ralo, que hoje são lindos cachinhos loiros.
E ainda, o balbuciar típico de bebês se transformou em palavras:
"- Mãe, mamãe, papai, vovó, vovô, titia, maçã, au-au, ‘moan’ (quando ela quer se referir ao seu – atual –, desenho favorito, a animação Moana).
Hoje, o meu pequeno bebê me fez sair aos risos do consultório após eu falar:
“- Filha, dá tchau para o médico”.
E ela zangada, se recusou com o dedinho em negativa, de um lado para o outro, quando saímos da sala do consultório. Eu ri. Contei essa história aos meus colegas, na redação do jornal. Rimos bastante com esse fato.
Isso me lembra novamente o quão tudo pode ser constante e os momentos, assim como nós, somos apenas passageiros, mas as nossas memórias ficarão para sempre.