Os Beatles e os arapongas
Alex Medeiros – Jornalista e Escritor (@alexmedeiros1959) – Texto publicado na Tribuna do Norte Em fevereiro de 1964 os quatro garotos de Liverpool iniciaram a conquista da América, com apresentações em Washington e Nova York e se exibindo na mais poderosa vitrine do show bizz daqueles anos, o programa de TV “Ed Sullivan Show”, na […].

Alex Medeiros - Jornalista e Escritor (@alexmedeiros1959) - Texto publicado na Tribuna do Norte
Em fevereiro de 1964 os quatro garotos de Liverpool iniciaram a conquista da América, com apresentações em Washington e Nova York e se exibindo na mais poderosa vitrine do show bizz daqueles anos, o programa de TV “Ed Sullivan Show”, na televisão CBS.
Naquele inverno, John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr começaram a atrair as atenções do planeta. E o governo britânico, então, decidiu monitorar os passos dos seus prodígios musicais em vias de virarem um furacão pop a sacudir os jovens de todo o mundo.

Agentes da Scotland Yard, funcionários do Tesouro, policiais disfarçados e até diplomatas entram na operação de acompanhar passo a passo a trajetória dos Fab Four. As embaixadas viraram centrais da arapongagem de Londres.
Em 2003, ou 40 anos depois, muitos documentos e correspondências que estavam esquecidos nos arquivos do Banco da Inglaterra e nos fichários da Polícia foram abertos ao público revelando os anos daquela espionagem.
Tinha de tudo. Coisas grandes, pequenas, fatos bobos, episódios complicados, um emaranhado de acontecimentos envolvendo os Beatles, entre 1964 e 1971. A papelada foi resgatada num trabalho de pesquisa de um fã da banda.
O princípio da pesquisa foi uma reportagem no tabloide Daily Express, sobre a primeira visita do quarteto aos EUA, onde dizia que numa festa na embaixada inglesa nos EUA uma fã teria cortado uma madeixa dos cabelos de Ringo.

Os Beatles reclamaram e Londres pediu um relatório à embaixada e a partir daí se iniciou um verdadeiro esquema de acompanhamento e proteção da banda, que atingiu níveis de exagero e até mesmo com invasão de privacidade.
Tem uma falsa entrevista do grupo na primeira viagem à América, conversas sobre compra de uma ilha no Mar Egeu em 1967, apreensão de drogas com Lennon, em 1968 e confusões policiais em exposição erótica de Yoko em 1970.
Um dos documentos mais expressivos era um relatório dos desentendimentos dos quatro em 1971 e a primeira cópia de uma carta de Paul sobre a dissolução da banda, colocando a questão para cada um dos outros três.
Outro importante documento é sobre o verão de 1966, quando os Beatles desembarcam em Tóquio na turnê asiática. Lá a segurança virou interesse do reino. Um documento do governo diz: “Eles devem ser protegidos dos fãs”.

A arapongagem real não deixou escapar nada. A prisão de John e Yoko por porte de maconha em Londres, a apreensão das gravuras obscenas do casal e outras besteiras que feriam a moral careta da Inglaterra. A histórica travessia dos Beatles em fevereiro de 64 nunca para de revelar mistérios.
Por isso os fãs seguem repetindo “Beatles Forever”.
