Reconhecido por seu talento e a fecundidade de sua arte feita de qualidade e exigência notáveis, João Maria Alves é autor de um conjunto de fotografias que flagram uma construção icônica erguida sobre o alto da Serra da Tapuia, em Sítio Novo.

De Franklin Jorge

Compulsoriamente aposentado da Marinha, após ter visões que o instruíam a construir sobre montes sete castelos tirados de sua imaginação, Zé dos Montes dedicou os últimos anos de sua vida a erguer no alto da Serra da tapuia, em Sítio Novo, no Seridó Potiguar, o mais belo e misterioso de seus castelos com uma centena de torres que apontam o céu. Há castelos construidos por ele nos estados de Pernambuco, Bahia, Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte, sua admirável obra-prima.

Tudo teria começado ainda nos anos de 1950, quando ele construiu nas Quintas, bairro muito antigo de Natal que se fez conhecido por suas chácaras e lavadeiras, imortalizadas em célebre soneto de Palmira Wanderley que as descreve, na aurora matinal, descalças, pisando a fria erva orvalhada dos caminhos em direção ao rio que desapareceu.

João Maria Alves, notável fotógrafo nascido e criado nas Quintas realizou a façanha de imortalizar o deslumbrante castelo que coroa a obra de Zé dos Montes, construir visionário que no curso de sua longa vida transformou sonhos em realidade, movido por um impulso misterioso,  referto de sortilégios.

Quando Diretor da Sala Natal, de 2015 a 2017, intentei promover uma mostra reunindo o conjunto de fotografias produzidas por João Maria Alves, embalado pelo sonho de dar visibilidade a uma obra de mérito e ao mesmo tempo, através de sua divulgação, estimular o turismo regional na região do Seridó, certo de que o castelo constituiria um exuberante atrativo. A exposição culminaria com a publicação de um livro de capa dura, editorialmente requintado, que documentasse esse tour de force de João Maria Alves, fotógrafo dotado de um olho pensante.